O filme baseado no mangá Mystery to Iu Nakare (ミステリと言う勿れ), de Yumi Tamura, estreou nos cinemas em 15 de setembro e autora postou uma ilustração especial no Twitter comemorando 3 milhões de ingressos vendidos. Olhando o Mojo Box Office, a gente consegue ver as bilheterias no Japão e Mystery to Iu Nakare conseguiu ficar quatro semanas seguidas no topo das bilheterias do país, perdeu o posto somente na semana que abriu em 21 de outubro. O mangá foi anunciado pela JBC, mas não está em pré-venda ainda, ou eu não encontrei.
Morei quase vinte anos em um bairro de Brasília chamado Cruzeiro Novo. Dava para ir à pé até o Terraço Shopping em 10 minutinhos e eu fazia isso com frequência, especialmente, para ir ao cinema. Não era o melhor de Brasília, com as salas melhor equipadas, mas sempre tinha algo interessante passando e, ultimamente, oferecia filmes legendados em horários decentes, coisa que não ocorre mais em outros cinemas da rede. Agora, morando longe, pouco ia até lá, a última vez foi para ver Barbie, primeiro, sozinha, depois, com a Júlia.
Pretendia ir até lá ontem, porque Júlia queria ir ao cinema ver Trolls 3. Não achei a programação, fui até a página do Kinoplex e a surpresa é que as salas haviam fechado. Como assim? Sempre havia movimento por lá! O que aconteceu? Uma ex-aluna disse que achava que tinha falido e que o boato é que iria abrir uma loja maior da Renner. Fiquei muito triste. Tinha um laço afetivo com o Terraço, quando consegui dirigir sozinha pela primeira vez, meu teste foi pegar o carro e ir até lá e assistir qualquer coisa que estivesse passando. Lembro que fiquei muito feliz mesmo, porque foi uma grande vitória.
Enfim, desde que cheguei a Brasília, mais abriram cinemas do que fecharam. O Conjunto Nacional, bem no centro, fechou as suas, que deveriam ser das mais antigas a cidade. No lugar, acho eu, abriu a Zara. As salas do Brasília Shopping, que exibiam filmes mais alternativos, competiam diretamente com as do Liberty Mall e fecharam para virar teatro e lugar de palestras. Foi uma troca, não foi uma perda. É um teatro bem acessível e que funciona muito bem até hoje. Agora, foi o Terraço. Ainda tenho esperança que passe para outra rede. Se virasse Cinemark, seria ótimo.
De qualquer forma, acredito que o fechamento é uma burrice. Vendo os adolescentes fantasiados para assistir Five Nights At Freddy's no Pátio Brasil, imaginei como o Terraço ficaria lotado, também. Não acho que uma Renner vá compensar o fechamento dos cinemas.
Notícia importante, esta semana, a Academia Brasileira de Letras incluiu a palavra "dorama", que é a vocalização japonesa de "drama", no seu vocabulário da língua portuguesa (do Brasil) com a seguinte definição "substantivo masculino. Obra audiovisual de ficção em formato de série, produzida no leste e sudeste da Ásia, de gêneros e temas diversos, em geral com elenco local e no idioma do país de origem.". O problema é que o verbete segue dando um grande peso para o Japão como ponto de origem e difusor de uma mídia que foi apropriada, adaptada e aperfeiçoada em outros países, como a Coria do Sul e China.
E o verbete segue explicando que "para identificar o país de origem, também são usadas denominações específicas, como, por exemplo, os estrangeirismos da língua inglesa J-drama para os doramas japoneses, K-drama para os coreanos, C-drama para os chineses". Isso irritou particularmente a comunidade coreana, porque as produções de cada país teriam suas peculiaridades e até denominações próprias.
Não sou dorameira, tampouco, tenho grandes reflexões sobre o tema, no entanto, á cansei de ver gente usando C-Drama, K-Drama, TW-Drama, Thai Drama etc. por aí (*exemplo*). Está correto? Está errado? Só a gente usa? É pronunciado do-ra-ma, como no Japão, ou é falado drama? Acredito que a acusação de "orientalismo", que está no artigo que linkei no parágrafo anterior, termo que sempre aparece para denunciar os ocidentais (*e os brasileiros se sentem parte do Ocidente*), rotulá-los de preconceituosos, delirantes e reducionistas em relação aos asiáticos, um exagero. Aliás, quando vejo três termos "narrativa", "lugar de fala" e "orientalismo" na boca ou texto de alguém, já fico esperando pelo pior. No caso do uso de "orientalismo" e "lugar de fala", especialmente em certos círculos de fãs e da internet como um todo, serve de sinônimo para "cale a boca". O fato é que dorama é termo em japonês e isso ofende os coreanos, porque as relações entre os dois países são complicadas por conta do que o imperialismo do Japão aprontou na região. Valeria a pena usá-lo como termo guarda-chuva?
Qual termo usar, então? Não sei. Eu chamaria de série japonesa, série coreana, série chinesa, ou meteria um novela, que é termo guarda-chuva que a gente usa para as produções de vários países, e não iria me estressar com a questão. Mas eu nao sou especialista, estou escrevendo um artigo de opinião e, não, um texto acadêmico, e realmente não estou incomodada com as reclamações. Não é meu foco mesmo. Há grande diferença na estrutura das séries dos diversos países? Porque o que eu vi de K-drama, é muito parecido com o que eu vi de J-drama, mas eu vi MUITO POUCA COISA, que fique claro (*Se dependesse as sugestões de minha amiga Natania, estaria gastando seis horas do meu dia assistindo séries coreanas*).
Agora, quando olhei certas coisas chinesas, elas me pareceram ser bem mais longa na média, que as coreanas, japonesas e taiwanesas que eu conheço. De Taiwan, aliás, só vi material que é adaptação de mangá mesmo, como Mars, ou seja, foi coisa curta. Até achei um artigo no Jovem Nerd falando das diferenças, mas até eu sei que o que foi descrito como dorama japonês é somente o tipo de material que chega aqui, não representa a variedade do que se produz por lá.
