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domingo, 17 de novembro de 2024

Kimi wa Nazotoki no Ma Cherie: Ser a primeira detetive particular do Japão não é algo fácil (mini resenha)

O Manga Mogura comentou o lançamento do volume #7 do mangá Kimi wa Nazotoki no Ma Cherie (きみは謎解きのマシェリ), de Natsumi Ito.  É uma série seinen, mas poderia ser josei, e eu não a conhecia.  Não vi quando a série foi lançada e apareceu no Comic Natalie.  A protagonista é a primeira mulher detetive particular do Japão, ela se passa nos anos 1930, às vésperas da 2ª Guerra Mundial (*para os japoneses, a guerra começou de verdade em 1937*), em uma Tokyo que luta entre ser moderna, isto é, ocidentalizada, e tradicional.  

Peguei o primeiro capítulo para ler e cada um deles parece ser um caso diferente e gostei, ainda que não tenha entendido bem a história do sapato, mas isso é um detalhe, explico já.  Vamos aos detalhes.  A protagonista da história se chama Mitsuko Hoshino, ela é uma mulher moderna, a melhor detetive de sua agência.  Hoshino se comporta de forma austera e tem perfeita consciência de que ela está sob escrutínio da opinião pública o tempo inteiro.

Quando criança, ela queria ser policial, mas, quando externou seu desejo, ela foi humilhada.  Adulta, ela tem um chefe compreensivo e que reconhece o valor que ela tem, além de dizer que as coisas vão mudar, elas já mudaram um tanto, mas que qualquer transformação social é complicada.  Ao longo das 60 páginas desse capítulo de apresentação (*scanlations aqui*), Mitsuko sofre pelo menos dois ataques machistas: mulheres estão roubando os empregos dos homens, seu lugar é em casa.

Lembro quem, nos anos 1980, li o volume sobre Japão da coleção Time Life, havia um capítulo sobre mulheres, como era difícil para elas terem uma profissão, que as famílias e a opinião pública as pressionavam a abandonar seus sonhos e mesmo salários robustos, porque ser esposa e mãe deveria ser o objetivo de sua vida.  Neste capítulo, entrevistavam uma médica idosa e ela contava como conseguiu se manter na profissão: a guerra.  

Ela se formou no início da 2ª Guerra e recebeu de presente de formatura de um tio, um enxoval de bebê: "Agora, é hora de ir para casa e começar a ter filhos.".  Ela nunca foi, o jovem marido foi para a guerra e mulheres como ela não foram pressionadas a deixar seus postos, muito pelo contrário.  Depois do conflito, ela era qualificada demais e ainda havia poucos médicos homens nos hospitais.  Ela foi ficando.  Não lembro mesmo, li adolescente, se ela teve filhos.  O mangá se passa antes da guerra e nossa protagonista tem que lidar com a sociedade e com o ciúme de colegas homens.

Enfim, o primeiro caso começa quando ela é abordada no Café Sicilia por um jovem.  Nossa protagonista fica enrubescida (*clichê!*), porque trata-se de um moço muito bonito e que fala muito bem.  Ela se pergunta se ele ainda é um garoto de colégio.  O rapaz lhe traz um capado de salto altíssimo e ornado com um diamante.  Ele foi perdido e ele quer contratá-la para encontrar sua dona.  O moço acaba ajudando nas investigações, ele se tornará assistente de Hoshino, e se chama Saku Yoshida.

Eles terminam encontrando... Posso dar um spoiler?  O dono do sapato.  Trata-se de um rapaz que é cross-dresser e melhor amigo de uma moça de um clã muito tradicional.  Ao que parece, ambas as famílias querem um casamento entre eles, mas o moço, na verdade, quer a jovem como amiga e a vê como modelo de feminilidade.  O rapaz trabalha disfarçado em um salão de dança, coisa ocidental, que acabou vindo para o Japão e, como uma nota explica, era muito popular em Tokyo antes da guerra.  O sapato foi perdido quando ele decide contar para a amiga o seu segredo.

Bem, o primeiro capítulo/caso pontuou altíssimo em discussões de gênero e na forma delicada como tratou a personagem queer.  Fora isso, o a arte é bonita e agradável.  A autora desenha suas personagens de forma elegante e tem cuidado em criar uma atmosfera de época.  

Os comentaristas do Bato.to comemoraram o fato de Saku Yoshida não ser menor de idade.  Aquela noia dos americanos... O fato é que eu duvido que deslanche um romance entre eles e a idade de Hoshino nem é dita nesse capítulo.  Ela deve estar perto dos trinta, mas é mangá, a gente nunca sabe.  Enfim, Yoshida é um universitário, fora isso, um rapaz riquíssimo e que usa usa seu status privilegiado a seu favor.  Enquanto não se forma, parece que sua família tolera que ele tenha vários empregos em tempo parcial para "conhecer o mundo".  Ele impressiona Hoshino com sua capacidade de observação, algo na linha Sherlock Holmes, e eu devo continuar lendo o mangá para ver como a dinâmica entre eles se estabelece.  É isso!

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