O Comic Natalie deu destaque ao lançamento do primeiro volume do mangá Gokudou Kyun Koi (極道きゅん戀), de Risa Matsushita, que parece ser uma comédia romântica (*talvez, seja TL*) sobre uma roteirista de doramas em crise que precisa de um sucesso urgente. Ela quer fazer um roteiro centrado na Yakuza e decide entrevistar um mafioso. No processo, ela acaba descobrindo, que o sujeito é um grande fã de suas séries antigas e os dois acabam se envolvendo. Esse é, em linhas gerais, o resumo do CN, mas eu não achei o registro da série no Bakaupdates.
Indo atrás pelo nome da autora, tropecei em outra de suas séries, Hankei 150 Meters no Ai (半径150メートルの愛). Achei três dos quinze capítulos no Bato.to e, bem, fazia tempo que eu não lia um mangá tão triste, a ponto de deixar a gente deprimida, sabe? Ele é descrito como "mature" e imaginei que poderia ser um Tl, talvez, mas, se fosse, estaria "smut" na tag. O "mature", significando "adulto", se justifica plenamente, pois o drama da protagonista é muito realista e cruel. Segue o resumo, depois eu volto:
"Eu vendo amor dentro de uma gaiola de 150 metros." Mayu é uma jovem mãe divorciada de 29 anos. Ela passa os dias ganhando dinheiro se encontrando com homens, a única regra do negócio é que se pode fazer de tudo, menos ter um intercurso completo. Mayu um dia foi feliz em sua vida de casada, mas a doença repentina de seu filho recém-nascido faz com que o marido passe a agredi-la fisicamente, desprezá-la, culminando com um flagrante de traição e o divórcio. O marido se divorcia de Mayu e do filho. Ele não dá pensão, nem a ajuda a pagar as despesas médicas.
Mayu não tem profissão, os empregos de tempo parcial que consegue não pagam as despesas médicas e ela precisa aceitar uma ocupação que faz com que sinta nojo de si mesma. Com um corpo e alma esfarrapados, Mayu luta desesperadamente para sustentar seu filho, que é sua única família. Ela continua a fazer o seu melhor esperando pela chance de escapar dos limites de sua gaiola. No entanto, ela deve enfrentar as realidades cruéis que o destino tinha reservado para ela.
Hankei 150 Meters no Ai é uma série que retrata uma realidade que deve ser a de muitas mulheres. Mayu não escolheu a prostituição. Ela simplesmente está sozinha e sem apoio. A cada dia, ela pensa que faz o que faz para que seu filho possa se curar. O quadro do menininho entubado no hospital aparece em vários momentos dos míseros capítulos disponíveis. Mayu se vê obrigada a fazer vários programas por dia, às vezes, é obrigada a aparecer em material pornográfico produzido pelos seus chefes mantendo relações sexuais com outras mulheres. Seu rosto não é mostrado, mas ela se sente suja e humilhada.
Nem sempre os acordos são cumpridos. Há clientes que forçam Mayu a ter uma relação sexual completa. Quando termina seus encontros agendados, não raro seus chefes lhe pedem que faça um programa a mais. Ela pensa no filho e se submete. Há pelo menos um incidente em que ela é atacada por um cliente stalker e quase violentada em um beco escuro. Só há outra personagem importante na trama até o momento, Ren. Ele é sócio do negócio, ou um dos empregados mais importantes. Ele é responsável por fazer o book das garotas. Apesar de parecer gentil e preocupado com Mayu, ele não tem nenhum escrúpulo em obrigá-la a fazer mais dinheiro para a empresa.
Enfim, quando termina o terceiro capítulo, Mayu está na plataforma do trem imaginando que, talvez, a morte seja o melhor caminho, a única possibilidade de colocar fim a sua dor. Sei que não vai pular, mas não tenho ideia do que acontece. Se vai aparecer alguém que a possa salvar e ajudar, se ela desiste ao pensar no filho doente. Fiquei realmente curiosa em saber como essa história se encaminha e seria bom se Mayu conseguisse se libertar da sua gaiola.
Analisando o traço da autora, ele funciona, mas não é bonito, lembra muito os primeiros mangás josei que eu li. Não é bonito, mas é funcional. Pelo que eu vi, a autora começou no BL e passou a fazer, também, mangás josei. A série foi publicada na revista digital Cherish.
No fim das contas, o que importa é que a mensagem é passada, é possível sentir todo o desespero e humilhação da personagem e refletir sobre a sua situação. Em primeiro lugar, temos a facilidade com que homens abandonam suas crianças, acontece aqui, acontece no Japão e em outros países. Em segundo lugar, a falta de suporte legal às mães e seus filhos em muitos países. Situações de abandono de mulheres e crianças em mangás são comuns. Não sei como funciona o sistema de pensões para ex-esposas e filhos. E, por último, há um retrato sincero da prostituição, sem uma glamorização que não protege ou ajuda as mulheres e que só serve para dar conforto e segurança aos exploradores de mulheres, sejam os cafetões ou os clientes. Espero que mais capítulos sejam traduzidos, ou eu os encontre por aí em outros sites.
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