Estava olhando o Comic Natalie e me deparei com um post falando do lançamento do primeiro volume do mangá Ijiwaru na Haha to Ane ni Urareta Watashi. Naze ka Wakagashira ni Dekiaisaretemasu (意地悪な母と姉に売られた私。何故か若頭に溺愛されてます), cuja tradução é algo como "Fui vendido pela minha mãe e irmã malvadas. Por alguma razão, sou adorada pelo jovem chefe.". No título, havia algo como cinderela e esposa perfeita. Pensei, "OK, lá vamos nós de novo!". Pensei que seria algo na linha Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚), mas com a mocinha vendida pela família.
Detesto essas histórias de mocinha vendida, vi que era nos dias de hoje e achei que seria material ruim, mas fui olhar os dois capítulos que já tem scanlations e foi uma surpresa. Bem, não é que fuja dos clichês, mas é a sinceridade e a forma como a narrativa é organizada que devem ter feito a novel fazer tanto sucesso, porque, sim, foi isso que levou para a adaptação em mangá e, talvez, conduza a um dorama, porque parece material facilmente adaptável. Mas vamos para a história:
Sumire tem vinte anos e é uma moça trabalhadora e esforçada. Ela mora com a mãe e a irmã mais velha, ambas não trabalham e exploram a protagonista. Além de trabalhar fora, ao chegar em casa, ela ainda tem que fazer toda a sorte de serviços domésticos. Sumire quer o afeto da mãe desde a infância e nunca recebeu a não ser insultos e acusações. Para a mãe, o marido foi embora e abandonou a família por causa da filha mais nova. Imagino que ele queria um menino, nada é explicado, mas a mãe da protagonista a acusa de ser feia, desengonçada e incapaz de conseguir o afeto das pessoas. A irmã mais velha, Ran, diz que o destino de Sumire é nunca se casar. Quando tem algum tempo livre, Sumire lê romances e observa o grupo das colegas de colégio no celular e lamenta que somente ela parece não ter uma vida.
Uma noite, três homens mal encarados aparecem na porta, eles são yakuza. Ran está endividada com a máfia e sem a mínima possibilidade de pagar o que deve. O chefe do trio pergunta quantos anos ela tem. Como ela é maior de idade, ele diz que irá levá-la para trabalhar em uma de suas "lojas". Trata-se de um eufemismo para prostituição (*mais adiante, ele irá deixar isso claro*), ou melhor dizendo, escravidão sexual. A mãe ameaça chamar a polícia, o yakuza diz que não adianta. É então que Ran sugere que levem sua irmã, que é mais jovem, ainda que não seja bonita. Sumire fica desesperada, mas nada diz e olha para a mãe esperando que ela se compadeça dela. A mãe concorda com a filha mais velha.
Os dois yakuza dizem que é mau negócio, mas o chefe do grupo fica atordoado com a situação. Ele pergunta se Sumire está de acordo com isso. A jovem, em absoluto desalento, diz não se importar. Vemos os pensamentos da garota, ela pensa no quanto não é amada e que não tem um lugar no mundo onde se sinta acolhida. Entregar seu corpo seria somente uma variação do inferno no qual já vive. Ela termina por dizer para o yakuza que leu muitos livros sobre a máfia japonesa e sabe o que a espera. Ele gargalha, mas fica com pena da moça. No outro dia, contrariando o procedimento padrão, ele mesmo vai com outro colega, que parece ser seu irmão caçula, buscar Sumire.
O rapaz mais jovem debocha dele. Diz que ele nunca se interessou por mulheres e que a tal garota deve ser muito bonita. Ele diz que não é absolutamente o caso e que não tem interesse especial por ela. No entanto, se sente atormentado pelo olhar inexpressivo da moça e a forma como ela se deixou vender pela mãe e pela irmã. Obviamente, ele já está apaixonado e é necessário ver como essa história irá se desdobrar, pelo título do post, no entanto, já fica dito que o chefão irá transformar Sumire em sua esposa.
O que temos nesse mangá é mais uma mocinha que sofre abuso emocional e abandono afetivo. A coisa é tão pesada que ela não percebe que bastaria ir embora, afinal, TODA a renda da casa é produzida por ela. Quem iria impedi-la? Consigo esquecer desse detalhe sendo uma história contemporânea? Não sei. E continuo detestando esse plot da mulher comprada, porque Sumire estará em uma posição que é tudo menos igualitária, mas a autora já desenhou que o chefe mafioso tem um código de honra e um bom coração. Como há toda essa fascinação por yakuza nos mangás femininos, e que não é muito diferente das toneladas de romances de banca sobre mafiosos produzidos no Ocidente, há público consumidor de sobra.
O chefe mafioso é do tipo bonitão, algo comum nesse tipo de história. Resta saber se o mangá vai ficar no romance água com açúcar ou teremos pimenta nessa história. Acho que devemos ficar no chove e não molha, não me parece que o mangá é TL, ou passa perto disso. Já a mãe e a irmã mais velha são absolutamente detestáveis. Estão no mesmo nível da madrasta e da meia-irmã de Miyo. O agravante, claro, é que no caso de Sumire é sua mãe biológica que a trata dessa forma desprezível.
Concluindo, a autora do romance original de chama Rin Mitsuki, o vídeo sobre o primeiro livro teve mais de 5 milhões e oitocentas mil visualizações no Youtube, segundo o CN. Achei três volumes de novels no amazon Japão. A responsável pelo mangá se chama Suzumaru e o quadrinho sai na B's-Log Comic, que é uma revista para o público feminino adulto. Suzumaru postou umas animações do mangá no Youtube. Já a arte da série de livros é de Fumi Takamura, gostei bastante do traço dela. Tanto Takamura, quanto Suzumaru, são mangá-kas de BL, talvez seja a primeira incursão delas fora da demografia.
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