O fato é que falando em novela, é que a maioria dos países deve ter um termo específico para esse tipo de produção, mas nunca vi comoção à respeito. Aliás, a depender do dorama japonês, algo que conheço um tiquinho, porque volta e meia mangá vira série live action, ele pode ser curto, 8, 10, 12 episódios, ou passar dos 100 tranquilamente, tudo depende do tipo de série, do horário e do público alvo. Esses doramas longuíssimos, alguns passando de 300 episódios, são dramas históricos protagonizados por samurai ou mulheres que têm que superar uma série de obstáculos (*chorando rios de lágrimas*), ou grandes sagas de família. O nome disso, pelo menos no Brasil, é novela. Imagino que seria visto da mesma forma no resto da América Latina, mas muita gente que despreza este tipo de produção, nossas novelas, se sentiria ofendido.
Para além essa história de número de episódios, um dorama pode ter especiais de duas horas, ou ser dividido em temporadas, ou voltar no cinema para a sua conclusão, vide Hana Yori Dango (花より男子), que está na imagem. Será mesmo que a palavra dorama era necessária em nossa língua? Agora, depois de escrever este texto, acredito que não. Mas fica a minha dúvida, os coreanos usam a palavra dorama, ou não usam? Eu sei que os tailandeses têm um termo próprio, Lakorn, ainda assim, já vi se usando Thai Dorama por aí e não vi reclamações a respeito até o verbete da ABL aparecer.
Uma luta anos no Japão estava ligada a obrigatoriedade de que pessoas que passavam por transição de gênero tivessem que ser esterilizadas, além de passar pela redesignação genital (*imagino*). Há pessoas trans que não desejam passar por cirurgia, há também homens que desejam e/ou precisam experimentar a gestação (*a depender do arranjo de família que construíram*), mas, no Japão, não havia escolha.
Leio esse tipo de imposição ainda como um resquício das políticas eugênicas que levaram à esterilização forçada de cidadãos e cidadãs japoneses considerados "inadequados" até os anos 1990. Sim, as práticas eugênicas persistiram oficialmente até 1993, ano em que foi feita a última cirurgia, e foi transferida para as pessoas trans, na medida que eles e elas também são vistos como imperfeitos.
A Suprema Corte do país afirmou que a obrigação de esterilização impõe "graves restrições" à vida e "limita o direito das pessoas a que não se interfira em seu corpo contra sua vontade". Além disso, a Corte também estabeleceu que “A restrição da liberdade de danos corporais ao abrigo desta disposição tornou-se cada vez mais desnecessária neste momento e o grau da restrição tornou-se mais sério. Portanto, a disposição em questão não é necessária e razoável”.
A Human Rights Watch já havia apontado, em 2019, que "O procedimento de mudança de gênero reconhecido pela lei exige uma cirurgia de esterilização e um diagnóstico psiquiátrico ultrapassado que é anacrônico, prejudicial e discriminatório". Um grande passo foi dado para a comunidade LGBTQ+ no Japão, porque ter a lei ao seu lado é importante dentro das democracias (*liberais*), é um mecanismo de segurança e um reconhecimento público de direitos. Para quem quiser ler as matérias que usei para escrever o post: O Dia e CNN.
Para quem quiser assistir a minha participação no V Encontro de Animê, Mangá, Ficção Científica e Cultura Pop no Ensino, ela está on line. Não falei de shoujo, nem de josei, especificamente, a fala é sobre ciência nos mangás e como isso poderia ser explorado em sala de aula. O evento é do @amsecpop.
Living no Matsunaga-san (リビングの松永さん), de Keiko Iwashita, foi publicado na revista Dessert entre 2014 e 2021. Com todo o sucesso feito pela série, eu esperava um dorama, mas ele, ou um anime, não vieram de imediato. O editor da revista, falando ao JPrime, explica que durante a publicação houve vários pedidos das fãs por um dorama. Ontem, sites japoneses começaram a anunciar que o ator Kento Nakajima, que tem 29 anos, um a mais que o Matsunaga do título, foi escolhido para o papel. Pelo que li, a escolha do rapaz foi uma surpresa, por conta dos escândalos envolvendo o fundador da agência do rapaz, o caso foi acobertado por muito tempo e ainda gera muita turbulência no Japão.
O dorama está previsto para 2024. Ainda não há detalhes sobre a atriz que fará a protagonista, Meeko, a adolescente que se vê obrigada a morar na casa de um tio que aluga quartos para universitários e jovens adultos. Meeko irá ajudar o tio a cuidar do lugar e termina fascinada pelos inquilinos do lugar, em especial, Matsunaga-san, que é um tanto intimidador no início, mas que sempre está por perto para ajudá-la. A série tem 11 volumes e não me espantaria se ela aparecesse no Brasil.
Amanhã, 19h, estarei participando do V Encontro de Animê, Mangá, Ficção Científica e Cultura Pop no Ensino promovido pela Fiocruz. É um evento on line e é possível assistir no Youtube e participar do debate. O link para o evento é este aqui.
Hoje, me marcaram no Twitter para avisar que Hisaya Nakajo, autora do mega sucesso Hanazakari no Kimitachi E... (花ざかりの君たちへ), ou Hanakimi, para encurtar as coisas, faleceu. Às vezes, quando mangá-kas falecem, as famílias não revelam as causas, mas, neste caso, a nota veio com a informação de que a autora tinha um grave problema cardíaco, foi o que a matou. A nota foi emitida hoje, mas Hisaya Nakajo faleceu em 12 de outubro. Há um post longo no Comic Natalie comentando a morte da autora.
