Em julho, fiz resenha de dois mangás TL (teen love) sobre noivas substitutas, um deles, Haramu Made Midare Ike - Migawari Hanayome to Gunpuku no Mouai (孕むまで乱れいけ~身代わり花嫁と軍服の猛愛), de Yuzu Kanzaki, está com anime no ar neste momento, mas não consegui achar para dar uma olhadinha, o outro, Kishin Kakka no Migawari Hanayome ~Yotsugi ga Dekitara Rien Desu~ (鬼神閣下の身代わり花嫁 〜世継ぎができたら離縁です〜), de Rin Hachikumo, finalmente, andou, mas foi só um mísero capítulo. Para ler o post com mais detalhes do que veio antes nas duas histórias, eles estão aqui. Neste post, vou comentar o que saiu de novo mesmo e repetir o breve resumo das histórias. Comecemos com Kishin Kakka no Migawari Hanayome:
Hanako iria se casar, mas foge com um empregado da casa, por conta disso, Tsukiko, sua irmã gêmea, acaba se casando com Kishi Naotsugu, um jovem que subiu na hierarquia como tenente-general. Ele também é conhecido como o "General Demônio" devido à sua crueldade. Desde a infância, Tsukiko tem uma saúde frágil e é considerada um fracasso por aqueles ao seu redor. Depois de conhecer o general apenas uma vez, ela foi emocionalmente apoiada por sua gentileza. Mas agora ele diz a ela que depois que ela lhe deu um herdeiro, eles devem se divorciar?!
Depois de tanto tempo, somente um capítulo é uma crueldade. No momento em que estávamos na história, Tsukiko estava fingindo ser Hanako em uma festa e é comunicada por um enviado de sua família, que sua irmã foi encontrada e que teria que trocar de lugar com ela. Transtornada, a mocinha acaba pegando uma taça de bebida alcoólica por engano e fica embriagada. Naotsugu a encontra em uma espécie de jardim de inverno e ela se declara para ele finalmente.
Quem lê o mangá sabe que ela o ama desde sempre e que ele também a amava antes, ou seja, era noivo de uma, a que a família considerava mais valiosa, mas estava apaixonado pela outra. Depois da declaração, ele fica muito mexido, como é um TL, teremos sexo. Ele resiste no início e a autora colocou como central nesse capítulo a ideia de consentimento. Ele acredita que está cometendo um erro em fazer sexo com uma mulher embriagada, mas não resiste, porque a ama e deseja.
Não sei se a discussão em si coubesse dentro da lógica da história, mas mangás, qualquer mangá, tem função pedagógica. A autora está dialogando com suas leituras e sinalizando que consentimento é fundamental no sexo. Como seria esperado, no outro dia, nossa mocinha acorda em casa, com uma brutal dor de cabeça, é atendida pelo mordomo-alcoviteiro e acha que sonhou. Ela pergunta sobre Naotsugu e o mordomo informa que ele está servindo como guia para um grupo de estrangeiros que está visitando Tokyo. Eles estavam na festa do dia anterior.
Um dos estrangeiros é um cara louro, amigo de Naotsugu. Pelo tempo que li, não lembro se ele é americano, ou britânico, mas acredito que o segundo. O sujeito fica cutucando Naotsugu dizendo que ele está apaixonado, o que faz com que Naotsugu perca um pouco o foco e comece a ficar se lamentando internamente com a história de ter se aproveitado de uma mulher embriagada e acreditando que Tsukiko não o ama, que o álcool a fez falar o que não sentia. <SIGH> Enfim, a autora dá a informação de que muitos japoneses ainda não se acostumaram com a presença estrangeira e que acontecem atentados terroristas.
Voltando para Tsukiko, a sua baaya (婆や/ばあや/babá) aparece na mansão dizendo que veio ficar com ela para protegê-la do marido ogro. Pobrezinha! E veio, também, para preparar a troca de noivas (*eu imagino*). Ela não acredita, claro quando a jovem diz que Naotsugu não é nada disso, mas um homem gentil, atencioso (*outras coisas, ela não diz.*). Obviamente, teremos um ataque e nosso mocinho, que já é todo lanhado de cicatrizes será ferido defendendo os estrangeiros. Nota sobre figurino, a mulher britânica que está no grupo merecia estar vestindo uma roupa que não parecesse um rascunho preguiçoso. Acaba o capítulo e a gente fica como? Como? Enfim...
