sábado, 27 de julho de 2024

Noivas Substitutas estão na moda nos mangás femininos? Duas resenhas de séries que estou acompanhando.

Parece que um dos temas que está na moda dentro dos mangás femininos é o da noiva substituta.  Decidi escrever finalmente uma resenha dupla, porque me apareceu um terceiro mangá do gênero no Comic Natalie, trata-se de Migawari Romantica ~Seiryaku Kekkon Aite ni Dekiaisarete Shimaimashita!~ (身代わりロマンチカ 政略結婚相手に溺愛されてしまいました!) de Igarashi Nozomi e Suzu Hoshimori, e serviu de gatilho para esse esforço, afinal, acabaram-se minhas férias e eu tenho muitas pendências ainda.  

O resumo do mangá nos conta que a mocinha fica órfã e na miséria, porque o restaurante da família pega fogo, e recebe uma proposta de uma poderosa família, substituir uma noiva que desapareceu.  Não fica claro se o noivo conhece a noiva, talvez, a tenha visto criança, ou elas sejam fisicamente muito parecidas, mas a garota aceita.  Normalmente, nesse tipo de arranjo, a família poderosa pretende encontrar a moça desaparecida/fugida e fazer a troca depois.  Claro, que nada vai funcionar desse jeito.  Esse mangá é shoujo, está saindo na Comic Polaris e teve seu primeiro volume recém publicado no Japão.

Os dois mangás que pretendo resenhar são TL, isto é, mangás eróticos para mulheres.  então, se você não tem pelo menos uns 16 anos, não vá atrás deles.  Kishin Kakka no Migawari Hanayome ~Yotsugi ga Dekitara Rien Desu~ (鬼神閣下の身代わり花嫁 〜世継ぎができたら離縁です〜), de Rin Hachikumo, que parece estar parado no volume #3, foi o que comecei a ler primeiro e é uma história novelão com um monte de clichês.  É divertido, mas não passa muito disso.  A segunda, Haramu Made Midare Ike - Migawari Hanayome to Gunpuku no Mouai (孕むまで乱れいけ~身代わり花嫁と軍服の猛愛), de Yuzu Kanzaki, é um mangá cujas scanlations vão muito rápido e parece ser um dos mangás TL mais importantes no momento (*1 - 2*).  É novelão como o outro, mas tem pretensões de ser denso e profundo.  A autora ainda não me convenceu muito.

Nesses mangás de noiva trocada, a coisa tem aparecido de duas maneiras, ou é um casamento arranjado em que uma jovem é colocada no lugar de outra, porque acreditam que o noivo não irá descobrir, ou é uma irmã casando no lugar da outra como forma de "sacrifício". Kishin Kakka no Migawari Hanayome meio que junta as duas coisas em uma só. Em ambos os casos, quando não é uma completa desconhecida, o noivo aceita a coisa pacificamente, porque, de alguma forma, a mulher que ele queria era efetivamente a que recebeu.  

Obviamente, como sempre temos dramalhão, a gente sabe que o romance mesmo não vai andar rápido, quando é TL, o sexo, por outro lado, vem em doses cavalares, às vezes, até atrapalhando o fluxo da história.  Outras duas características, sempre é um mangá histórico ou de fantasia histórica, a mocinha eventualmente pode ser uma viajante do tempo e é idêntica à desaparecida e o noivo é militar.  Imagino que as autoras achem muito elegantes esses uniformes inspirados nas Eras Meiji e Taisho.  Fetiches, enfim.  Comecemos por Kishin Kakka no Migawari Hanayome, que é simples, sincero e entrega a farofa que promete sem enrolação.

Hanako iria se casar, mas foge com um empregado da casa, por conta disso, Tsukiko, sua irmã gêmea, acaba se casando com Kishi Naotsugu, um jovem que subiu na hierarquia como tenente-general. Ele também é conhecido como o "General Demônio" devido à sua crueldade. Desde a infância, Tsukiko tem uma saúde frágil e é considerada um fracasso por aqueles ao seu redor. Depois de conhecer o general apenas uma vez, ela foi emocionalmente apoiada por sua gentileza. Mas agora ele diz a ela que depois que ela lhe deu um herdeiro, eles devem se divorciar?!

