quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Comentando o volume #1 de Hoshifuru Oukoku no Nina: apesar dos clichês, uma série muito emocionante e simpática.

Hoshifuru Oukoku no Nina (星降る王国のニナ), ou Nina the Starry Bride, seu título internacional, é uma série de muito sucesso da mangá-ka Rikachi e terá anime estreando em 10 de outubro. Como estava devendo, sentei ontem para ler o primeiro volume e, bem, deveria ter começado antes.  A série é muito cativante e, mesmo com clichês, a gente fica torcendo pelas personagens, fora, claro, que há uma série de intrigas políticas e segredos que precisam ser elucidados.  E eu fui atrás de alguns spoilers, porque não aguentei.  🤗  E vamos para o resumo?

Estamos no reino de Fortuna (*sim, esse nome latino mesmo*) e Nina é uma órfã que vive nas ruas praticando pequenos golpes para sobreviver.  Depois de perder seus pais, ela passa a viver com dois garotos na mesma situação que ela, eles são irmãos e se chamam Saiji, o mais velho, e Colin, que ainda é um menino.  Nina, para se proteger, se veste como um garoto, usa o cabelo curto e tenta esconder seus raríssimos olhos azuis, porque eles podem atrair traficantes de escravizados.

Um dia, Colin adoece e morre.  Nina queria poder salvá-lo, mas Saiji diz que eles não têm como pagar um médico.  Em Fortuna, os nobres vivem muito bem, mas a maioria do povo é miserável.  Pouco tempo depois, quando Nina retorna para o lugar que chama de lar, há dois homens estranhos, eles a agarram e querem confirmar a cor de seus olhos.  Nina acredita que são traficantes de escravizados, de certa maneira, eles são, porque Saiji a vendeu e, a partir daquele momento, a garota não é mais dona de si.  Nina deve se tornar a princesa Alisha e cumprir o destino da jovem, casando-se com o príncipe do reino de Galgada.

Alisha tinha os mesmos olhos de Nina, os olhos da cor do deus supremo venerado em Azure.  Desde bebezinha, a garota fora mantida reclusa na ilha das sacerdotisas.  Pouca gente conhece a princesa, a maioria só lembra dos seus olhos.  Ela deveria ser ordenada sacerdotisa aos 16 anos, mas foi retirada da ilha-santuário por motivos políticos.  O reino de Galgada é uma ameaça, ele pode atacar Fortuna a qualquer momento.  Alisha seria dada como noiva-refém, agora, Nina assumirá seu lugar, porque um acidente matou a jovem.

O único que sabe do ocorrido é Azure, o terceiro príncipe.  Um jovem belíssimo e com olhos cor de um castanho dourado também raro.  Azure e seus fiéis criados terão que treinar Nina para assumir o papel de Alisha, eles têm três meses até o casamento.  Como há quem desconfie da troca, eles não podem ser descobertos pelo bem do reino.  Só que Nina, pelo menos no início, não aceita o sacrifício, não quer matar sua identidade original para salvar o reino.  Só que ela acaba criando um vínculo com Azure ao conhecer melhor o príncipe e também se afeiçoa ao jovem príncipe herdeiro, um menino aparentemente mimado, mas muito carente e que passa a vê-la como sua irmã mais velha.

Nina abre com uma cena do futuro, Nina capturada, e pensando que esta é a segunda vez em que vai morrer.  Certamente, a autora já tinha o fim de sua história planejada, em algum momento, o segredo da menina seria descoberto e ela iria pagar o preço pela mentira.  Nina morreu, agora, a Alisha falsa também irá morrer.  Nesse momento, a série está caminhando para o seu desfecho na revista Be Love, a mais tradicional das revistas josei, e deve fechar com 15 volumes.  Se o anime bombar, como eu acho que vai acontecer, o mangá vem para o Brasil. 

Rikachi desenha belamente a sua história.  Ela usa referências de vários povos orientais, acredito que a maioria vem do mundo árabe-muçulmano.  Isso é interessante, porque contrabalança o excesso de China nos últimos animes.  As roupas da rainha mãe de Muhulum, me lembram as de uma imperatriz bizantina.  Aliás, ela parece ser uma madrasta má que teme que Azure tome o trono de seu filho, mas, rapidamente, a gente descobre que n]ao é bem assim.  Ela teme pelo futuro do seu filho, ela conspira, mas ela é tão bandeirosa que o inteligente Azure consegue neutralizá-la sempre.  

Não darei o spoiler de quem é o vilão do início da trama, porque, pelo que eu já vi, teremos muita gente ruim tentando acabar com a vida da nossa mocinha.  Mas eu preciso dar um spoiler pelo menos, ele já é revelado no capítulo  4, o final do primeiro volume.  Por qual motivo Azure, que é tão inteligente, guerreiro perfeito, domina diplomacia como ninguém, e é um estrategista tão competente perdeu o trono para o irmão caçula?  Imaginei que ele fosse filho de uma concubina, alguém de uma condição social inferior, ou de uma esposa que caiu em desgraça.  Não era nada disso!

