Finalmente, assisti ao segundo episódio de Yubisaki to RenRen (ゆびさきと恋々), que foi ar no sábado passado Estou fora de casa (*férias de professor*) e fiquei literalmente longe do computador no fim de semana. O fato é que mesmo com as minhas críticas ao primeiro episódio, e a história do aparelho auditivo de Yuki ainda não me pareceu explicada de forma adequada neste episódio 2, a série está muito bonita e a protagonista é tão encantadora na sua vontade de expandir seus horizontes e no seu processo de descoberta do amor que é impossível não se deixar conquistar.
Neste episódio, continuamos acompanhando a relação entre Yuki, uma universitária que lida da forma mais natural possível com as possibilidades e limitações da sua deficiência auditiva, e Itsuomi, o rapaz poliglota que decide fazer parte do mundo da protagonista. Yuki também começa a refletir sobre seus sentimentos pelo rapaz a partir das conversas que tem com Rin, sua melhor amiga, e que é uma moça ouvinte.
É introduzida, também, uma personagem importante e que parece ser o antagonista de Itsuomi pelo coração da protagonista. Oushi é amigo de infância de Yuki e visivelmente gosta dela. Só que é um gostar possessivo e que busca isolar a moça do mundo. Oushi é fluente na língua de sinais, mas ele não considera que pessoas surdas possam se inserir na sociedade de forma plena. Não se trata, portanto, de um problema somente com Yuki, porque o rapaz ajuda um moço surdo do metrô. Ele vai atrás do jovem, que não percebeu que não tinha pago a passagem, o aborda e explica que ele precisa voltar até a bilheteria, ou catraca, mas, em seguida, comenta com outra personagem que acredita que pessoas com deficiência auditiva deveriam ficar separadas das demais.
Em uma de suas interações com Yuki, ele chega mesmo a tentar plantar na moça dúvidas a respeito da amizade que Rin tem por ela. Prestem atenção no diálogo dos dois. Além disso repreender a moça pela forma como se comportou em determinado momento com Yuki. Mesmo sem ter avançado na leitura do mangá, imagino que ele irá tentar afastar Itsuomi de Yuki. Primeiro, por querer a moça para si, mas, também, por acreditar que pessoas surdas não são capazes de serem indivíduos completos e funcionais. Oushi é aquilo que costumamos chamar de capacitista, mas não por ignorância, ele parece escolher discriminar pessoas surdas.
O episódio também mostra que Yuki frequentou uma escola especializada e interagiu com surdos desde a educação infantil. Ao chegar ao fim do ensino médio, desejou ir para a universidade para expandir seus horizontes. Oushi chega a perguntar para ela por qual motivo ela quis frequentar a faculdade e Yuki faz pouco caso da pergunta. Devem explicar como eles se conheceram, porque na escola não foi, obviamente. Em que momento Oushi se esforçou para aprender tão bem a língua se sinais? Foi somente por Yuki?
Algo que vi alguém comentando no Twitter é que nem a mãe de Yuki não usa língua de sinais com ela. Bem, minha tia nem sempre usa com os meus primos, todos três são surdos. Ela fala olhando para eles, ela às vezes usa um ou outro sinal, mas não é uma comunicação contínua em língua de sinais. A mulher que parece ser mãe da protagonista até chega a usar um sinal, mas ela fala com Yuki normalmente olhando para ela. No mangá, Yuki mora em uma república, o que serve para acentuar ainda mais a sua busca por independência.
De resto, o anime continua com uma animação de qualidade, o uso das cores é muito bonito. Yuki é uma protagonista bishoujo, muito bonita, muito kawaii, alguém que se destaca pela sua aparência, como todas as outras criadas por suu Morishita, é algo raro, porque, na maioria das vezes, a mocinha é alguém comum para facilitar a identificação com as leitoras do mangá. Isso é quase uma regra, a mocinha precisa ser alguém no qual a leitura possa se projetar e se ela é muito bonita, por exemplo, esse processo pode ser dificultado. De qualquer forma, todo mundo é bonito na série, ainda que nenhuma das mulheres seja tão bonita quanto Yuki.
Outra coisa, acredito que propositalmente foi estabelecido um contraste entre Itsuomi e Oushi, o primeiro é luminoso, brilhante, começando por seu cabelo platinado, já o segundo, é escuro, sombrio, ele quer arrastar Yuki para um mundo fechado. Itsuomi abre para Yuki novas possibilidades. Neste episódio, por exemplo, ele divide com a jovem suas fotos e experiências em uma breve viagem ao Laos. VEnfim, vamos observar se o jogo de cor e luz vai continuar o mesmo. E eu amo o encerramento do anime, ele é muito delicado.
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