Hisaya Nakajo, como eu desconfiava, era mais ou menos da minha idade, ela nasceu em 12 de setembro de 1973 e estreou em 1993, na Hana to Yume, com o mangá Manatsu no Hanzaisha (真夏の犯罪者), esta obra venceu o concurso de novos talentos da revista. Em 1994, ela publicou sua primeira série, Heart no Kajitsu (ハートの果実). Em 1996, ela estreou Hanakimi, sua série de maior sucesso e que rendeu várias adaptações para dorama no Japão e em outros países. Após Hanakimi, a autora não conseguiu nenhum outro grande sucesso, suas séries posteriores, como Sugar Princess (シュガープリンセス), foram sempre curtas. Seu último trabalho publicado, no ano de 2020, Himitsu - Hanazakari no Kimitachi e After School (秘密ー花ざかりの君たちへ After School).
Enfim, é muito triste, ela era muito jovem ainda, ou melhor, ela tinha quase a minha idade. E outra coisa, é lamentável que Hanakimi nunca tenha saído no Brasil.
Eis o ranking do Oricon desta semana, amanhã sairá outro. Entre os trinta mais vendidos do Japão temos três mangás shoujo. O melhor colocado é Uruwashi no Yoi no Tsuki, que deve ter anime, ou dorama, anunciado em breve; ainda no top 10 temos Goukon ni Ittara Onna ga Inakatta Hanashi e, por fim, aparece em Hikaeme ni Itte mo, Kore wa Ai. Este último parece ser um shoujo bem tradicional, mas vem recebendo muitos elogios.
1. Jujutsu Kaisen #24
2. SPY×FAMILY #12
3. Uruwashi no Yoi no Tsuki #7
4. Kusuriya no Hitorigoto #12
5. Goukon ni Ittara Onna ga Inakatta Hanashi #6
6. Grand Blue #21
7. Kami-tachi ni Hirowareta Otoko #11
8. Nigatsu no Shousha -Zettai Goukaku no Kyoushitsu- #19
Um dos grupos da Rosa de Versalhes do Facebook postou o link de mais um texto feito por um jornalista, acho que é homem mesmo, que assina como Dekai Penguin e que parece ser fã de shoujo dos anos 1970, para o Yahoo. Pois bem, o artigo é sobre casais coadjuvantes que são muito interessantes. Eu realmente não li Designer, um dos mangás citados, erro meu, porque tem scanlations, não posso comentar, agora, Bernard e Rosalie da Rosa de Versalhes... Rosalie fica com Bernard, porque não pode ter Oscar e ele fica com ela por acha-la parecida com sua mãe. Eu não consigo achar nada de bom nesses dois juntos, não. Já Tamaki e Onijima é um romance entre uma feminista, de verdade, desde a época de escola, além de uma ojousama perfeita, e um machista. Ela muda um pouquinho, mas é ele quem tem que mudar mais.
Voltando para Designer, percebam como a descrição que o autor do texto faz é de uma obra densa, adulta até, mas ela saia em uma revista que deveria ter um recorte mais infantil. Isso acontecia seja porque não se tinha plena separação entre o que era infanto-juvenil e adulto, seja pelo fato de não existirem ainda antologias e mangá para mulheres adultas. Outra coisa, o artigo não tem imagens, as que aparecerem, foram colocadas por mim mesma e minha tradução é sempre meia-boca para o japonês. Se você sabe ler a língua, basta clicar no link que está no primeiro parágrafo. Segue a tradução:
Mesmo não sendo os personagens principais, ainda bem que eles ficaram juntos! Casais que apareceram em mangás clássicos femininos da década de 1970 foram formados por personagens coadjuvantes
Muitos dos shoujo mangá de algum tempo atrás retratavam o amor puro entre uma bela heroína e um jovem atraente, e muitas vezes apresentavam rivais tentando separá-los, ou jovens bonitos que tinham um amor não correspondido pela heroína. Em algumas dessas obras, há cenas em que o melhor amigo ou rival do personagem principal se torna um casal de maneiras inesperadas. Embora não sejam tão proeminentes quanto os personagens principais, muitos leitores podem ficar aliviados ao ver a inesperada realização amorosa dos personagens coadjuvantes.
Desta vez, gostaria de apresentar as histórias de felizes realizações amorosas de personagens coadjuvantes dos clássicos mangás femininos da década de 1970.
“Haikara-san ga Toru” (はいからさんが通る) onde os fortes aliados de Benio unem, Tamaki e Onijima
"Haikara-san ga Toru'' é um mangá feminino de WakiYamato que foi serializado na revista "Shojo Friend'' (Kodansha) de 1975 a 1977.
Tamaki Kitakoji, a melhor amiga da personagem principal Benio, é uma garota linda e inteligente de família nobre. Ela é famosa por sua frase: “Não somos escolhidas pelos senhores, mas escolhemos os senhores”, e ela é retratada como uma mulher independente, o que era raro na era Taisho.
Seu oponente é Morigo Onijima, um homem de aparência durão e caolho, subordinado do noivo de Benio, Shinobu Ijuin. Onijima, que tem um temperamento difícil, conhece Tamaki enquanto trabalhava com Benio.
No início, eles eram obstinados e estavam sempre em conflito, mas à medida que trabalhavam juntos para proteger Benio e Shinobu, eles se sentiram atraídos um pelo outro. Após o casamento de Benio, os dois se dão bem, mas Onijima, que é muito inseguro, decide partir para a Manchúria por sentir que não é um bom par para Tamaki, que é de família nobre. No entanto, Tamaki, que não consegue esquecer Onijima, o persegue até a Manchúria, e eles finalmente se reencontram.
Tamaki e Onijima apoiaram Benio e Shinobu até o fim, e às vezes até arriscaram suas vidas para proteger os dois personagens principais. Acho que há muitos fãs que ficaram felizes em ver a formação de um casal tão lindo. A propósito, o passado de Onijima e o episódio em que Tamaki se torna sua namorada são publicados na edição extra de ``Haikara-san ga Toru'', "Sagisou Monogatari'' (さぎそうものがたり).