Ele, assim como Nina, é um substituto.  Ninguém, ou quase ninguém sabe, mas ele é um kagemusha como Nina.  Ele foi arrancado de seus pais ainda muito pequeno, para ser colocado no lugar do príncipe Azure verdadeiro.  Não direi como a criança morreu, mas quem o escolheu foi o rei-aposentado.  Sim, o rei atual é neto do anterior, que parece ser uma pessoa temida e respeitada, ele não deu as caras ainda, mas deve estar no centro das intrigas palacianas que colocam em risco a vida de Nina.

No último capítulo do volume 1, Nina cai em uma armadilha e vai disfarçada assistir ao festival religioso na cidade, mesmo tendo a impressão de que é espionada e pressinta algum perigo.  Ela está desesperada por reencontrar algo do seu passado, algo de Nina.  Ela não acha nada, a não ser assassinos que pretendem expor a sua identidade e destruir Azure.  O rapaz a salva, entende o dilema de Nina, e aceita deixá-la ir.  

A jovem, no entanto, aceita o sacrifício, não pelo país, que não deu nem a ela, nem a seus pais, ou companheiros de infortúnio, qualquer alento, mas por Azure.  Sim, há tensão romântica, não erótica, não vi nada disso, entre Nina e Azure desde o início, desde o momento em que ele descobre que a mendiga é "ela", o que facilitará sua missão, e, não, "ele", mas é ali, no final, que o sentimento de ambos fica evidente.  

Ele a deixa ir, decide que irá salvar o reino usando de outra estratégia, mas ela diz que ficará, ele a chama pelo seu nome "Nina" e diz que o fará sempre que estiverem sozinhos.  E ela lamenta que só tenha mais um mês e meio para ficar com ele, o sujeito que ela acreditou odiar lá no início do volume.  O sujeito que lhe roubou sua identidade, que matou Nina para que Alisha pudesse viver.

Para quem nada tem, o nome é sua única propriedade, Nina acha ótimo ter uma boa cama, comida em abundância, roupas bonitas, mas ela precisaria abrir mão de si mesma.  Por Azure, ela decidiu abrir, mas, ao fazê-lo, o rapaz lhe devolve a identidade.  Nina morreu, mas segue viva na intimidade dos dois.  E foi uma cena tão bonita, tão emocionante, que eu a coloco com outras cenas magníficas de mangás que eu amo.  Não sei se vou amar Hoshifuru Oukoku no Nina, mas estou muito inclinada a creditar que sim.  Sim, me empolguei.  😄

Quero Azure e Nina juntos e nem vi o outro príncipe, mas sendo ele louro, ele já deve perder alguns pontos.  Os únicos louros (*de mangá*) que me impactam são os de Chie Shinohara e da Chiho Saito.  Fora isso, acredito que Azure deve ser o favorito da autora.  Espero que seja, você não constrói esse elo entre os protagonistas, essa tensão, essa angústia, esse capítulo 4 para jogar fora.  Desculpem, empolguei novamente.

Enfim, no final do volume, há um freetalk da autora se perguntando se, um dia, vão lhe deixar fazer um mangá moderno, que ela quer desenhar (*pelo que entendi*) gente com roupas atuais.  As assistentes dela sinalizam que não vai rolar, que ela é uma especialista em mangás históricos, ou de fantasia, ou de ficção científica.  Bem, ela tem uma carreira mais que promissora e Nina nem é seu primeiro sucesso, só é o seu primeiro mangá a virar anime.  E estreia dia 10 na Crunchyroll, então, não percam a chance.  O trailer está aí embaixo.



3 pessoas comentaram:

O mangá é muito bonitinho, né? Comecei lendo como quem não quer nada, e quando vi tinha devorado uns 8 volumes.

Eu estou contigo na torcida pelo Azure. O outro príncipe, Seto, começa péssimo e vai melhorando sua relação com Nina com o passar dos capítulos (ele tem uns traumas terríveis para superar). Poderia terminar em triângulo? Adoraria, mas acho improvável. Então minha torcida fica com o lindo do Azure ^^

Espero que o anime faça jus ao traço da autora e que incentive o mangá a ser publicado aqui. E fiquei curiosa em ver as outras obras dela.

Vou começar o volume #3. E só não emendei uma leitura contínua, porque não tive mais tempo. Agora, função de mocinha não é curar psicopata, mesmo que Sett melhore, Azure é quem merece Nina, a não ser, claro, que a autora opte pelo sacrifício. Quanto ao traço, infelizmente, será difícil o anime não rebaixar a arte da autora. Ela é muito detalhista nas roupas, em especial. Aliás, figurino de anime shoujo/josei tem sido uma decepção. Pelo menos, no caso de Nina, há referências sólidas, não vai colar se fizerem um trabalho qualquer coisa.

Ótimo trabalho! O esforço no site é claramente visível. Continue com o bom trabalho! 😊

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