Entrei no Bato.to e o mangá Toki wo Kakeru Sexless (時をかけるセックスレス) ou Leaping Through Time to Save a Sexless Marriage de Tetsuko Umiyama, estava na página principal. Não sei se foi carregado de uma vez só, são 36 capítulos curtos, ou 12, segundo o Bakaupdates, o compilado deve ter um volume só, eu acredito. O mangá é josei, não é TL, pode ser lido em qualquer lugar e não há nada de explícito nele. Vou deixar o resumo e sigo comentando:
Em seu terceiro ano de casamento, Asuka Kohinata (32) está lutando com um casamento sem sexo. O casal estava perdidamente apaixonado um pelo outro quando se casaram, mas agora seu marido a rejeita, não importa quantas vezes ela tente iniciar. "Estou cansada de ser rejeitada..." "Como podemos voltar a ser um casal feliz...?" Lutando para fazer as coisas funcionarem com seu marido, Asuka um dia obtém o poder de viajar de volta no tempo. Asuka pode saltar no tempo para salvar seu casamento sem sexo?
Asuka é bonita, tem um bom emprego, faz parte de uma equipe de marketing em uma boa empresa. Tem amigas, um chefe maravilhoso (*guardem essa informação*) e uma irmã que sempre a apoia. O marido, Yuta, também tem um bom emprego, mas, desde que foi promovido, ele arruma várias desculpas para não ter qualquer intimidade com a esposa. Ele a chama de relaxada e diz que ela não cuida bem da casa, ele simplesmente se nega a fazer sexo, diz que não sente vontade. No fim das contas, ele acaba com a autoestima da protagonista.
De fato, a casa é bagunçada, mas ambos trabalham fora e as coisas largadas pela sala são DELE, não, dela. Asuka está deprimida, ela não tem amor, ela não tem sexo, e os pais do marido ainda pressionam para que eles tenham filhos. O marido, que acredito ser filho único, parece não ter um bom relacionamento com os pais, ainda que a mãe pareça amá-lo muito.
Asuka vê uma propaganda de afrodisíaco e compra o tal produto. Trata-se de uma bebida que a faz voltar no tempo. Seria isso mesmo? Não seria um sonho ou alucinação? Asuka começa a viajar para o passado tentando corrigir problemas. Ela consegue mais tempo para arrumar SOZINHA a casa. Ela tenta mimar o marido. Só que ela começa a desconfiar que é traída e a cada garrafinha, ela vai voltando e mexendo nos acontecimentos.
O problema é que essas idas e vindas parecem cobrar um preço da saúde da protagonista e ela começa a se desesperar, afinal, ela ama o (*TRASTE do*) marido e quer salvar o seu casamento. No fim das contas, ela acaba descobrindo o "segredo" de Yuta, o perdoa, se sente corresponsável pelo drama dele, e, a julgar pelo final, os dois conseguem retomar o seu casamento feliz, ou seja lá o que é aquilo.
Eu li o primeiro o segundo capítulo, fiquei com uma raiva atroz do marido, e pulei para o último. Não resisti. A série é curta, na verdade, parece corrida, como se a autora tivesse recebido um prazo para encerrar a história. Ela renderia mais, talvez, pudesse ser melhor. O traço é bom e funciona muito bem em uma dramédia. Fiquei com pena de Asuka, porque, efetivamente, a autora parece conduzir a trama para responsabilizá-la pelo fracasso do seu casamento.
O marido tem muitos problemas, ele trouxe esse passado nebuloso para o casamento. A forma como ele se comporta com ela nada tem a ver com qualquer coisa que ela tenha feito, ou deixado de fazer. O problema, o grande problema, é que a autora não problematiza nada disso. E eu fico com um gosto amargo na boca.
Há uma discussão sobre o excesso de trabalho e como alguns homens acabam deixando suas esposas em segundo plano. Esse ponto de vista, que é uma crítica social, vem com o chefe. Em um dado momento da história, ele diz para Asuka, que acaba deixando seus problemas escaparem, que ele um dia já foi como o marido dela. Ele foi promovido, ele vivia para o trabalho, a esposa queria ter filhos e ele disse que ela deveria esperar. Ela cansou, pediu o divórcio e se casou de novo.
Ele é divorciado, ele é super gentil com Asuka, as colegas de trabalho, sabendo do drama que ela vive, tentam empurrar um romance entre eles. A própria irmã da protagonista chega a dizer que ela deveria largar o marido e encarar o chefe como uma possibilidade. Ele chega a dizer para ela, de forma corrida, porque tudo é corrido nesse mangá, que ele não cometeria de novo o mesmo erro da sua juventude. A graça é que o chefe não parece mais velho que Asuka ou seu marido.
Enfim, o mangá me prendeu, em alguns momentos não sabemos se a protagonista está sonhando ou realmente viajando no tempo, há, também, o mistério sobre o segredo do marido, mas eu me irritei muito, porque, no fim das contas, foi a reafirmação do dispositivo amoroso, com Asuka se ajustando, aceitando tudo, compreendendo tudo, para que Yuta fosse feliz e, claro, pudesse voltar a amá-la. Não sei se recomendo, mas a leitura não foi ruim. Não foi mesmo. Se você quiser saber o segredo de Yuta, siga lendo a partir daqui por sua conta e risco. (SPOILERS a seguir)
Está claro para mim que esse mangá deveria ser mais longo, foi encurtado por algum motivo e isso roubou dele algum sentido, o resultado final foi apressado. O segredo de Yuta é que ele era cross-dresser. Há uma cena na qual Asuka dá por falta de um batom e não entende onde o deixou, em outra, ela encontra um brinco de pressão no bolso do marido. Realmente havia uma colega de trabalho mais jovem o assediando, mas ele não traiu Asuka com ela. A moça sabia o segredo dele e usava esse conhecimento para criar uma certa intimidade com ele.
Já para o final, em uma das digressões de Yuta, ele sente recrimina por não dar atenção para Asuka e que não faz sexo com ela por se sentir culpado. Seu hobby durava seis meses, exatamente o tempo que em que ele negava atenção para a esposa. Mas ele só começa a se culpar, porque Asuka, depois de se desdobrar para ser a dona de casa e esposa ideal, decide sair de casa e ir pedir abrigo para a irmã, isso depois de ser fria com ele por vários dias.
Eu gostaria de entender mais o marido, está claro que ele foi reprimido quando criança. Em um dos saltos temporais, Asuka vê Yuta quando criança, ele estava brincando com a maquiagem da mãe, o pai o surpreende e o espanca. É uma cena muito violenta, mas não há desenvolvimento, não sabemos o que Yuta passou para se ajustar às expectativas do pai e da sociedade.
Dito isso, a mocinha deveria ter seguido em frente. Ele tinha tantos problemas que não conseguia amá-la. O marido foi injusto com ela em vários momentos, mentiu, o chefe dela foi todo legal e solidário, a irmã foi maravilhosa, mas no final, a protagonista feminina menosprezou a si mesma e seus sentimentos para ficar com ele. Ela merecia algo melhor.
0 pessoas comentaram:
Postar um comentário