"A Rosa de Versalhes” (ベルサイユのばら) Rosalie e Bernard fizeram Oscar se sentir aliviada
A obra-prima de Riyoko Ikeda, “A Rosa de Versalhes”, serializada na revista “Margaret” (Shueisha) de 1972 até 1974, também conta com um casal coadjuvante.
Rosalie La Molière, uma menina que perdeu a mãe em um acidente inesperado, é acolhida pela família Jarjayes, onde está a personagem principal Oscar, e desde então apoia Oscar com devoção. Eventualmente, elas desenvolveram um amor que lembrava sentimentos românticos, mas que nunca foi realizado.
Enquanto isso, Rosalie conhece Bernard Chatelet, que odeia aristocratas e se transforma no “cavaleiro negro” que os rouba. Para proteger Oscar, Rosalie atira em Bernard e o fere, mas ao cuidar dele, ela descobre que suas circunstâncias são semelhantes e que eles têm sentimentos complicados em relação aos aristocratas, e ela se sente atraída por ele.
No final, Rosalie aceita a confissão de Bernard, perguntando: “Posso ter o seu amor?” Oscar observou gentilmente pela fresta da porta enquanto os dois se beijavam.
No início, Rosalie parecia amar Oscar de verdade. Talvez tenha havido um conflito em não ser capaz de aceitar isso. Fiquei impressionado com o fato de Oscar ter ficado realmente aliviada por Rosalie estar ligada a Bernard, e então ela deixou a Guarda Real e avançou para a Revolução Francesa com base em suas próprias crenças.
Quem pode fazer você realmente feliz? Yukari Ichijo "Designer'' (デザイナー) Akira e Arisa
"Designer'' de Yukari Ichijo, que foi publicado na revista feminina de mangá "Ribon'' em 1974, é um trabalho ambientado no glamoroso mundo da moda.
A personagem principal é Ami, uma linda garota que é uma modelo popular. Após um acidente inesperado, ela se torna estilistar e almeja o sucesso, mas seu caminho é repleto de vingança pela mãe e de um amor insuperável.
Quem se apaixona por Ami é o fotógrafo playboy Akira Tsuchiya. Porém, por mais que ele se aproxime de Ami, seus sentimentos nunca a alcançam. Arisa Hayama, amiga modelo de Ami, adora Akira.
Um dia, após ser abandonado por Ami, Akira acaba se relacionando com Arisa devido à sua solidão. E então vem a gravidez... Arisa sabe que Akira sente algo por Ami e tenta recuar, mas Akira acaba assumindo a responsabilidade e decide começar sua vida com ela.
Akira e Arisa não são um casal que se uniu depois de um intenso caso de amor. No entanto, embora Akira tenha rompido com Ami, que tinha um lado negro, não havia sinal de que ele ficaria feliz, e muitos leitores provavelmente ficaram aliviados por ele ter decidido seguir em frente com a gentil Arisa.
"A pessoa que te faz feliz não é necessariamente a pessoa que você ama.'' Esta mensagem pode ser lida no relacionamento entre Akira e Arisa.
Nos mangás femininos, o foco tende a ser o romance da heroína, mas às vezes o romance entre os melhores amigos e rivais da heroína se torna um sucesso. Principalmente quando a heroína tem um final feliz e os personagens coadjuvantes também têm um final feliz, a felicidade vai dobrar.
Seria interessante ler shoujo mangás prestando atenção nos personagens coadjuvantes dessas histórias, que geralmente não recebem muita atenção, e em suas histórias de amor. [FIM]
E quais são os coadjuvantes que ficaram juntos que você mais gosta? Se quiser, pode deixar a sua opinião.
Estava eu faz alguns dias com uma tremenda curiosidade de dar uma olhadinha em Codex 632, nova série do Globoplay em coprodução com a rede portuguesa RTP. Temos no elenco brasileiros e portugueses. Logo de cara, já imaginei que seria uma série de historiador passando vergonha, pedi as bênçãos de São Yan Wen-Li, mas eu não estava errada, é ruim mesmo e é um negócio meio Código Da Vinci com quase vinte anos de atraso, pensando a partir do filme, que é de 2006. Segue o resumo do início da história:
Tomás de Noronha (Paulo Pires), um professor universitário especialista em criptologia, descobre as possibilidades de mudar nossa memória coletiva e percepção da história mundial, iniciadas por seu falecido professor Martinho Toscano. E ele termina seno contatado por uma organização ítalo-brasileira para continuar a investigação de Toscano. Ele conta detalhes para sua amiga, a professora Vitória (Ana Sofía Martins), que lidera secretamente um grupo de ativistas que destroem estátuas e símbolos do colonialismo em Lisboa (*Lembram o Black Lives Matter? Pois é...*). Tomás é casado com Constança (Deborah Secco) com quem teve Margarida (Leonor Belo), uma menina com síndrome de Down e uma saúde um tanto delicada. Constança abandonou a carreira (*acho que ela é paisagista*) para cuidar da filha e decide retomá-la e terminar o casamento, que está em crise.
Codex 632 é baseado em um bestseller do português José Rodrigues dos Santos e 2006, mesmo ano do filme Código Da Vinci. Ao que parece, a edição portuguesa está esgotada, achei edições em inglês e francês no Amazon, mas não uma brasileira. Se não saiu, sai agora. A série conta com a participação de Alexandre Borges, que faz o representante da tal organização interessada em estudar as viagens de Colombo, algum segredo relacionado a elas, quer dizer, e Betty Farias, como a esposa do professor assassinado e que está sendo perseguida por causa dos segredos que o marido descobriu, ou estava para descobrir.
Farias aparece de cara limpa, sem maquiagem alguma. É bem impactante, mas é só o que me impactou mesmo. Agora, Deborah Secco está em um papel diferente aqueles que são empurrados para ela nas últimas novelas, vide a atual Elas por Elas. Constança não é uma perua escandalosa, mas uma mulher séria, triste até, que se vê em um casamento infeliz e sem receber sequer o amor da filha, pois a menina parece muito mais apegada ao pai.