Neste mangá, temos duas famílias poderosas que desejam juntar suas fortunas.  Hanako é vista como uma dama perfeita, mas nunca se mostrou gentil com seu noivo.  Ela é sempre fria e distante.  Já Tsukiko, que é quase que mantida reclusa pela família em seu quarto, só falou com Naotsugu uma única vez.  Ele estava voltando da guerra, tinha muitas bandagens e ferimentos, e ela tinha escapulido do seu quarto-prisão e estava no jardim.  Não sabemos qual a diferença de idade entre os dois.  Eu chutaria entre 8 e 10 anos, essas autoras gostam de colocar homens grandões e mulheres bem menores, mas ele esconde a menina debaixo de sua capa para que ela escape da governanta.  O que sabemos de idade até agora é que Tsukiko tem 18 anos.  É de maior, portanto.

Naotsugu não esquece a gentileza da menina, que não sentiu repulsa das suas cicatrizes.  Aliás, outro clichê desses homens militares dessas histórias, eles são todos lanhados, deve ser outro fetiche, mas para o sujeito ficar todo destruído (*menos o rosto, claro*), imagino que bom guerreiro não deve ser.  Hanako, sempre que o encontra, parece sentir nojo delas.  Muito bem, com Hanako fugida,  Tsukiko é mandada em seu lugar.  Ela, que sempre foi tratada como incapaz, precisa fingir que é a irmã, enganar Naotsugu, mas o sujeito percebe desde o primeiro momento que trata-se de outra pessoa.  

Ele humilha Tsukiko por aceitar pacificamente o lugar da irmã, ele chega a compará-la a uma prostituta.  A moça, que tem uma autoestima abaixo de zero, aceita a ofensa, se desculpa, e lhe diz que só quer ser útil (*à família e ao marido da irmã*), mas que, infelizmente, não acredita ter a competência de uma profissional.  Naotsugu, que a ama, lembrem disso, fica meio quebrado e a deixa ficar, mas estabelece que tão logo ela tivesse um filho homem seu, ele se divorciaria dela, mas que lhe daria a compensação de uma viúva, o que possibilitaria à Tsukiko se casar de novo, ou ser uma mulher independente, sem precisar mais se submeter às vontades de sua família.

Um acordo muito bom, mas a moça vê como uma confirmação de que ele ama Hanako e que ela é somente uma substituta.  Já Naotsugu, não sabe como colocar em palavras o óbvio, ele recebeu a esposa certa.  Par atentar ajudar os dois temos o clichê mordomo-melhor-amigo-de-infância do mocinho e que parece fazer as vezes de "amigo gay" nesse tipo de história.  Ele ajuda Naotsugu a ser mais gentil e Tsukiko a ter mais confiança, ele saca de cara que o arranjo é mais que satisfatório.

E, sim, é mangá TL, então temos sexo.  O mocinho tenta manter as coisas em um nível "profissional".  Como há algo de virginiano nele, ajusta as datas para os encontros, a hora e diz que será rápido e não tocará Tsukiko em nenhum lugar que não seja necessário (!!!).  Primeira noite dos dois, tudo muito bem, a mocinha sente tanto prazer que desmaia/dorme.  É outro clichê do gênero.  Ele fica meio alarmado e acredita que machucou a menina.  Só que ela quer continuar sendo útil (🤗) e vai tentar mostrar para ele que tudo bem.  E o sujeito se torna menos cuidadoso, por assim dizer, e ela menos frágil.  Desses encontros sexuais dos dois, temos como momento ápice até agora a vez em que ele a beija pela primeira vez, porque, sim, você pode fazer mil coisas, mas beijar é muito sério.

Na altura que estamos do mangá, e eu acredito que a autora colocou a série em hiato (*infelizmente*), Tsukiko passou por um intenso treinamento por parte do mordomo alcoviteiro, porque teria que fingir que é Hanako em uma festa.  Ela se sai muito bem, ela consegue dançar e ter momentos de sonho, ainda que dentro de sua cabecinha, apesar de todos os sinais que Naotsugu já deu, ela acredite que é a substituta.  Pois bem, aparece um mensageiro da família para avisar que Hanako foi encontrada e que logo elas irão trocar de lugar.

