domingo, 23 de junho de 2024

Comentando os episódios 5 e 6 da terceira temporada de Bridgerton: o segredo de Lady Whistledown e perigo e Cressida lançada no abismo

Estreou no dia 13 de junho a segunda leva de episódios da 3ª temporada de Bridgerton.  Passei os olhos em tudo, mas só assisti de forma correta o primeiro e o segundo episódio, estou com filha em semana de testes e trabalho se acumulando e fico falando do PL do Estupro lá no Instagram, a coisa é muito séria e ainda farei texto aqui (*prometo*).  E, sim, eu sei da mudança na história da Francesca (Hannah Dodd), mas só vou tocar nessas questões nas resenhas dos capítulos em que essas questões são expostas.  Ficaremos, aqui, com esses dois capítulos e só, mas devo terminar o resto antes do fim da semana.

Começamos o episódio #5 com a sequência imediata da passagem da carruagem (*ver resenha anterior*) e Colin (Luke Newton) levando Penelope (Nicola Coughlan) para a casa dos Bridgerton.  Ele anuncia o noivado e todos parecem muito felizes, menos Eloise (Claudia Jessie).  Ela e Penelope têm um particular e a irmã chata de Colin pergunta se o moço já sabe que Penelope é Lady Whistledown. O episódio inteiro é marcado pela tensão em torno do segredo, que se agrava quando a rainha Charlotte (Golda Rosheuvel) oferece uma recompensa para quem lhe entregar a identidade da cronista da vida da alta nobreza.

Agora, foi muito feio o que fizeram com a Portia (Polly Walker). No livro, Colin vai para a casa de Penelope pedir a mão da moça, o que gera uma grande surpresa, na série, a mãe da mocinha fica sabendo do ocorrido por Lady Whistledown. Foi uma grande grosseria, mas, ao que parece, quem está na direção da série não parece muito preocupado em ser gentil, é como se, na sua felicidade, ou infelicidade (*estou pensando em Eloise*), tudo seria permitido aos bonzinhos da história.  

Existe, sim, no livro quatro um confronto entre Colin e Portia, porque o moço a surpreendeu destratando Penelope.  Na série, o confronto é resultado da raiva que Portia está sentindo pela falta de educação, afinal, ela, a mãe da noiva, não foi comunicada do casamento em primeiro lugar, fora isso, ela  acredita que Lorde Debling (Sam Phillips) seria uma opção melhor para ela e, talvez, para toda a família Featherington.  Com seu ímpeto por aventuras, o quase futuro marido de Penelope certamente não iria durar muito e ela ficaria viúva.

Como escrevi lá na minha última resenha da segunda temporada, Portia é uma mãe leoa.  Ela considera Penelope sua filha menos dotada, isso é fato, mas ela se preocupa com sua prole a ponto de fazer mil armações para garantir seu bem-estar.  Ao longo do episódio #6, Portia tenta aconselhar a filha a garantir que seu compromisso com Colin dê certo, e, ao fazê-lo, nos permite ver o quanto sua própria vida foi marcada por renúncias.  Sendo mulher, ela precisa viver em função do marido e o que ela tinha não era um homem gentil, ao que parece.  E nem trouxeram para a discussão o fato dela só ter gerado garotas, o que deve ter aumentado as suas humilhações por parte do finado Lorde Featherington.  Aliás, lendo o livro #3 (*o do Benedict*), descobri que existe uma quarta irmã Featherington, Felicity, a caçula, que é muito amiga de Hyacinth (Florence Hunt), mas que ela foi cortada da série.  