Ao logo do episódio, temos uma série de afirmativas sem muita conexão com o fazer historiográfico atual, como uma discussão entre a personagem de Alexandre Borges, que é super dúbia e se chama Moliarti (*MORIARTY, lhes diz alguma coisa?*), sobre se Cabral chegou ao Brasil por acaso, ou foi algo planejado. Há também o protagonista acusando os cristãos de terem proibido o uso dos hieróglifos, que eram de amplo domínio entre os egípcios, vocês sabem, e mataram essa forma de escrita. Daí, me aparece uma aluna bolsista de mestrado vinda de Macau, Elena (Bia Wong), muito bonita, decotada, sem saber nem o que iria estudar e visivelmente tentando seduzir o protagonista, que ela quer como orientador.
"Sabes que historicamente as Helenas têm sempre culpa?" Isso na boca de uma historiadora negra, a defensora do Black Lives Matter, professora em uma universidade de Lisboa, me fez mal. Vitória e Tomás chegaram a discutir sobre a derrubada de estátuas de escravocratas. Ela é a favor, mas nada se fala dela estar metida em atos, porque a própria deixa claro que professores não podem se posicionar de forma mais explícita, porque podem ser demitidos, e ele é contra. Nesta parte do episódio, já estava ficando traumatizada.
Por fim, já no final do episódio, o protagonista está indo para o Rio, pesquisar no Real Gabinete Português de Leitura (*vai ar palestra no IFCS? É do lado e ele é o maior historiador português vivo. 😄*), baixa a Zambelli nele. Tomás acha que está sendo seguido pelas ruelas de Lisboa, puxa de um revólver e aponta para um HOMEM NEGRO no meio da rua! Como é o porte de armas em Portugal? Segundo um amigo meu, que é português, pode ter arma, se houver motivo justificado o governo autoriza, mas NÃO PODE PUXAR ARMA NA RUA, ainda que ele tenha dito que dificilmente a polícia vá chegar para intervir. Enfim, o troço me pareceu muito WTF. E acabou o episódio. Foi o suficiente para mim.
Para quem se interessar, é possível assistir com o áudio original, ou com os portugueses dublados, porque eles nos entendem bem, pois consomem nossas novelas e outros programas, mas, nós, temos certa dificuldade em acompanhá-los, pois são duas línguas portuguesas diferentes e, às vezes, muito distintas mesmo. Eu estava assistindo com o áudio original e há a possibilidade de legenda, também. Curiosamente, os brasileiros do elenco estão evitando usar os gerúndios e outras marcações do nosso português, o que soa um tanto falso. E é isso, acabou a resenha.
Em primeiro lugar, é preciso marcar que este programa de acolhimento de mulheres, porque várias delas não se sentem mães, não queriam ser mães, que queiram doar seus bebês é muito importante. Não é abandono, não é egoísmo, é uma possibilidade de dar uma vida melhor para uma criança. Jogar um bebê fora é crime, mesmo quando se trata daquele abandono que, para os especialistas, é fruto do desespero, isto é, quando as mães deixam o bebê enroladinho, em uma caixa, perto de um lugar onde ele será encontrado rápido, às vezes com mensagem dizendo "Ele/a se chama XXX." ou "Eu amo meu bebê, mas não posso cuidar dele.". Sabe a história do bebê Moisés? Ela ilustra bem isso. Joquebede não queria se livrar e seu filho, ela foi obrigada a isso, preparou um cestinho, o colocou no rio em um lugar onde não haveria perigo e ele seria resgatado, e ainda deixou Miriã, a irmã mais velha, vigiando (Êxodo 1:15-22, 2:1-10). Agora, o que me deixa impactada, são os motivos citados e a falta o silêncio da matéria quando se trata de dimensionar cada um deles.
E quais são os motivos mapeados pela matéria? Vulnerabilidade social, ambiente de violência doméstica, pobreza extrema, conflito familiar, depressão, ansiedade, vítima de violência sexual (*curioso não ter dependência química*). Percebem que essas histórias não precisavam terminar com a entrega de bebês? Que essas mulheres efetivamente desejavam maternar seus filhos? São mulheres que precisavam e ajuda, ou por estarem sozinhas, ou por estarem cercadas de gente muito pobre e em condição tão vulnerável quanto, ou estarem rodeadas por pessoas ruins ou, talvez, de criminosos mesmo. A sociedade e o Estado falharam com estas mulheres, ou meninas, porque deve haver adolescentes nesse balaio.
Vejam, existir uma rede para que mulheres entreguem bebês em adoção é fundamental, mas não é este o ponto, o que me incomoda são os motivos. Por exemplo, uma mulher estuprada que não deseje exercer o seu direito, não que seja obstruída, vejam bem, de interromper a gestação dentro da lei, deveria ter todo o suporte para entregar a criança e dar-lhe possibilidade de um futuro melhor, de ser amada, de ter uma família (*que esperamos, seja boa para ela*). Foi o que a atriz Klara Castanho fez e eu fiz um Shoujocast que eu terminei revendo sobre isso, porque sabia que tinha comentado o caso, mas acreditava que tinha sido em texto. O vídeo está abaixo e acreditem, foi um excelente programa, apesar de ser tecnicamente péssimo.
Extrema pobreza, violência doméstica não deveriam ser motivos para entregar um bebê, na verdade, são prováveis atos de desespero. A mãe que o faz é movida pelo amor, não discuto isso, mas a doação é resultado do abandono por parte do Estado. Isso é cruel, isso não deveria ser aceito e/ou celebrado. E não estou recriminando os profissionais envolvidos, estou somente apontando os problemas do sistema.
Mas e quando uma criança não é posta em adoção quando bebê? Bem, ela tem menos chances de ser adotada, o que se agrava se ela tiver irmãos e irmãs, porque o sistema favorece a manutenção desses laços. Nos últimos anos, as coisas têm melhorado, porém, as chances de um bebê, especialmente menina, e saudável, ser adotado são muito maiores. Enfim, e crianças são abandonadas o tempo inteiro. A UOL publicou uma matéria apontando que oito crianças são abandonadas todos os dias no Brasil e pelos mais diferentes motivos, inclusive absurdos e criminosos, mas o abandono do Estado continua sendo um deles.