Desesperada, Tsukiko confunde as bebidas e fica completamente embriagada e confessa seu amor pelo marido.  As scanlations terminam nesse miserável momento. Estão paradas desde então, pelo menos, no site que eu acompanho.  Naotsugu fica encantado e, obviamente, não irão aceitar a troca.  Primeiro, porque ama Tsukiko, segundo, porque dentro da lógica da história, um homem desse jamais aceitaria como esposa a moça que fugiu com o rapaz da estrebaria.  De resto, não dá para saber se Tsukiko e Hanako são meio Raquel e Ruth de Mulheres de Areia e nem sei se a autora vai nos mostrar alguma coisa da personalidade da irmã fugitiva.

O traço da autora funciona bem.  Não é dos mais elaborados, mas consegue ser bonito em vários momentos.  O figurino é aquela mistura de roupas japonesas com vestidos femininos ocidentais vitorianos farofa, isto é, a gente não identifica a época, mas todos os clichês de mangá feminino estão lá.  Não são feios, mas não impressionam, também.  Agora, Tsukiko me lembra um pouco a Belldandy de Aa! Megami-sama (ああっ女神さまっ).  Ela lembra, não o traço geral do mangá, que fique claro.

Vamos então para Haramu Made Midare Ike, o mangá TL que acredita ser denso e profundo.  E sempre que um desses me aparece, me desperta a ideia de que a autora queria fazer outra coisa, mas só conseguiu publicar em selo/site/revista TL.  No caso de Haramu Made Midare Ike, o sexo parece atrapalhar o fluxo da narrativa em vários momentos.  Veja, há muita história para contar, não é por falta dela.  Vamos para o resumo começando com o que está em TODO lugar:

""Eu farei você dar à luz meu filho no lugar de sua irmã."  Eu pensei que não havia amor em casamentos... mas os dedos deste soldado de sangue frio são inesperadamente doces, apaixonados e ferozes..." Estamos na Era Taisho (1912-1926), Asako é a filha solteirona (*o que pode significar que ela tem uns meros 19 anos, nenhuma idade apareceu ainda*) e é muito protetiva em relação à caçula, Hiroko, que tem a saúde muito frágil.  Elas pertencem a uma família aristocrática.  

A mais velha é vista como um problema, alguém que pode atrapalhar os planos dos pais de um futuro brilhante para a caçula.   Afinal, se a mais velha não consegue casar, a mais nova deve ter algum defeito.  Logo no início, isso é dito quando Asako defende a irmã do assédio de um homem em uma festa da nobreza. O cara é tão ousado que chega a tocar em Hiroko. Vários convidados, especialmente, as mulheres começam a comentar o quanto Asako é desagradável com sua atitude tão agressiva.  O sujeito fica tão ofendido ao ser interpelado por uma mulher, que decide agredir Asako fisicamente, afinal, ela deveria ser submissa e mostrar respeito por QUALQUER homem.

Neste momento, aparece o Capitão Shintaro Kido e intervém.  Ele é temido, ele tem um histórico militar impecável e é o oficial mais jovem a chegar ao posto de capitão na história do Japão.  Só que a família Kido tem origens fora da nobreza e vários dos convidados se perguntam o que ele estaria fazendo ali.  Alguém informa que ele está atrás de uma noiva nobre, afinal, ele tem o favor do imperador e sua família enriqueceu, para que ela lhe dê um filho.  Alguém comenta qual seria a moça azarada o suficiente para casar-se com um homem de aparência tão fria e cruel.  

Ao chegar em casa, Asako apanha do pai por ter se comportado de forma vergonhosa na festa.  Como mulher, ela não deveria levantar sua voz, ela é uma vergonha e atrapalha os planos de casamento da filha caçula.  Naquele mesmo dia, chega uma proposta de casamento do Capitão Kido.  Ele quer se casar com Hiroko.  Asako fica desesperada, afinal, sua irmã tem uma saúde delicada, e vai atrás de Kido.  Ela se oferece para ser sua esposa e ter um filho no lugar da irmã.  Ela pode não ser tão bonita, pode ser uma solteirona, mas ela é capaz de cumprir essa missão.  Kido fica surpreso, examina o material (*mangá TL*), não é gentil com ela, mas aceita a proposta.  Eles se casam, ela acha que é a substituta, mas não sabe que, desde o início, era Asako a escolhida.