Voltando ao episódio #5, temos lá a primeira vez de Colin com Penelope, foi uma cena bem eficiente em mostrar a consumação do amor e do desejo dos dois e apresentar toda a beleza de Nicola Coughlan.  E não adianta mentir, quem acompanha Bridgerton (*e se leu o livro mais ainda*) estava esperando por dois momentos, a sequência da carruagem, que não decepcionou, e esta outra.  Voltando lá nos livros, comparando as primeiras vezes das mocinhas do livro 1 (Daphne) e 2 (Kate), com a de Penelope (*e a de Sophie, o par de Benedict no livro*), vemos que ela foi parte ativa em sua primeira experiência sexual completa (*porque já tinha rolado pegação antes*).  Mesmo inocentes, para usar termo da época, Penelope e Sophie se mostraram interessadas e não pareciam constrangidas, mas queriam participar.  Outro ponto importante, elas não estavam em um casamento meio que forçado por um escândalo, aliás, no caso de ambas, a tal "primeira vez" veio antes do casamento. 

É preciso notar, no entanto, que tanto Penelope, no livro já com 28 anos, quanto Sophie tinham muito mais experiência de vida, mesmo que não de intimidades amorosas, do que Daphne (Phoebe Dynevor) e mesmo Kate (Simone Ashley) que, apesar de tecnicamente ser uma solteirona, estava alheia ao jogo amoroso.  Mas continuemos.  Enfim, a sequência se manteve fiel ao estilo do original, ainda que o lugar, não somente a casa, mas até o fato de ser em um sofá (*Sophie e Benedict foi em um sofá*), foi diferente.  Agora, o que muda muito as coisas é o fato disso tudo no seriado ter ocorrido antes de Colin descobrir que Penelope era Lady Whistledown.  Ele desvenda o segredo na última cena do episódio #6.  Como não pude parar para assistir ao que vem depois, vamos ver como a coisa toda se desenrola. 

E vamos falar de Cressida (Jessica Madsen), agora.  Nos livros, ela é vilã bem pérfida e invejosa.  Não há discussão quanto a isso, só que nesta terceira temporada, pelo menos do episódio 1-4 lhe deram várias camadas para a personagem e a amizade com Eloise fez com que a moça tivesse mais importância na história. Ficamos conhecendo melhor os seus dramas pessoais que de materializavam, inclusive, nas escolhas absurdas de seu figurino (*o vestido vermelho no episódio #6 foi espetacular*). Tudo isso foi demolido rapidamente já no episódio #5.  

Conforme prometido, a jovem estava sendo constrangida por seu pai a casar com um velho, afinal, na sua terceira temporada na sociedade, ela não conseguira um marido rico.  Quando fica sabendo do escolhido de seu pai, Cressida até estava vendo vantagens em se casar com o velho.  Logo ficaria viúva e livre, fora isso, poderia comprar o que quisesse.  Mas eis que ela descobre que seu futuro marido é um (falso)puritano e extremamente controlador, antes do cidadão bater as botas, seria trancada em um mausoléu com ele e reduzida a uma boneca sexual. Dá para entender, na lógica do seriado da Netflix, que ela surte mesmo a partir daí.

Quem poderia ajudá-la a manter o prumo?  Eloise, claro.  Cressida quer sua ajuda desesperadamente, mas a Bridgerton chata passa boa parte do episódio #5 centrada em Penelope, primeiro, como atormentá-la e obrigá-la a contar o segredo, depois, em sua tentativa infrutífera de contar para Colin.  Cressida foi abandonada por Eloise quando mais precisava dela e ficou comprovado que ela tinha sido usada pela moça como uma espécie de substituta para Penelope.  Depois que ela e a protagonista da temporada fazem as pazes, ela descarta Cressida sem cortesia alguma.  "Ah, mas Cressida disse que era Lady Whistledown!".  Sim, verdade, mas fez isso depois de ter pedido ajuda em vão. 

Dito isso, se houve possibilidade de redenção para a jovem, Eloise, no seu egoísmo, a empurrou para o abismo.  Teremos alguma meia culpa?  Não.  Cressida e Portia estão na mesma prateleira para os roteiristas da série.  São pessoas más, ou vulgares e não merecem cortesia.  A partir de agora, Cressida reassume uma posição vilanesca e terá que lutar pela sua própria existência social, afinal, ao se assumir como Lady Whistledown, sendo uma jovem solteira (*no livro, ela já estava casada*), ela está quase na posição da pária social.

