Fiz muitos posts sobre a novela Nos Tempos do imperador (2021-2022), que prometia bastante, mas entregou quase nada, além de produzir um grande escândalo, pois o diretor foi acusado de agir de forma racista nos bastidores da obra e a emissora de fechar os olhos sobre o que estava acontecendo. Ontem, a coluna da Mônica Bergamo noticiou que a Globo foi condenada a pagar R$ 500 mil a atriz Roberta Rodrigues por assédio moral e racismo em gravações de novela. Para os padrões brasileiros, é uma indenização e tanto. A atriz pedia 10 milhões. Não sei se as outras atrizes que denunciaram entraram com ações semelhantes.
Segundo a matéria, "A juíza Aline Gomes Siqueira, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, entendeu que o ambiente de trabalho foi marcado por práticas de assédio moral e racismo institucional durante as gravações do folhetim.". Seria ótimo se todos os juízes fossem tão duros com questões como essa, pois certamente as empresas seriam muito mais cuidadosas em oferecer um ambiente de trabalho saudável e em impedir que crimes fossem cometidos por seus funcionários em posição de poder.
A emissora nega e, obviamente, vai recorrer, mas, na época, a Globo demitiu o diretor Vinicius Coimbra, sob acusação de assédio moral, que tem peso muito menor do que racismo, que, a rigor, é crime inafiançável. A matéria cita que, quando houve um episódio de racismo reverso na novela, algo que gerou o primeiro grande escândalo da trama, o diretor teria convocado SOMENTE os atores negros e dito "Assim como você tem a tropa de choque do movimento negro, a [escritora e filósofa] Djamila [Ribeiro], o [comunicador e influenciador] AD Junior, você também tem a tropa de choque do movimento branco, entendeu? Que também vão, a qualquer deslize de vocês, vão deslegitimar as reivindicações, os discursos". A conversa à portas fechadas foi gravada por um dos presentes. Espero que o recurso seja negado e a indenização ampliada.
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