Eugenia, no século XIX, era a ciência que tinha como objetivo melhorar a humanidade, ou, como era mais comum à época, "a raça". As práticas eugênicas poderiam ser de vários tipos. No Brasil, houve o estímulo ao branqueamento da população através da migração de europeus brancos, o estímulo de casamentos que pudessem melhorar a "raça" brasileira, eliminando a herança negra, principalmente. Já na Era Vargas, houve a associação da boa alimentação, cuidado com a saúde e exercícios físicos à possibilidade de "melhorar" a população brasileira.
Em outros países, a esterilização compulsória de elementos indesejáveis da população, a separação entre "raças" (Apartheid) e mesmo o extermínio de segmentos indesejáveis de uma população foram o caminho. Eugenia e raça não são mais termos científicos desde pelo menos o pós 2ª Guerra, afinal, o Holocausto foi todo baseado em teorias eugênicas. Todos somos membros da mesma espécie humana e não existem raças, mas existe, claro, racismo, a partir do momento em que atribuímos sentidos à características fenotípicas (*externas*) mais comuns em um grupo.
O fato da eugenia não ser mais ciência, em alguns países, e estou falando especificamente do Japão, práticas eugênicas persistirem. No Japão, segundo matéria da NHK, a "lei permitia que procedimentos de esterilização e aborto fossem realizados em pessoas com deficiências mentais ou intelectuais ou outras condições. Ela esteve em vigor por 48 anos até ser revogada em 1996." Sim, 1996. Em História, isso é hoje de manhã.
Em julho de 2024, a Suprema Corte do país estabeleceram que as disposições da lei sobre cirurgia eugênica eram inconstitucionais. Esta decisão é resultado de uma série de ações de cidadãos e famílias vítimas das ações eugênicas. Um dos casos mais famosos é de uma mulher que foi esterilizada aos 15 anos na década de 1970. Ela foi considerada elegível à esterilização por ter lábio leporino e, supostamente, ter desenvolvido transtornos mentais por causa do tratamento de correção. A partir dessa edição, a Dieta (*o parlamento*) aprovou uma lei que dá direito às vítimas, seus cônjuges e parentes o direito à indenização. Ele prevê 15 milhões de ienes para as vítimas de esterilização forçada e 5 milhões para os cônjuges e 2 milhões para mulheres submetidas a abortos forçados (!!!).
A Agência para Crianças e Famílias estima que "(...) cerca de de 25.000 pessoas são elegíveis para compensação como vítimas de esterilização forçada ou seus parentes enlutados, cerca de 7.600 se qualificam como cônjuges das vítimas ou seus parentes enlutados, e cerca de 15.000 devem receber indenização como vítimas de abortos forçados." Caberá às prefeituras cadastrar as pessoas elegíveis à indenização.
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