Não leio japonês, vocês sabem, mas achei esse texto tão curioso e engraçado que eu precisava recomendar. Vai que você consegue ler, não é mesmo? O título original do artigo do site Futaman é “Berusaiyu no Bara” ya “Garasu no Kamen” ni mo… kataomoi danshi no kikō! ? Omowazu tsukkomitaku naru 70-nendai shōjo manga de egaka reta “koisuru otoko”-tachi (『ベルサイユのばら』や『ガラスの仮面』にも…片思い男子の奇行!? 思わずツッコミたくなる70年代少女漫画で描かれた“恋する男”たち).
É um texto em que o autor, ou autora, comenta cenas icônicas e a forma como os homens de três mangás, Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), Glass Mask (ガラスの仮面) e Haikara-san ga Tooru (はいからさんが通る), explicitavam os seus sentimentos não correspondidos, ou que não poderiam ser expressos, acredito que no caso do Masumi é mais por aí.
Enfim, mesmo usando somente o Google Translator, a compreensão do texto é tranquila, porque eu conheço o contexto. "Quadrinhos românticos são sempre populares. Em particular, o comportamento comovente de um homem bonito em relação a sua paixão não correspondida faz meu coração bater mais forte. No entanto, no auge dos shoujo mangás brilhantes nos anos 70, havia muitos comportamentos excêntricos de homens que me faziam pensar: "Normalmente, as pessoas fazem essas coisas!?" A ideia é mostrar o quanto eram (*e eram mesmo*) os dramas amorosos e como as personagens expressavam seus sentimentos nos shoujo mangá nos anos 1970.
A autora começa por André e como ele expressa seu sentimento por Oscar, um amor que não pode ser correspondido por causa das diferenças de status, ele é plebeu, ela é nobre, e, também, porque por boa parte da história, a protagonsita julga amar outro homem, o Conde Fersen. Ela descreve a dramática cena o quase estupro, que é muito impactante tanto no mangá, quanto no anime, mas, na animação, a forma como Oscar, a protagonista, é atingida é bem diversa. E a cena em que um André frustrado, por saber que Oscar iria se casar com outro, se joga no chão e chega a comer grama. Sabe que eu não me lembro claramente desta cena? Imaginei que a pessoa fosse descrever a sequência do veneno.
Depois, o texto segue para Glass Mask e a relação entre Masumi e Maya. Um dos pontos que a autora levanta é do quanto poderia ser impróprio um amor como o ele, afinal, ele era 11 anos mais velho (*Eu sempre pensei 10, ela começa a história com 13 e ele tem 23. Será que estou errada?*). Eu diria que, no começo, ele não sabia que estava apaixonado e, antes que alguém comece a estrebuchar, absolutamente nada acontece entre os dois até que ela cresce e, ainda assim, nada continua acontecendo de verdade (*sim, eu tenho raiva disso.*).
A relação entre Masumi e Maya é um misto de Orgulho & Preconceito, porque ele se comporta como um Mr. Darcy que é assumidamente tsundere e Papai Pernilongo. Uma das minhas cenas favoritas, que não é dessas de sofrimento amoroso escolhidas pela autora, que é quando Maya está treinamento para ser Helen Keller, que era surda e cega, e ele vai ver como ela está, a menina reconhece seu benfeitor, mesmo sem que ele fale nada e o abraça. Eu acho essa cena uma das mais lindas e intensas de toda a história. E ele está sofrendo, claro.
Durante uma boa parte do mangá (*e o texto descreve várias dessas cenas, como a de Maya ensaiando o papel de menina lobo*), Masumi trata Maya com frieza e até com desdém em público, mas, em segredo, ele a protege e envia rosas púrpura (*Ela a chama de "murasaki no bara no hito".*) mostrando como aprecia o seu crescimento como atriz e termina pagando os estudos da garota. Mesmo quando a confronta, às vezes, o objetivo é provocá-la para que ela coloque para fora o melhor que ela pode oferecer em uma atuação.