Mulheres sozinhas, que já foram abandonadas pelo parceiro, abandonam seus filhos, ou algum de seus filhos, talvez, para ter o que comer ou dar de comer para os demais. Sabe a Escolha de Sofia? Não conhecem o filme? Uma mulher judia carrega a culpa por ter sido levada a escolher entre seu filho e sua filha. Se ela não se decidisse, ambos seriam mortos. Quem lhe deu a ordem foi um oficial nazista. Ela escolhe o filho, ainda assim, perde as duas crianças. "Escolha de Sofia" passou a ser um termo aplicado a qualquer escolha muito difícil e feita sob forte pressão. Por exemplo, as mulheres com filhos são as que mais dificuldades tem para se inserir no mercado de trabalho, a coisa piorou com a pandemia. Talvez, algumas mulheres tenham sido obrigadas a escolher e isso sempre é horrível.
Há casos nesta matéria da UOL que eu já havia lido, o que mais me impactou foi o do menino de 9 anos que saiu para jogar bola e, quando voltou, sua mãe tinha ido embora levando os irmãos menores. Minha filha completou dez anos semana passada, eu só pensava em como ela ficaria desesperada se ela fosse abandonada. Se eu demoro demais para voltar para casa, ela já fica ansiosa. Verônica Abreu, a diretora de um abrigo relata o seguinte: "É um trauma, porque é um abandono emocional e físico. A criança chega no abrigo arrebentada. Não quer comer, às vezes fica com febre, saem erupções na pele.(...) A criança quando sofre esse abandono fica num casulo ou extravasa, bate nos colegas, quebra coisas."
Nesses sentido, ser entregue em adoção é uma bênção, ou assim esperamos. E defender que esses programas de acolhimento existam e que o Estado e a sociedade devam ajudar essas mulheres abandonadas, feridas, doentes isso não quer dizer que a discussão sobre o direito de aborto deva ser abandonada. Mas muito mais urgente é impedir o avanço das discussões sobre o Estatuto do Nascituro.
Trata-se de um texto que proposto no Congresso em 2007 com o PL 478/2007 e cuja pauta voltou a ser discutida nas comissões da Câmara dos Deputados, da mesma forma que a tentativa de confisco do casamento igualitário (*e vou falar disso em outro momento*) voltou a ser assunto. O retorno do Estatuto do Nascituro, no entanto, está ligada à discussão sobre a constitucionalidade do aborto até a 12ª semana, que deve ser discutida em breve no STF.
A lei atual permite a interrupção da gravidez nos seguintes casos: estupro, risco de vida para a pessoa gestante e em casos de fetos com anencefalia. O Projeto de Lei em trâmite no Congresso, o Estatuto do Nascituro, prevê a revogação dessas autorizações, o que, na prática, implicaria na criminalização do aborto em toda e qualquer situação. Além disso, poderá conceder direitos de paternidade a um estuprador e proibir pesquisas com células tronco de embriões e inseminações artificiais. Há vários desdobramentos possíveis, porque se aprovado, o Estatuto do Nascituro reconhecerá a personalidade jurídica de embriões e fetos, ao mesmo tempo em que reduzirá mulheres e meninas à condição de incubadoras. Seria um retrocesso pavoroso.
Enfim, nisso tudo, quem perde são as mulheres. Elas perdem seus filhos e filhas desejados por não poderem criá-los. Não pode haver desespero, lamento, ou coerção na entrega de uma criança em adoção. Ao mesmo tempo, essas situações de desespero podem ser acrescidas se os mínimos direitos reprodutivos que temos forem retirados e se uma vida em potencial se tornar mais importante do que a da mulher que a está gestando. O Brasil é bem cruel com as mulheres e pode se tornar ainda pior.
Começou a nova temporada de animes e um deles me chamou a atenção, Yuzuki-san Chi no Yon Kyoudai。(柚木さんちの四兄弟。). É uma série shoujo que gira acompanha o dia-a-dia de quatro irmãos que perderam o pai e a mãe e precisam se apoiar para tocar a vida em frente. É um anime carregado de bons sentimentos e que tem tudo para derreter o nosso coração. Este vídeo comenta os dois primeiros episódios (*resenha 1 e 2*), o terceiro sai na próxima semana.
Ontem, circulou no Facebook esse meme aí de cima. Achei engraçado, comentei e repassei. Enfim, é o curioso é que nas versões antes da Disney não tinha beijo, um dos criados do príncipe que estava carregando o caixão de vidro da Branca de Neve tropeçava e o pedaço da maçã preso em sua garganta se soltava. Obviamente, é igualmente esquisito o príncipe pedir que os anões lhe deem o cadáver da moça, ele poderia querer lhe dar um túmulo digno, ou admirar a beleza que, mesmo na morte, parecia não se desgastar. É um conto de fadas e tem várias versões.
Contudo, há algo importante, na versão da Disney, Branca de Neve e o príncipe tinham se conhecido antes, lá no início do filme. Lembram? O pobre príncipe não tem nome, e o da Cinderela também não tem, o primeiro a ter esse direito foi o Felipe da Bela Adormecida, mas ele canta um dueto com Branca de Neve e, bem, ele a guarda na lembrança. Aliás, o que as pessoas esquecem é que filmes de princesa são sobre ELAS, não sobre ELES. E a Disney é muito clara sobre isso desde as suas origens.
Quanto a beijar defuntos, Romeu beija o cadáver de Julieta, ou melhor, o que ele acreditava que era o cadáver da moça, já que ela estava em estado catatônico. E Julieta beija o cadáver do amado em busca de uma gota do veneno que o matou, antes de pegar o punhal do moço e enfiar no coração. "Abençoado punhal, eis a tua bainha! Cria ferrugem em meu peito!" Adoro essa frase, eu li com 13 anos e ela ficou gravada na minha mente. Enfim, dentro da lógica desses amores extremos literários não há problema nenhum envolvido no ato de beijar o/a amado/a morto/a.
