quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Comentando Between Seasons: Não sei se estou recomendando esse Manhwa, mas como estou lendo...

Tropecei nesse quadrinho coreano no Bato.to, não me decidi se é bom, mas ele jogou algumas questões que realmente são interessantes.  Não sou entendida em Coreia do Sul, sei coisas por cima.  Não tenho interesse em me aprofundar, também, que fique claro, mas, eventualmente, eu pego alguma coisa para ler.  Vou colocar o resumo que está no site e vou comentar depois:

"Noite após noite, uma mulher misteriosa atravessa os sonhos de Yoongun. Então, quando ele a vê em carne e osso, ele cria um plano intrincado para atraí-la para seus braços, determinado a dar vida às suas fantasias subconscientes. Em uma reviravolta do destino, Kyu-young está procurando uma maneira de cuidar de seu coração partido quando Yoongun faz sua entrada oportuna. Aproveitando a oportunidade, Yoongun propõe uma solução tentadora para a dor de Kyu-young. Ele sugere se tornar seu rebote, uma ferramenta de vingança contra seu ex-noivo infiel. Seduzido por essa oferta irresistível, a vida de Kyu-young toma um rumo inesperado. Ele será seu destruidor involuntário ou um salvador inesperado?"

Estou no capítulo 17, li tudo de enfiada, já existem 60 disponíveis em inglês. A série já está encerrada, mas nem todos os capítulos estão disponíveis para leitura.  O roteiro é de Min Hyeyoon e Nacho, já a arte é de Gyungta. Não é material censura livre, então é +18/NSFW, ele já abre com um prólogo bem explícito até.  Sinceramente?  A parte sexual da história não é o motivo para comentar, aliás, nada aconteceu entre o mocinho e a mocinha até agora.  É tudo na cabeça do sujeito.  No início, acreditei se tratar de um sociopata, mas é uma história desagradavelmente complicada, drama de escritório, disputa de grandes corporações, e um monte de relacionamentos familiares doentios.  Vou falar da mocinha.

Kyu-young é gerente no que parece ser uma empresa de tecnologia.  Ela é bonita, ela é competente, a ponto de despertar o ciúme de seu supervisor, um sujeito BURRO e machista que, sempre que é repreendido pelo chefe (*o mocinho, Yoongun*), se volta contra as funcionárias mulheres acusando-as de terem privilégios.  O cara não as acusa de nada sexual com o sujeito, ele as acusa de serem beneficiadas pelo sistema.  Já postei matérias sobre como os movimentos masculinistas, que são baseados em misoginia e recalque, ganharam força na Coreia do Sul.  Este é um ponto importante da história.

Kyu-young, no entanto, tem um problema, ela está noiva de um sujeito que não ama por ser chantageada pelo pai.  Ela nunca teve uma família feliz, os pais se divorciaram e ela, criança, ficou morando com o pai.  O sujeito levava mulheres para dentro de casa e, quando a ex-esposa adoeceu (*e não sei se ela morreu*), ele emprestou dinheiro para as despesas, mas cobra a conta da filha.  Ela ficou noiva do sujeito que o pai escolheu (*todo mundo parece ser rico nessa história*) para agradá-lo.

O noivo, no entanto, parece gentil, é bonito, elegante, e nossa mocinha sonha em conseguir criar um ambiente familiar diferente daquele em que cresceu.  Ela tem essa necessidade, ou essa fragilidade.  Só que o sujeito fica cobrando dela uma atenção que ela, uma alta funcionária de uma empresa importante, não pode dar.  O sujeito não se importa muito (*ao que parece*) com sua carreira.  A profissão dele é herdeiro.  

Um dia, no aniversário do cara, Kyu-young é dispensada pelo chefe de fazer hora extra e chega de surpresa cheia de presentes e comidas gostosas no apartamento do noivo.  Encontra o cara na cama com outra mulher e não é uma desconhecida, é uma de suas melhores amigas.  Ela trabalha na mesma empresa e tinha até lhe dado um lanchinho no dia do em que ela pegou os dois na cama, já que Kyu-young ia fazer hora extra.  

A mocinha não se faz de rogada, acaba com o relacionamento, joga a aliança fora, pega suas coisas e vai embora pra casa.  Ela sofre, ela chora, mas tenta tocar a vida.  Ela tem uma melhor amiga que é irmã de criação do chefe (Yoongun), e é sua confidente.  Ela frequentou a casa deles durante todo o colegial, mas Yoongun não parece lembrar dela.  Ele vivia trancado no quarto estudando.  Sim, ele viu a mocinha tomando banho uma vez por acidente, mas ele apagou a identidade dela da cabeça,  Kyu-young é a mulher com quem ele sonha FAZ DEZ ANOS.  Já explico o problema dele.