Vamos lá, este mangá aqui se propõe a fazer um monte de discussões sérias sobre classe, papéis de gênero e relações familiares.  A família de Asako é horrenda, sabemos isso desde a primeira aparição do pai e da mãe. Eu fico pensando se Asako é mesmo filha da casa, se não é ilegítima, se não é fruto do adultério da esposa, porque tamanha crueldade com ela não se justifica.  Aliás, os pais chegam a ofender Kido ao oferecerem uma festa de casamento miserável.  

Eles desprezam a moça, que acredita que a culpa é dela, que ela não se esforçou o suficiente para se comportar como uma mulher deveria.   Eles são muito orgulhosos e imagino que para aceitarem a proposta de Kido, devem estar meio falidos, ou desesperadamente desejosos da apreciação do imperador.  A festa de casamento ofende profundamente Kido que decide cortar laços com eles, ainda que não tenha a crueldade de impedir Asako de ver a irmã e escrever para ela.  

Bem mais adiante no mangá, conhecemos a família de Kido.  Terror de novo.  Ele é filho único.  Sua mãe deveria ser uma mulher da nobreza, casou-se com um militar alpinista social que não se sente satisfeito ao descobrir que a esposa tem uma saúde frágil.  Muito provavelmente, ela não pode ter mais filhos depois de Kido.  O marido coloca amantes dentro de casa, humilha publicamente a esposa e desperta a ira do filho que passa a odiar o pai, que repete que ele é fraco como sua mãe.  Kido vai para a escola militar disposto a mostrar ao pai que ele não é fraco, algo que efetivamente ele consegue fazer, mas sua mãe é internada em um sanatório.  Não fica claro na história se para doenças físicas, ou mentais.  

Quando o velho descobre que Kido se casou com Asako, ele quer que ele se separe.  Ela é uma solteirona (*de novo, ninguém diz sua idade*), logo, uma mulher de menor valor, com a carreira brilhante que o filho tem, ele deveria buscar alguém que o ajudasse a subir mais.  Kido se recusa a largar Asako, ele mantém pé firme, e rompe com o pai que manda destruir as coisas do filho e da finada esposa.  Pouca coisa se salva, graças a uma criada de confiança.  Qual pai é pior?  Não sabemos.  Famílias horríveis.

Kido não diz que ama Asako, mas ele é tão gentil e carinhoso com ela ao longo do que vemos no casamento dos dois que a coisa grita.  Depois que eles vão morar juntos, não há momento em que ele não mostre em gestos e palavras que ela é a mulher certa para ele, que não é uma substituta.  Só que nossa mocinha se considera tão pouco, tem tantos traumas, que não consegue perceber que está enganada.  E ela sempre o chama de "senhor" (danna-sama) quando estão fazendo amor, e fica evidente que ele, na verdade, quer ser chamado pelo nome.

Ao longo da história, é mostrado como Kido conheceu Asako.  Ele estava no hospital se recuperando de ferimentos de guerra (*outro homem lanhado*) e ela ia da escola para o hospital todos os dias e ajudava a cuidar dos feridos.  Ele reconhece que ela é uma moça nobre, mas que se mostra sempre gentil e solícita com todos.  Ele se apaixona por ela.  Um dia, porém, o pai de Asako aparece de surpresa, faz um escândalo, diz que a adolescente estava sujando a honra da família, afinal, ela era nobre, não deveria fazer esse tipo de serviço.  Ela diz que até princesas estão servindo como enfermeiras.  Imagino que estivessem na 1ª Guerra Mundial.  Ela apanha, claro, e nunca mais volta ao hospital.  Asako não lembra de Kido, mas ele guarda a memória dos acontecimentos.