De qualquer forma, acredito mais que na ideia do amor que vence a morte, porque no filme de 1937 o príncipe e a Branca de Neve se conhecem antes, eles já se amavam, eles já estavam destinados. O casamento por amor é algo do século XIX (*amor sem casamento, ou que tem que estar fora do casamento, é coisa da Idade Média*) e que a Disney abraça intensamente. Em todas as releituras dos seus contos de fada, salvo no desenho da Cinderela (*algo que é modificado no live action*), é concedido à mocinha o direito de conhecer e se apaixonar pelo príncipe antes do desfecho matrimonial. O que pode parecer até reacionário hoje, era muito libertador em tempos passados. Em 1937, muitas meninas, porque em muitos casos o eram, conheciam seus noivos-maridos à distância, ou mesmo no altar.
Estabelecido isso, não vejo nada de abusivo, ou incômodo, nesses beijos de animações de princesa da Disney. O príncipe beija o cadáver da Branca de Neve, a moça por quem estava apaixonado, como alguém que está reverenciando uma santa no altar. Em A Bela Adormecida, que eu amo, Felipe beija Aurora, a quem ele conhecera previamente na floresta sem saber que era sua prometida, e a beija sabendo que poderia quebrar o feitiço que a mantinha dormente. Não há nada de abusivo em nenhum dos casos e o conhecimento prévio, a ideia de quebrar o feitiço, cria uma noção de consentimento, ou urgência que, no caso na primeira versão da Bela Adormecida não existia.
Para quem não sabe, a versão europeia mais antiga da Bela Adormecida, de Giambattista Basile, na qual ela se chama Talia, o príncipe não beija somente a moça encontrada na floresta, ele a estupra. Porque, bem, o que um homem faria com o cadáver de uma bela mulher no meio de uma floresta, não é mesmo? Mas fiquem calmos, tudo termina bem, não sem antes ficar muito pior, e os dois vão viver felizes para sempre, porque a vilã da história é a mãe do príncipe e não o belo estuprador. Então, não me peçam para ver problemas na animação da Disney, por favor, nem para ver algo de revolucionário em Malévola, mas vamos voltar para a Branca de Neve.
Enfim, em 2024, teremos dois filmes live action (*que eu saiba*) da Branca de Neve. O da Disney, nasce cercado de polêmicas, seja por ter escolhido Rachel Zegler, de West Side Story, que não é "branca como a neve", para o papel, por cortar os anões, e pelas falas polêmicas da atriz. Entre outras coisas, ela chamou o príncipe original de stalker e afirmou que “Faremos uma abordagem muito diferente daquela que muitos estão presumindo só porque tem um cara no elenco. Não é de forma alguma uma história de amor, o que é maravilhoso”. Ela disse também que Branca de Neve será sobre liderança feminina. Eu só acho que aquele filme (*ruim*) Branca de Neve e o Caçador já foi sobre isso.
De qualquer forma, não sei se as falas da moça ajudam o filme e ele pode ser uma história de amor e, ainda assim, ter uma heroína interessante. Será que será mesmo Branca de Neve ou outra coisa na linha Malévola? Não sei. Devo assistir no cinema com a Júlia e estou aguardando o primeiro trailer para dar mais opiniões. Agora, eu realmente achei antipáticas as falas da moça, que é a estrela do novoJogos Vorazes, então deve ampliar seu fandom, ou que é bom para a Disney.
Mas há outro Branca de Neve a caminho e ele lançou trailer este ano. Estrelado pela atriz e youtube conservadora (!!!) Brett Cooper, que foi envelhecida pela maquiagem que lhe colocaram, porque ela é bem novinha, como a Rachel Zegler. A produção se chamará Snow White And The Evil Queen (Branca de Neve e a Rainha Má). A produção não deve ir para os cinemas, mas direto para o streaming, ou, talvez, a rede "conservadora" nos Estados Unidos banque um lançamento como um material anti-Disney, porque o Jeremy Boreing, co-fundador do Daily Wire, rede de streaming e sites conservadores que produziu o filme, anunciou o projeto com um comunicado confirmando os objetivos políticos do material, isto é, estimular a lucrativa guerra cultural norte-americana:
“Em vez de contar histórias sobre a verdade atemporal, sobre o que eram os antigos contos de fadas, a nova 'Branca de Neve' da Disney é um pedido de desculpas pelo passado e exporá as crianças às mentiras populares, mas destrutivas, do momento atual (...) [Branca de Neve] É uma história sobre uma princesa e um príncipe, sobre beleza e vaidade, sobre o amor e seu poder de nos ressuscitar da morte para a vida. É a nossa própria adaptação de um antigo conto de fadas."
"Eu disse, que seria maravilhoso voltar para casa da guerra".
Este cartoon resume muito bem o estado das coisas nos Estados Unidos.
Só que tudo que é ruim, a gente copia.
Se ainda tivermos mundo no ano que vem, imagino que vão querer aplicar um golpe tipo O Som da Liberdade, e inventar que o público estava sedento por uma abordagem "atemporal" do conto de fadas (*como se ele só tivesse uma versão*) e está lotando os cinemas, quando, na verdade, há uma máquina por trás do sucesso. E falo da farta distribuição de ingressos gratuitos e da cooptação de religiosos para alavancar um material que tem o selo e aprovação de magnatas da comunicação, políticos reacionários e empresários ávidos por ganhar ainda mais dinheiro. De qualquer forma, um filme barato e com um impulsionamento não-orgânico se paga muito fácil e recomendo um vídeo antigo do Gay Nerd sobre o avanço do Cinema Conservador Cristão.