Depois do rompimento, o ex-noivo de Kyu-young vem atrás dela suplicando para voltar.  Ele se humilha, ameaça, diz que suas famílias jamais vão aceitar a separação, joga a culpa na amante, que o teria seduzido.  Por fim, enfurecido, a acusa de ser a culpada da traição, afinal, ela só pensa no trabalho.  Em um desses encontros, ele tenta bater nela, mas ela o ameaça e escapa, mas, em outra ocasião, ele a pega pelo braço e a empurra na calçada.  Ela se machuca e quem aparece é Yoongun que dá umas pancadas no sujeito e cuida dos machucados dela.  Inclusive, carregando-a no colo, porque é o mais lógico a fazer.  

Yoongun leva a mocinha para a casa dele, os dois ficam sozinhos, depois dela tomar banho (*ele a espiona*) e vestir as roupas dele, o mocinho cuida de seus ferimentos.  Terminados os curativos, ele aponta o quarto de hóspedes e diz que precisa sair, porque não consegue ficar no mesmo lugar que ela.  A mocinha fica perplexa.  Ele se retira e vai fazer exatamente o que você está imaginando, mas bem longe dela.

Antes de passar para o mocinho, Kyu-young conseguiu (*aparentemente*) que o pai aceitasse o rompimento do noivado.  Isso depois de ter que marcar uma reunião de poucos minutos com ele através da secretária do sujeito.  Ela diz que vai pagar a dívida, mas que casar com o traste não casa.  Só que exigem dela que ela vá falar com ex-futuro sogro.  Ela já tinha recebido um telefonema, da ex-futura sogra dizendo que ela não valia nada, porque o ex-noivo estava fazendo um favor em casar com a filha de um casal divorciado.  Muito bem, a mocinha foi até a empresa do ex-sogro e é atacada na entrada pela ex-sogra que não aceita que ela tenha rompido com seu filho perfeito.  Parei de ler aí .  Vamos para o mocinho.

Yoongun é um sujeito de currículo impecável, tinha uma carreira nos Estados Unidos, mas voltou para a Coreia do Sul para assumir um cargo na tal corporação onde a mocinha trabalha.  Ele é bonito (*e a desenhista é muito boa*) e se veste impecavelmente depois que foi denunciado (*é a fofoca do escritório*), por não se vestir de forma adequada para um executivo.  Ele sempre vestia jeans, tênis, e uma camisa informal.  Segundo consta, quem o denunciou foi o sujeito burro e machista lá do início do texto.  Quem meio que seleciona as roupas dele é a irmã, melhor amiga da mocinha.  E ele fica lindo, claro!

Todos no escritório têm medo dele.  O sujeito parece insensível, conseguiu uma sala em separado para não se misturar com o resto da equipe.  Faz reuniões de 10, 15 minutos, no máximo, nunca grita, nunca xinga ninguém, mas tudo o que diz corta na alma.  Ele só sabe o nome das mulheres da equipe, ignora o nome dos homens e eles se sentem ressentidos.  Além disso, o máximo de elogio que ele faz é dizer que o trabalho "não está mal".  No escritório, ele me lembra um vulcano.

Cedo na história ficamos sabendo que ele espiona todo mundo, por isso a sala em separado.  Instalou dispositivos espiões nos celulares de várias pessoas da equipe.  Na verdade, o alvo principal dele é o noivo da mocinha, que está vendendo informações confidenciais para empresas estrangeiras.  Yoongun precisa conseguir as provas que incriminem o sujeito e o pai dele, que estão envolvidos em uma disputa com a família da mãe do mocinho.  Ele não tem o mesmo sobrenome da mãe, ele praticamente não conviveu com ela, ela foi criado pelo pai e pela madrasta.

A coisa doida da história é que ele está sendo chantageado pela mãe.  Ela investiu na empresa que ele criou nos Estados Unidos e ele tem uma dívida com ela.  O investimento, ao que parece, foi feito por laranjas, porque ele não quer conversa com a mãe.  Só que a mulher, que é uma grande executiva, quer que ele seja o sucessor do tal conglomerado da família.  Ele não quer, a barganha é que se ele conseguir as provas da espionagem, se ele conseguir acabar com o pai do ex-noivo da mocinha e suas chances de tomar a presidência da empresa, ele estará livre.

Viram que não falei praticamente nada da relação dele com Kyu-young e da tal proposta de vingança?  Pois é, até o momento, a proposta que ele faz dos dois se juntarem para acabar com o ex-noivo dela e com a (ex)amante do sujeito até veio, mas não fez sentido.  O fato é que Yoongun armou para que ela pegasse o noivo com a outra; depois, ele colocou a sujeita para trabalhar na equipe da mocinha e assumir um projeto criado por ela.  A amiga traidora está se sentindo, ela se comporta meio como a Sae de Peach Girl e, ao que parece, acredita que pode seduzir o chefe.  

