Continuando minhas resenhas de Yubisaki to RenRen (ゆびさきと恋々), anime baseado no mangá de mesmo nome da dupla que assina como suu Morishita. Para quem caiu aqui e não conhece a série, recomendo ir até a resenha do início do mangá, ou a primeira resenha do anime. Yubisaki to RenRen, ou Sign of Affection, seu nome oficial em inglês, conta a história de Yuki, uma estudante universitária comum, que tem amigos e sonhos, mas que tem um pequeno diferencial, ela é deficiente auditiva.
Educada em escolas especiais, Yuki que expandir seus horizontes e, por isso, decidiu estudar em uma faculdade como qualquer outra. A jovem conhece no metrô um rapaz, seu veterano, chamado Itsuomi. Ele tem interesse por línguas estrangeiras e a língua japonesa de sinais é uma outro idioma. Itsuomi quer entrar no mundo de Yuki, comunicar-se com ela, fora isso, ela termina por se apaixonar pelo rapaz. Será que Yuki é correspondida? Será que Itsuomi sente alguma coisa pela jovem, ou é somente amizade e interesse fruto do seu hobby?
Muito bem, acredito que foi o episódio mais fofo até agora. Yuki foi até a casa de Itsuomi. Ela fica encabulada, ela está apaixonada por ele, ela imagina que algo mais possa acontecer. Já o rapaz parece absolutamente à vontade com a situação. Acredito que a ideia que a animação - e isso certamente deve estar no original - tenta reforçar é que ele passou muito tempo fora do Japão e seu comportamento é mais ocidental, ou aberto.
Nagi, primo de Itsuomi, se preocupa com o fato de Itsuomi ter levado Yuki até sua casa. Rin, amiga de Yuki, tenta acalmá-lo, mas o que está em questão é uma certa ideia de que a protagonista é mais indefesa do que outros moças e que o rapaz poderia estar brincando com os sentimentos dela. É uma atitude paternalista, pensando na deficiência de Yuki, logo, mais inocente que outras moças de sua idade, ou ainda que toda mulher é uma vítima em potencial e precisa ser protegida. E de quem? De outros homens. Sim, Nagi conhece bem a dinâmica da sociedade em que vive e está agindo, dentro da lógica estabelecida, como alguém decente.
Eu cresci em um meio social-familiar no qual era mal visto que uma moça solteira e direita fosse na casa de um homem sozinha. Que ela ficasse sozinha em um quarto com ele, mesmo que fosse o quarto dela, na casa da própria moça, com a família por perto. A imagem pública dessa jovem mulher poderia ficar manchada, porque, atentem bem para isso, dentro da lógica dos papéis de gênero, era esperado que aquele homem tentasse ter intimidades com ela que ele não poderia ter em um lugar público. Um homem que não força intimidades, não seria homem de verdade. Papéis de gênero não são simétricos, mas o machismo é cruel com os homens, também.
Em contrapartida, uma mulher que fosse sozinha até a casa de um homem solteiro, estaria se colocando em risco de perder sua virtude. É esta a discussão que também temos ali, também. A diferença é que Nagi joga o peso para Itsuomi, ele é responsável por colocar a moça em uma situação que pode lhe gerar constrangimento. Quais as intenções dele? Só que Itsuomi é um sujeito desencanado e dá um passa fora elegante no primo. E seguimos com a interação entre Yuki e Itsuomi.
Ficamos sabendo algumas coisas sobre ambos. Itsuomi explica que entrou mais tarde na faculdade, que morou na Alemanha. Mostra fotografias para Yuki e ela descobre que ele tem uma irmãzinha muito mais jovem que ele. Já Yuki ri e produz sons pela primeira vez. Ela explica, e isso é importante, que ela consegue falar, mas que é algo que lhe parece estranho. Fica subentendido, também, que ao tentar fazê-lo, ela passou por situações constrangedoras em sua infância.
A partir daí, Itsuomi quer criar situações para ouvir a voz de Yuki novamente. É bonitinho. Agora, dentro da lógica da cultura japonesa, ele foi bem desrespeitoso, porque até cócegas fez nela. Desrespeitoso, mas como tudo o que Yuki quer é o contato, a proximidade, podemos ler que há consentimento, ainda que ela fique encabulada como toda mocinha padrão de shoujo deve ficar. Foi um episódio gostoso de assistir, mas temos um clichê a mais a se comentar: Ema.
A moça dormiu na cada de Itsuomi, vimos isso no episódio passado. Sabendo das intenções dela, o rapaz foi para a casa de Nagi. Ema volta para devolver a chave do apartamento. E ela faz questão, seguindo todos os cânones da antagonista de série/novela/filme romântico de dar a entender para aquela que lê como sua rival que há mais intimidade entre ela e o mocinho do que existe de verdade. No início, escapa à Ema a deficiência de Yuki, mas a protagonista entende a mensagem errada e quer ir embora o mais rápido possível.
Obviamente, Itsuomi não gosta nada da situação, mas Yuki acaba escapando dele, de uma conversa franca. É Rin que, já no finalzinho do episódio, vai conseguir juntar os dois no mesmo lugar e permitir que alguns mal-entendidos sejam resolvidos. Cabia já um beijo, mas a coisa vai em marcha lenta em Yubisaki to RenRen. De qualquer forma, tudo é muito delicado e bonito nesse episódio. Vi gente reclamando que Ema está sendo injustiçada, mas teria que ir ao mangá para confirmar e não fui ainda.
Como pontuei, o que temos é um clichê. Uma mulher mais experiente é antagonista de uma que está descobrindo o amor, a que é mais vivida tenta afastar a rival usando de subterfúgios rasos. Como a confusão parece já ter sido desfeita e a série segue os cânones do shoujo mais tradicional, imagino que Yuki e Ema ainda terminem amigas. É esperar para ver. Para quem não sabe, o mangá Yubisaki to RenRen foi anunciado pela Newpop ano passado.
P.S.: Se você quiser saber por qual motivo esta resenha demorou tanto a sair, leia o post que fiz mais cedo, por favor.
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