Falando nisso, o Youtube me sugeriu um vídeo de uma influenciadora conservadora cristã sobre por qual motivo o live action da Branca de Neve será um fracasso. Sim, já há vídeos assim aos montes. Ela dá três motivos para o fracasso: a mocinha não ser branca como a neve, algo fundamental na história, diferentemente, do que foi com a Pequena Sereia; o fato de tirarem os anões e os transformarem em outra coisa; e a ideia de que não será um filme de amor.
As críticas que ela levanta são até coerentes, eu concordo em vários pontos, vide o que pontuei acima das falas da protagonista, mas a partir daí ela cai naquela vala comum de crítica à "cultura woke" e os comentários, que são muitos, vão nessa linha e dão boas vindas a uma voz feminina que pode se juntar a outros canais de reacionários que tratam da cultura pop. Obviamente, não vou dar o endereço do vídeo, se vocês quiserem, encontram fácil. E é bom escrever que a Disney já avisou que muito desse barulho é por nada, mas é preciso esperar para ver o resultao.
E ela fazia questão de usar muitos termos em inglês desnecessários, e sei que isso é algo que pode ocorrer com todo mundo, eu mesma às vezes lembro de um termo em inglês e não do mesmo em português, mas quando ela reclamou que acabaram com a BRODERAGEM dos Sete Anões, passou dos limites. Ela poderia usar "amizade", "camaradagem", mas o broderagem para mim se remete a outra coisa. E, sim, acho que a culpa é da minha mente deturpada, mas eu não consegui manter a linha de raciocínio depois disso.
De resto, uma das grandes preocupações da moça, que deve ser antifeminista, porque tudo tem que vir em um pacote fechado esses dias, é que o filme da Disney deve vilanizar os homens. E ela cita outras produções que (*supostamente*) fazem isso, como o novo Mulan (*cujos problemas estão em outro lugar*) e Capitã Marvel. E que vão negar o amor e a família que a Branca de Neve merece e deseja. Como se a Branca de Neve da Disney tivesse família mostrada depois dos créditos do filme. Aliás, essa ausência de qualquer coisa que remeta a possibilidade do sexo, porque para ter filhos e filhas, normalmente é desse jeito, é algo que existe para agradar os conservadores, aqueles de antigamente, porque os de agora, não sabem disso, ou só se importam seletivamente com a questão. E falei disso lá na resenha da Barbie, que nunca se casou, ou teve filhos desde sempre.
E depois que conheci a versão russa/soviética da Branca de Neve, na qual além de ter o príncipe, ela mora, sabe-se lá quanto tempo, com SETE CAVALEIROS bonitões (ESCÂNDALO), nem perco muito tempo discutindo essa história de beijo em cadáver, ou borderagem de Sete Anões. E ignorem a piada ruim, porque a animação é de altíssima qualidade e passou na TV Cultura, tem no Youtube dublada. Está abaixo:
Concluindo, porque já me estendi e nem terminei de editar o Shoujocast, para mim, a melhor versão live action de Branca de Neve é a com a Sigourney Weaver como rainha má. Branca de Neve na Floresta Negra tem mais de 30 anos e continuará sendo muito mais interessante e subversivo do que qualquer filme supostamente woke que se faça hoje. A Branca Neve do filme começa como uma mocinha irritante e mimada; a rainha tem nuances; o príncipe termina sendo seduzido pela rainha má; os anões não são anões (*um é, na verdade*), mas sujeitos marginalizados pelos mais diferentes motivos e que se escondem na floresta, que, na Idade Média, era um lugar de liberdade.
Claro, que este filme é uma produção para o público adulto, ou que quer tê-lo como consumidor privilegiado, enquanto o Branca de Neve da Disney precisa ser um produto para toda a família com todas as limitações que isso acarreta. De qualquer forma, espero ansiosamente o trailer desse novo Branca de Neve da Disney para tecer opiniões sobre o que a empresa pretende nos oferecer de isca, porque é muito comum que o vídeo promocional seja melhor do que o filme pronto nos últimos tempos.
Yubisaki to Renren (ゆびさきと恋々), de Suu Morishita, é um grande sucesso como mangá e é uma das apostas da animação japonesa para o ano que vem. A série acompanha a jovem Yuki, que seria uma típica estudante universitária japonesa, que tem amigos e vida social, não fosse um detalhe, ela é surda. Sua vida começa a mudar quando um encontro casual em um trem, quando é abordada por um estrangeiro e não consegue se comunicar com ele, a leva a conhecer Itsuomi.
Já o rapaz descobre que mesmo sabendo falar várias línguas, três delas fluentemente, ele não conhece a linguagem de sinais e ele decide aprender e ambos se aproximam. Eu fiz uma resenha do início do mangá, preciso retomá-lo. A série será lançada pela Newpop em breve. O trailer está abaixo:
Enfim, olhando o trailer, ele é lindamente animado. Ficou bonito mesmo e acredito que, se seguir na linha de Watashi no Shiawase na Kekkon (わたしの幸せな結婚), a animação terá uma grande qualidade. E devem anunciar um live action, ou dorama, em breve. Afinal, teve até peça musical já. O anime estreia em janeiro, então, marquem na agenda. Ah, e para quem não sabe, Suu Morishita são duas pessoas, Makiro (roteiro) e Nachiyan (arte).
Abri o Comic Natalie e estava em destaque o lançamento do primeiro volume do mangá Boukenshi ga Kita (保健師がきた), de Tao Nonou. A série conta o cotidiano de uma jovem enfermeira chamada Sango em um posto de saúde em uma vilazinha do interior. Pelo que entendi do resumo, ela é um posto de saúde pública e ela é responsável por tudo, dar conselhos, checar a saúde de crianças, adultos e idosos. O lema da jovem é "Não vou deixar ninguém para trás". O CN comenta que a outra personagem importante da história é a supervisora de Sango, Sayaka Nanami, que foi uma yankee (delinquente) na juventude, mas que sempre tem conselhos muito sábios. Boukenshi ga Kita é publicado na revista josei Jour. Achei o traço muito fofinho.