Não sei se a lentidão é culpa da autora, ou do pessoal das scanlations. Apostaria na autora, porque já vi isso acontecer. Essas mangá-kas de TL ficam fazendo vários trabalhos ao mesmo tempo, muito provavelmente para ter dinheiro para sobreviver e, às vezes, algum mangá fica largado para trás. E vamos para Haramu Made Midare Ike. Segue o resumo.
""Eu farei você dar à luz meu filho no lugar de sua irmã." Eu pensei que não havia amor em casamentos... mas os dedos deste soldado de sangue frio são inesperadamente doces, apaixonados e ferozes..." Estamos na Era Taisho (1912-1926), Asako é a filha solteirona (*o que pode significar que ela tem uns meros 19 anos, nenhuma idade apareceu ainda*) e é muito protetiva em relação à caçula, Hiroko, que tem a saúde muito frágil. Elas pertencem a uma família aristocrática que deve estar decadente e chega um pedido de casamento do capitão Shintaro Kido, cuja família parece ter ascendido durante a Revolução Meiji, tendo o favor do imperador.
Kido tem fama de cruel e a família de Asako não quer entregar sua preciosa filha caçula, mas não pode negar. Asako, que sempre é humilhada e maltratada pelos pais, decide se sacrificar pela caçula e se oferece como esposa para Kido dizendo que ela tem condição de gerar um filho seu. O boato é que ele só queria se casar por causa disso. Kido não recusa, porque, desde muitos anos, era com Asako que ele queria se casar. E não ficou claro se ele armou a situação, mas pouco importa, ele conseguiu o que quer, Asako.
Estava com mais de dez capítulos atrasados deste mangá. As scanlations estão andando rápido, só que a maioria dos capítulos é muito curta, alguns deles são somente sexo. E, bem, a autora desenha muito bem as personagens, Asako é linda, Kido é lindo, o amigo da Marinha é bonitão, também, as roupas são muito bem desenhadas, mas as cenas de sexo são confusas. Como já pontuei, a autora se sairia muito melhor se este mangá, que é bom, vejam bem, estivesse em uma revista mainstream. Me pergunto o que o anime está fazendo dele.
O que aconteceu nesses capítulos que não li? Quando tinha parado, Hiro, o capitão da Marinha, tinah levado Asako para comprar um presente para sua esposa, detalhe, ela está no cemitério. Sim, ele é viúvo de um casamento que, muito provavelmente, foi arranjado e que não foi escolha sua. Por Hiroko, o rapaz que sempre fora apaixonado por Asako, fica sabendo que a amada está se sacrificando casada com um homem que não a ama e que só quer que ela tenha um filho para ele. E o moço decide que, agora viúvo, pode dar para Asako o lar que ela merece.
Vejam bem, o problema dessa história é falta de comunicação. Se ele perguntasse para Asako, ela diria a sua versão, que incluiria o fato de Kido ser extremamente gentil com ela. Se Kido fosse bom com as palavras, já teria e declarado para ela e pedido para Asako parar de chamá-lo de senhor e assemelhados (*especialmente, na hora do sexo*). Se Asako não tivesse a autoestima abaixo de ZERO (*algo que faz sentido dentro da história*), ela já teria se declarado, também, e Kido a teria acolhido e ficaria tudo bem. Só que a autora vai deixando a coisa se arrastar e imagino que esse mangá não termine com menos de 100 capítulos.
Muito bem, Kido precisa ficar uma semana fora. Ele voltaria depois do aniversário da esposa, mas ela nem sabe se ele tem ciência disso. Ele avisa que ela pode descansar, que deixe todas as tarefas da casa para a faxineira e passe mais tempo com a irmã. Há algumas cenas muito bonitinhas e delicadas nas quais Asako se esquece e faz comida para dois, ou prepara o banho do marido que está ausente. E há, claro, afinal, é TL, uma cena na qual ela se masturba pensando em Kido e que, pasmem, talvez seja a melhor cena de sexo do mangá inteiro, ele participa, afinal, ela está meio que sonhando.
