Esta semana foi lançado o primeiro encadernado do mangá Okuremashite Seishun (おくれまして青春), de Kira Hanamaru, que é publicado na revista Dessert, a mesma de Yubusaki to Ren Ren (ゆびさきと恋々), guardem essa informação. O anúncio estava no Comic Natalie. Eu não conhecia a série, mas fiquei curiosa em dar uma olhada e havia quatro capítulos disponíveis em scanlation. Vou começar dando o resumo do ponto de partida do mangá e, a seguir, faço uma pequena resenha do que li:
Wakaba tem 20 anos e é uma estudante universitária que não pode aproveitar a sua adolescência, porque estava sempre estudando. No Halloween, ela decide sair vestida com o uniforme escolar tentando criar memórias de uma falsa adolescência para preencher o vazio que sente. Ela termina sendo salva de um assediador por um colegial chamado Tachibana. Wakaba acaba convencendo o garoto a sair com ela em um encontro dos sonhos, daquele tipo que ela nunca teve quando estava no colegial. Só que Wakada termina descobrindo que, na verdade, Tachibana também é um estudante universitário como ela.
Tachibana ia a uma festa à fantasia, mas ela foi cancelada e ele terminou vagando pelo bairro vestindo seu antigo uniforme escolar. Quando estavam se separando, Wakaba propõe para o rapaz que continuem se encontrando, que ele a ajude a montar um conjunto de memórias falsas que uma colegial de shoujo mangá teria para guardar por toda a vida. Tachibana, apesar de parecer um sujeito com a cabeça no lugar, termina embarcando nas fantasias de moça, porque, como vocês poderão notar, caso peguem o mangá, ele está apaixonado.
Consegui somente os primeiros capítulos, o mangá começa muito bem, o primeiro capítulo é engraçadíssimo. A informação que coloquei no resumo de que a protagonista é leitora de shoujo mangá não é dada em nenhum momento, mas, volta e meia, ela está deitada em algum lugar com o que parece ser um mangá. As fantasias que ela alimenta, e que aparecem dentro da história também são típicos clichês de shoujo escolar. Logo, não há dúvida. Em alguns momentos, Wakaba me lembra a delirante protagonista de Heroine Shikkaku (ヒロイン失格), de Momoko Koda.
Wakaba fala o que lhe vem na cabeça, sem parar para pensar e, logo em seguida, se arrepende. Em seu encontro com Tachibana, o primeiro, o do capítulo de abertura que é excelente, ela conduz o rapaz por um percurso de atividades que lhe proporcionariam as recordações certas. Ela sente culpa, afinal, ela crê que ele é um adolescente e que está fazendo questão de pagar por tudo o que ela consome, mas a jovem não consegue dispensar o cavalheirismo. Já ele parece fascinado pelo caráter impulsivo da moça. E ambos, vejam bem, ambos, acreditam estar com um colegial. Ele também não sabe que Wakaba é uma universitária.
A farsa acaba em um encontro com um policial, ele cobra a carteirinha escolar dos dois, afinal, já era muito tarde da noite, talvez, madrugada, e os dois estavam na rua. Eles se sentem ridículos, humilhados, mas Tachibana não resiste em aceitar um novo encontro de fantasia. Ele também viveu muito pouco do que seriam essas experiências idealizadas do colegial. Fazia parte do clube de basquete (*ele já era muito alto quando entrou no ensino médio*) e as atividades esportivas e a preparação para os exames de admissão na universidade consumiam todo o seu tempo. Fora isso, ele está fascinado por Wakaba.
No segundo capítulo, os dois invadem uma escola, o antigo colégio do rapaz, durante a noite. Ele sabia como entrar, já fizera isso antes. E eles encenam situações em sala de aula que um casal idealizado do colegial teria. Comparado com o primeiro capítulo, este segundo é meio morno. No terceiro capítulo, ambos descobrem, como não poderia deixar de ser, que estudam na mesma universidade. Ela no departamento de Letras-Literatura, ele no de Ciências. Nada é dito sobre o que ele estua lá. É um episódio sobre uma feira universitária e seus clubes, Tachibana descobre que o hobby da moça é fotografia, mas que ela nunca se fotografou muito. O pessoal do clube de cosplay pede que eles se vistam como colegiais dos anos 1980 e os dois terminam, mais uma vez, fantasiados e produzindo novas recordações para a moça.
Neste terceiro capítulo, há a introdução dos colegas de Tachibana, que querem rir dele, mas terminam chocados com algo que Wakaba fala. O rapaz nãos e aborrece, ele fica até feliz pelo fato dela parar de se conter, ele prefere a moça quando ela é cabeça de vento e não pensa muito no que fala. O quarto capítulo é o da visita ao parque de diversões. Tachibana termina se soltando e aceitando viver algumas situações que mesmo quando adolescente tinha reprimido. Tudo parecia ótimo, mas Wakaba se lembra que tem um trabalho para o outro dia e que só teria poucas horas para terminar e o livro ela esquecera na faculdade. Na verdade, desde o primeiro capítulo, Wakaba só tem cabeça para os encontros com Tachibana, ela não consegue se concentrar nos estudos.
Ela mora longe e o rapaz então a convida para ir até a casa dele, ele já fez aquela disciplina, que parece coisa de ciclo básico de todos os cursos e que guardou as anotações. O coração de Wakaba começa a acelerar, afinal, ela vai até a casa do moço, eles são adultos e, bem, sabe-se lá o que pode acontecer. Até o momento, não tivemos sequer um beijo. Abraços encenados, sim, mas beijo, não. A rigor, eles são amigos não namorados. Fosse um mangá TL, dada a proximidade dos dois, a coisa já teria escalado no primeiro, ou no segundo capítulo.
Enfim, Okuremashite Seishun é mais um mangá shoujo com protagonistas universitários. Isso aponta para duas coisas, há um nicho para esse tipo de história, vide Yubisaki to Ren Ren, e a Dessert está mirando, também, um público mais velho para que ele não migre para uma revista josei. Diferente de Yubiren, é uma comédia, não vi sequer um pouquinho de drama em Okuremashite Seishun, o primeiro capítulo, em especial, é engraçadíssimo. Além disso, ele está dialogando com o romance escolar, afinal, a mocinha quer construir memórias falsas.
Analisando os quatro capítulos, só fico imaginando o quanto ainda vão esticar essa coisa das memórias de uma juventude nunca vivida. Kabebon não rolou ainda, vai acontecer, olha a imagem acima. A autora terá que ter muita competência para conseguir criar situações críveis, dentro da lógica da história, claro, de encontros e situações que ambos, afinal, Tachibana também não foi um adolescente padrão shoujo mangá, poderiam ter vividos. Outra coisa, algo que notei nos sempre interessantes comentários no Bato.to é como as pessoas estavam histéricas até descobrirem que Tachibana não era um colegial de DEZOITO anos, nova maioridade japonesa.
Se Wakaba estivesse enganando o rapaz, seria errado, agora, por favor, qual a grande diferença entre um adolescente de 18 anos e um de 20? Essa histeria dos norte-americanos me enerva e não é de hoje. Aliás, essa noia já chegou por aqui faz tempo (*outro exemplo*). O povo vê pedofilia onde não existe e se sente desconfortável com materiais ficcionais por motivos absurdos. Aliás, já escrevi longamente sobre isso e, detalhe, a maioria dos estados norte-americanos tem idade de consentimento, mas, não, de casamento, ou seja, se casar, a gente pode dar um jeitinho. De qualquer forma, recomendo principalmente o primeiro capítulo. Mesmo se lido isoladamente, ele é extremamente divertido.
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