Como comandante, Kido incorpora aquele clichê de líder duro, porém protetor e que sabe reconhecer as qualidades de seus soldados.  É um clichê e sempre é usado para mostrar que o sujeito que é chamado de demônio (*oni*), na verdade, é um bom homem.  Tipo Kiyoka em Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚).  Mesmo modelo de homem, só que fazendo sexo a cada dois capítulos.  Agora, em Kishin Kakka no Migawari Hanayome, que tem uma carga de humor (*voluntário e involuntário*) muito grande, Naotsugu é bem bestial com seus comandados mesmo.  Sei que é piada, mas ele parece ser um comandante horroroso.

Conforme a história avança, além dos entreveros familiares, do sexo e da tentativa de Kido de mostrar para Asako que ela não é uma substituta sem ter que dizer em palavras, aparece um assediador (*tentou abusar da mocinha, na verdade*), um colega militar.  Kido deveria ter fatiado o cara, mas Asako intervém e pede que ele pense na carreira.  O sujeito era de família importante.  Nesses últimos capítulos, e preciso ler os três que saíram recentemente, Hiroko estava internada e Asako a visitando com frequência.  Aparece um homem para visitar a moça, também, era um velho amigo de infância.

Sim, clichê do amigo de infância.  O sujeito era um tanto mais velho que Asako e o único, fora Hiroko, que a valorizava e tratava bem.  Só que ele entrou para a Marinha, passava muito tempo fora.  Clichê dois, Exército X Marinha.  Qual uniforme vocês preferem?  Um?  Entenderam? OK.  Ele casou-se.  O sujeito pede a ajuda de Asako para comprar um presente para a esposa, ele diz que tem dificuldades em escolher.  Ela decide ajudá-lo e ele a leva para colocar o presente no túmulo da mulher.  A forma como o amigo de infância olha para Asako diz bem o que vai dentro dele.  Ele teve uma boa esposa, mas foi um casamento arranjado, o coração dele sempre pertenceu à protagonista.  Bem, estamos nesse pé, isso se a história não andou em três capítulos.

Ah, sim, Asako está preocupada de não ter engravidado ainda.  Afinal, foi para isso que ela se casou no lugar da irmã, não foi?  Ela morre de medo de Kido querer trocar de mulher e Hiroko morrer, porque o capitão é muito ardoroso na cama.  Falando nisso, a arte de Yuzu Kanzaki é bonita.  Os rostos são bem expressivos, agora, as sequências de sexo que ela desenha, e vejam que TL tem o sexo como algo central, são muito confusas, há momentos em que não dá para entender o que está acontecendo.  Se fosse um mangá josei padrão, que tem sexo, mas não tem que se valer disso o tempo inteiro, seria um mangá ainda melhor, porque, efetivamente, é uma obra interessante, mas que eu acredito que está na demografia errada.

Falando em sexo, quase esqueci de algo importante.  Asako gosta de sexo, mas foi educada para acreditar que uma mulher decente não deve se sentir assim.  Ela deve se submeter ao marido, a quem pertence e que, como homem, tem todo o direito de exigir sexo e gostar do ato.  Lembrem que nossa mocinha tem complexo de inferioridade e que sempre reforçaram que ela era um fracasso por não se enquadrar naquilo que era esperado por uma dama.  E o que Kido faz?  Ele tenta convencer a esposa de que ela pode, sim, gostar de sexo e ser ativa durante o ato.  

Enfim, material para  mulheres com função didática, vale para mangá, vale para literatura feminina popular, porque esse tipo de ideia é real, atravessa várias culturas e temos fontes suficientes para atestá-la.  A ideia, claro, não é somente negar às mulheres o direito ao prazer, mas de promover o controle dos corpos femininos.  Uma mulher que gosta de sexo pode não aceitar qualquer coisa que lhe seja oferecido.

É isso.  Se você quiser ler as scanlations de  Haramu Made Midare Ike - Migawari Hanayome to Gunpuku no Mouai ou Kishin Kakka no Migawari Hanayome ~Yotsugi ga Dekitara Rien Desu~ é só clicar nos títulos.  E uma pergunta: vocês conhecem outros mangás de noivas substitutas que se enquadrariam nesse modelo?  Eu poderia citar outros mangás, mas o texto já ficou longuíssimo.

0 pessoas comentaram:

Related Posts with Thumbnails