Algo importante nesse mangá, é que os corpos são bem realistas. E os corpos femininos não são super magros. Asako está mais próxima de uma mulher com um corpo real do que eu já vi na maioria dos mangás. A autora tem um bom domínio da anatomia, mesmo que na hora de desenhar as cenas de sexo, elas pareçam um tanto estranhas, mas o problema pode ser comigo.
Só que, com Kido ausente, Hiro (*que elas chamam de Dai, não sei qual a ordem de nome e sobrenome*) tenta forçar uma intimidade com Asako, que ele chama por um apelido de infância, Asa. Não leiam o forçar como algo sexual, ou violento, mas como ações gentis e palavras que visam mostrar para ela que ele não a vê como uma irmã mais nova, mas que ele a ama. Ela fica absolutamente alheia ao que está acontecendo, mas eis que ele aparece na sua casa no dia do seu aniversário, Asako tenta mandá-lo embora, porque não é adequado que ele esteja sozinho com ela, e ele a abraça. Neste exato momento, chega Kido. Temos foco no rosto desesperado de Asako e as romãs que ele trouxera de presente rolando pelo chão. Ele voltara antes, ele sente muita falta dela.
Como não poderia deixar de ser, temos uma altercação. Os dois se socam e Hiro diz que sabe que Asako não é mais que uma substituta, que ela não é amada como deveria ser. A moça pede que eles parem e as lágrimas rolam pelo seu rosto, ela se sente humilhada, mais uma vez lembrada que não é amada por Kido. Aqui, a autora me surpreendeu muito, porque ao invés de ir pelo caminho do clichê, isto é, escalando um mal entendido e afastando os protagonistas, ela mostra Kido abraçando Asako e mostrando para Hiro que as coisas não são bem assim. Os dois homens se entendem pelo olhar, mas a mocinha continua acreditando que é a substituta.
Hiro vai embora, meio que jurado de morte se voltar, mas isso também não precisa ser dito. E vejam só, talvez o homem mais maduro e compreensível que eu já vi em um mangá é Shintaro Kido. Ele diz que sabe que a culpa não é dela e diz que voltou antes para o aniversário da esposa. Ela fica surpresa dele saber e ele diz "qual marido não sabe a data de aniversário de sua esposa?". Eles comem as romãs e ele diz que nunca gostou da fruta, porque elas são amargas, mas que Asako, que ama romãs, o ensinou que elas tem sua doçura. Temos sexo, claro, muito sexo, depois disso.
Falando em romãs, que são belissimamente desenhadas no mangá, elas têm significados no Oriente Médio, na Grécia e em Roma, muito provavelmente, no Japão, também. Vejam só o que diz uma parte do artigo "Romãs, a fruta milagrosa" (Pomegranate, miracle fruit) do site Alimentarium: "As romãs têm diversos significados culturais e religiosos, como um símbolo de vida e fertilidade devido às suas muitas sementes, mas também como um símbolo de poder (orbe imperial), sangue e morte. As romãs já simbolizavam fertilidade, beleza e vida eterna, na mitologia grega e persa." Ele não fala de Japão, mas diz que "No budismo, romãs, pêssegos e limões são considerados três tipos de frutas abençoadas.". O artigo é grande e vale a leitura. Me pergunto se foi agora que Asako engravidou.
Muito bem, depois do sexo, temos Asako se prostrando diante de Kido e dizendo que precisa dizer alguma coisa. É o fim do capítulo. Mas quando retomamos, ela está conversando com Hiro. Pensei que tinha perdido alguma coisa, mas não era nada disso, houve um corte e teremos um flashback, na verdade, vários depois. Asako coloca as coisas a claro com Hiro. Ela sabe que não é amada, mas é esposa de Kido, que ele a trata bem e que ela, na medida do possível, é feliz. Ela agradece a ele pelo carinho e pela proteção enquanto crescia em um lar sem amor.
Temos cenas da infância de Asako, ela apanhando do pai por ter se expressado publicamente, algo que uma mulher não deve fazer, depois da mãe se queixar. Hiro não podia ir lá dar uma surra no pai de Asako, mas a acolhia e animava. Eles terminam a conversa e ele diz que entendeu e não tem mais o direito de chamá-la de "Asa". Está subentendido que ele entendeu que como mulher casada, esse tipo de familiaridade não era adequada.