Kyu-young não entende o que ele está fazendo e conta para geral que ele é filho da dona da empresa.  Coisa que ninguém sabia.  Na verdade, isso foi depois dele ter contado do término do noivado dela para TODA a equipe.  O fato é que ter que conviver com a ex-amiga é um tormento e a mocinha deseja pedir demissão.  É então que vem a proposta esquisita.

No momento em que estamos, a relação dos dois não andou para lugar nenhum.  Kyu-young se sente atraído por Yoongun, especialmente, depois que ele e a irmã a levaram para o hospital quando ela adoece.  Só que ele é MUITO estranho, já ele, deseja um relacionamento com ela para ajudar na sua investigação.  Ele quer usá-la, só que a memória dele destrava e ele descobre que a mulher que atormenta seus sonhos e o obriga a tomar remédios, é Kyu-young.  Esse tormento começou faz dez anos, exatamente quando ele volta dos Estados Unidos para ver a madrasta que está com câncer.  É a madrasta a pessoa que ela mais ama, que cuidou dele como um filho e, mais do que isso, o ensinou a pelo menos tentar interagir com as pessoas.  

O fato é que Yoongun sofreu um dano neurológico sério quando bebê, ele tem dificuldade em entender as emoções, ela tem limitações sérias mesmo.  Ele não é um sociopata, no fim das contas, mas não é nada estável, também.  Como isso aconteceu?  Em uma das interações com a mãe biológica, que sempre são ruins, ele pensa que ela é uma mulher nascida para mandar, para o mundo dos negócios, com uma educação impecável, mas que, para atender aos interesses da família, acabou presa em um casamento.  Ela teve um filho, ela se viu presa em casa, meio que condenada a uma vida doméstica que não queria.  Ela teve depressão pós-parto, ninguém a ajudou e ela feriu Yoongun.  

Não sei até que ponto a história vai voltar na mãe dele e discutir como uma sociedade patriarcal.  Sigo o canal de uma brasileira que mora na Coreia do Sul, é casada com um coreano, tem filhos com ele e o Youtube me sugeriu exatamente um vídeo chamado COISAS SOBRE OS COREANOS QUE NINGUÉM TE CONTA. (PENSE BEM ANTES DE CASAR).  Um dos pontos que ela toca, é como as mulheres ficam de lado depois de terem filhos, como não conseguem ajuda com as crianças.  O absurdo desse quadrinho talvez seja o fato de todo mundo ser rico, mas vai que o drama da mãe do mocinho está dialogando com essa prática cultural?

E uma das partes mais interessantes da história até o momento é a interação entre a madrasta e o enteado, como ela lhe ensinou a sentir, ou, pelo menos, ler o ambiente e reagir de forma adequada.  Antes de saber do dano neurológico, fiquei imaginando que ele pudesse ser TEA, daí, a dificuldade em interagir socialmente, até em entender que estava ferindo as pessoas, mas a coisa é, acredito, mais complicada que isso, mesmo que fantasiosa.  

Uma das cenas mais legais até o momento é quando ele volta do hospital e conversa com a irmã, na época adolescente.  Ela diz que a mãe a obrigou a voltar para casa e ir menos ao hospital, porque ela precisava estudar.  A garota pergunta se ele acha que a mãe ficará boa.  Ele simplesmente explica que, estatisticamente, ela tem muita chance de sobreviver: não é um câncer tão agressivo, ela descobriu cedo e eles têm dinheiro para pagar o melhor tratamento.  E fala isso sem a menor emoção, mas a moça fica grata, porque ele, com o seu jeito estranho, conseguiu acalmá-la.  Só que eu acredito que a mãe morreu, não tenho certeza.

Enfim, como pontuei, mocinha e mocinho ainda não estão juntos, a tal trama da espionagem e o blá-blá-blá tecnológico (*que alguém nos comentários disse que não faz sentido, mas eu não sei*) parecem meio capengas, agora a série levanta questões interessantes.  Se tirassem o excesso de sexo e focassem mais nos dramas dos protagonistas, seria bem melhor.  Não sei se continuarei lendo, mas, até o momento, manteve a minha atenção.
 
P.S.: Continuei lendo.  O mocinho tem seu problema de saúde, isso mexe com ele, claro, mas ele é manipulador e horrível com a mocinha, porque se aproveita de suas fragilidades e do fato dela estar sendo perseguida pelo ex-noivo e a mãe insana dele. Ele chega a chamar um amigo advogado (*ele também fez direito para entender o sentido das leis e seu funcionamento lógico*) e pergunta se ela não quer ligar para alguém da família.  Ela diz que não tem família.  É de cortar o coração.  E ele se aproveita para ter cada vez mais ingerência sobre a vida dela.  As cenas de sexo entre os dois, elas já começaram, tem um quê de consentimento dúbio que não me agrada.  A mocinha merecia algo melhor.

0 pessoas comentaram:

Related Posts with Thumbnails