No episódio #6, temos um pouquinho de Benedict (Luke Thompson) e a proposta de Lady Tilley (Hannah New) e seu amigo bonitão de arrastá-lo para a cama.  Acreditava que iriam enterrar de vez essa característica queer da personalidade dele que estava muito evidente na primeira temporada, mas decidiram investir pesado nela.  Mas nada aconteceu ainda, deixo mais comentários para a próxima resenha, quero teorizar sobre o futuro dele.


Lady Danbury (Adjoa Andoh) finalmente explodiu com o irmão, Lorde Marcus Anderson (Daniel Francis), que estava flertando abertamente com Lady (Violet) Bridgerton (Ruth Gemmell).   Ele cria que ela tinha algum rancor por perder o lugar de filha mais velha e o amor do pai, mas ela mostra que sua mágoa era por outro motivo, ela iria fugir para nãos e casar com Lorde Danbury, um homem muito mais velho (*não vi Rainha Charlotte, mas sei disso*), e o irmão a denunciou, por assim dizer.  Ele sequer parecia lembrar, talvez nem tenha feito nada, mas o fato é que ela o adverte que ela não vai tirar mais nada dela, no caso, sua amiga Violet.  

Kate e Anthony (Jonathan Bailey) reapareceram.  Eles estão grávidos, mas ainda não contaram para a família.  Eles tiveram algumas cenas e, como não são protagonistas da temporada, me sinto muito satisfeita só deles aparecerem.  Kate organizou seu primeiro baile como viscondessa de Bridgerton e  deu conselhos para Eloise, o que acabou fazendo com que ela se mexesse para tentar retomar sua amizade com Penelope, antes disso, ela vai falar com Colin e temos a pequena dose de reacionarismo de Bridgerton, a série da Netflix, com o rapaz lembrando da decepção de Eloise ao descobrir que não poderia aprender a esgrimir.  Havia mulheres esgrimistas, poderiam ter feito uma cena muito melhor simplesmente dizendo que sua mãe a a de Penelope jamais deixariam as duas aprender a lutar espadas.

Voltando para Kate, suas roupas estavam muito bonitas nesses dois episódios, bem diferente das coisas disformes que apareceram no primeiro capítulo da temporada.  Aliás, do figurino desses episódios, o que me irritou foram os "cold shoulders" (*não sei como se chama isso em português*) de Violet Bridgerton.  Ficou feio?  Não, mas ficou estranho, fora que eu não gosto deste tipo de manga mesmo.  Como pontuei na última resenha, o figurino desta temporada me decepcionou um tanto, o mesmo vale para os excessos de modernidade nos cabelos e maquiagem.  Ficou feio?  Não, mas acabou criando uma situação em que fica difícil saber em que (*suposta*) época as pessoas deveriam estar.

Terminando, porque já me estendi demais, os episódios deram andamento ao romance de Francesca e John Stirling, Lorde Kilmartin (Victor Alli).  E o relacionamento dos dois foi desenvolvido de forma delicada e sem os arroubos dos outros casais que aparecem na série. Isso sem deixar de mostrar a mocinha, que é a Bridgerton que só quer ter sua própria casa e um pouco de paz, pressionando a mãe para conversar com a rainha e esclarecer as coisas, afinal, a soberana tinha planejado outro casamento para a jovem.  Já John, que é muito tímido, começa a interagir com a família Bridgerton e outras personagens sem trair este traço de sua personalidade. 

Foi uma boa ideia colocar o romance principal da temporada, o de Colin e Penelope, em contraponto com Francesca e John.  É possível amar de várias formas diferentes.  Nem sempre a coisa precisa ser explosiva e se conduzir feito um trem descarrilhado para ser convincente.  E, como pontuei, não vou comentar o que vem depois, paro por aqui.

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