Quando ela sai da casa dele, Kido a está esperando. Ele agradece Hiro por ter sido um apoio para Asako quando ela era uma criança e estava sozinha. Ele não precisa dizer mais nada, como pontuei, os homens se entendem pelo olhar e a autora desenha muito bem os rostos, as expressões faciais. Em uma das sequências de sexo, Asako pensa que, agora, Kido é seu "raio de luz", que só dele segurar a sua mão, ela se sente querida.
Hiro pede para voltar para a base onde servia, Hiroko é quem diz isso para Asako, não sei se o veremos de novo na história. Há uma cena entre Hiro e Hiroko no qual, me parece sugerido, que a irmã caçula gosta dele. Talvez, Hiro esteja olhando para a irmã errada. E temos o flashback de Asako conversando com Kido. Eu pensei que ela iria se declarar, mas ela diz que infidelidade não é algo aceitável na esposa de um militar, e explica a sua relação com Hiro. Ela diz que ele era o raio de luz em sua infância triste e que ele foi seu primeiro amor. De novo, Kido é um tipo raríssimo de personagem masculina e a gente não tem como não gostar dele.
Ele teve uma infância infeliz e ele entende perfeitamente Asako nesse sentido, ele sente-se seguro como homem e profissional e não se sente ameaçado por ninguém. Ele sabe que Asako o ama, mesmo que palavras não sejam ditas. O que ele faz? Ele diz que fica feliz que ela tenha tido alguém como Hiro na sua vida para que ela fosse suportável e que ele sabe como esse tipo de coisa é. Há um quadro de Kido com a mãe e outro menino, mas somente um quadro, nada é explicado.
A partir daí, temos uma sequência bonita dos dois plantando um pé de romã e ele falando dos anos que ficariam juntos até que a árvore crescesse. Asako fica confusa, porque, afinal, eles irão se separar quando ela tiver um filho, não é isso? Quando é que ela vai entender que esse homem se comunica dessa forma cifrada? Um? Na sequência, ou depois de um capítulo de sexo, não me lembro. Os dois vão a um festival, ele é carinhosíssimo com ela e uma mulher os observa de longe. Essa mulher é esquálida.
Mais tarde, voltamos a essa mulher, ela trabalha em uma hospedagem, ou bar, algo assim. É humilhada por clientes e pelo Patrão. Chega um garotinho. É seu filho. O patrão reclama, pergunta se o pai dele não está em casa para cuidar do garoto. O menininho diz que sente falta do pai e segura uma foto da mulher com um bebê no colo e Kido. A mulher pensa em Kido com Asako e diz que gostaria de vê-lo de novo, também. Claro, a autora quer criar a impressão de que o filho é dele, mas deve ser do garoto que apareceu em um único quadro. Agora, se Kido assumiu alguma responsabilidade, provavelmente, depois da morte do amigo é outra história. Há pistas nas imagens de volume #3 que estão no Amazon japonês.
Kishin Kakka no Migawari Hanayome é um sólido novelão. O sexo está lá, tem algum significado, mas se fosse reduzido ao mínimo, não impactaria a história. A questão é que o fato de ser TL, e prometo fazer um post, ou Shoujocast informativo sobre a demografia, obriga a inserção dessas sequências de sexo. Houve um momento em que elas tiveram um papel em mostrar para a protagonista (*e as leitoras*), que uma mulher podia sentir desejo e gostar de sexo, mas menos seria mais nesse aspecto. A história, no entanto, anda bem. Só que não sei se as personagens que aparecem nesses pequenos arcos, como Hiro, ou o pai de Kido, voltarão em algum momento.
Parece que o essencial é o desenvolvimento emocional de Asako e o relacionamento dela com Kido. Só eles têm uma história, por assim dizer. E ainda estou aqui querendo saber a idade de Asako, porque a autora não me disse. E, se alguém souber onde ver o anime, me avise, por favor! Eu já procurei e não quero ficar vagando por sites de material hentai para conseguir encontrar. Obrigada!
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