Esse texto era para ter saído anteontem, mas acabei tendo outras coisas para fazer. Enfim, um ator ou atriz é premiado pela sua atuação. No Oscar, a categoria de melhor ator e atriz são sempre extremamente disputadas e nem sempre justas, mas não é a minha discussão aqui. No dia 18, foi revelado que Adrien Brody, para muitos o favorito ao prêmio de melhor ator, teve seu sotaque húngaro melhorado por inteligência artificial, o mesmo foi feito com Felicity Jones, mas ela não é cotada para indicação por atriz coadjuvante Foi exatamente esse sotaque perfeito que chamava mais a atenção no desempenho do ator, porque vale a brincadeira de que somente os húngaros sabem húngaro. Havia muita gente dando como certo que ele levaria seu segundo Oscar, porque ele recebeu o prêmio de melhor ator por O Pianista, em 2002.
Quando postei sobre isso no Facebook, alguém me avisou de que não foi somente Brody que teve sua atuação melhorada, mas que a Inteligência Artificial foi usada, também, em Emília Perez para afinar a voz de Karla Sofía Gascón. Vou citar o trecho da entrevista do técnico de som Cyril Holtz:
"A gente usou, para ser mais preciso, uma tecnologia de clonagem de voz por machine learning. Essa escolha foi feita muito, muito cedo, no início das filmagens. (...) Havia partes muito difíceis, principalmente porque ela já havia feito a transição e alguns registros vocais não estavam mais acessíveis. Além disso, a personagem passa por uma transição de gênero, o que tornava tudo ainda mais desafiador. Mesmo adaptando as melodias e a tessitura, era muito difícil para ela. (...) Obviamente, esperávamos que ela pudesse cantar tudo sozinha, mas precisávamos encontrar uma solução alternativa caso não fosse possível. A dublagem era uma opção, mas a rejeitamos por alguns motivos que já mencionei antes: queríamos manter o mesmo timbre de voz o tempo todo e evitar que isso fosse perceptível. (...)"
Vamos por partes nesse caso, gente dublada em musical é coisa comum, mesmo em filmes super premiados. Aconteceu em Amor, Sublime Amor (1961), My Fair Lady (1964), Camelot (1967) etc. Ninguém perdeu Oscar por causa disso, muito pelo contrário, mas não por atuação. Este é o meu ponto. Essa questão descrita por Holtz traz uma outra questão, essa ligada especificamente ao caso da atriz. Ela passou por transição, ela interpreta a personagem antes e depois, ela canta, ao que parece, nesses dois momentos. É um desafio e tanto, mas a tecnologia deu uma mãozinha. Não seria melhor deixar ao natural? Usar dublagem? Será que usaram comente com a Karla Sofía Gascón MESMO? E o programa usado em ambos os filmes foi o Respeecher, que é de uma empresa ucraniana.
E vou deixar o vídeo do Dalenogare Críticas, no qual ele coloca que os musicais usam programas para melhorar o desempenho dos atores faz muito tempo e ninguém em Hollywood fala do assunto. O problema é quando isso se torna público e, no caso de O Brutalista, não é musical e ainda houve uso de IA para criar outras coisas no filme e não ter que contratar artistas para fazer as ilustrações. Tem cabimento isso? E concordo com ele, se premiarem O Brutalista, vai ser um liberou geral, porque, enfim, Hollywood está referendando a coisa. No caso da interpretação, como meu marido falou quando comentei com ele, é como usar doping.
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