Eu não irei perdoar a autora se, depois de tanto sofrimento, eles não ficarem juntos. Masumi teve um relacionamento muito complicado com o pai e tem uma noiva arranjada e acredita que precisa cumprir o compromisso assumido pelo patriarca. Você pode não conhecer Glass Mask, mas trata-se de um mangá que é publicado desde o ano do meu nascimento, 1976, e ainda não encerrado. Eu até consigo suportar certa sofrência, mas tudo tem limites!
Por fim, o texto fala de Tousei, o chefe de Benio em Haikara-san ga Tooru e de como ele expressa seu sofrimento de forma muito esquisita. Ele é dono de um jornal, ele contrata Benio como repórter, porque ela é insistente e é a única mulher que não desperta a sua alergia. Ele a pede em casamento, ela aceita, porque ele é um bom homem, mas, também, por ele ser dono da promissória da casa de seu antigo noivo, Shinobu, que ela crê estar morto. Mas eis que, no dia do casamento dos dois, Shinobu recuperou a memória e aparece. Há um grande terremoto, que aconteceu de verdade e arrasou Tokyo, Tousei salva Ranmaru, melhor amigo a amaa, enquanto Benio o larga no altar sem piscar duas vezes.
Daí, a autora comenta que Tousei dá a promissória da casa de presente de casamento para Benio. "Só eu que acho que como o noivado foi rompido no dia do casamento, seria bom receber uma mansão como prêmio de consolação?" Depois, o artigo ainda comenta o gaiden, no qual um magoado Tousei está viajando pela Europa e conhece um adolescente que lhe lembra Benio e se apaixona por ele. Sim, temos um BL no final de Haikara-san ga Tooru.
"Nos shoujo mangá dos anos 70, há muitas cenas de um homem apaixonado que foi um pouco longe demais. Frustrado, ele bate no chão e diz falas grosseiras com grama na boca... No entanto, tais excentricidades exageradas são memoráveis, pois estão em cenas cenas impressionantes. E mais do que qualquer outra coisa, acho que o bom dos mangás shoujo antigos é que você pode genuinamente curtir cenas muito ridículas como essas." Como eu amo o drama, o exagero sentimental do shoujo clássico, eu não reclamo. Sim, as coisas às vezes parecem ir longe demais, só que a história era tão bem amarradinha que a gente esquece e a combinação as imagens e do texto termina até me comovendo.
Concluindo, a autora (*acho que é autora*) assina como Dekai pengin (Penguin grande) e parece ter uma coluna sobre mangá. Os últimos três textos são sobre shoujo mangá, o atual, um sobre Patalliro (パタリロ!) e outro sobre Yuukan Club (有閑倶楽部), mas na bio, a pessoa diz que cresceu lendo Shounen Jump, mas sua mangá-ka favorita, Aemin Okada, só fazia shoujo. Enfim, acredito que seja alguém que tenha mais ou menos a minha idade.
3 pessoas comentaram:
Olá Profa. Dra. Valéria Fernandes da Silva, assiste recentemente a animação Rosa de Versalhes e acabei me apaixonado, porém assim como todo fã fiquei triste com o final, mas enfim começei a buscar o mangá para fazer a aquisição, infelizmente o volume um não se encontra disponível em nenhuma plataforma. Sabendo-se disso creio que deva vim uma nova remessa de livros, mas não sei quando e por isso gostaria de saber se ocorre essa demora em novas publicações com os mangás ? ( esse seria o primeiro mangá que faria a leitura e por isso não sei muito sobre o universo do mangá). Desde já agradeço por sua atenção!
Wallace, boa noite! Eu nao sabia que volume 1 estava esgotado. Olhei até no Estante Virtual e todos os volumes estão lá, menos o primeiro. Se você lê inglês, é possível achar a série completa no Bato.to. Mas em português não sei se há scanlations. Acredito que a JBC faça uma reimpressão em breve. E, por favor, pode me chamar pelo nome. Queria poder lhe ajudar mais.
Olá Valéria, boa noite! Agradeço pela ajuda e atenção. Estou com esperanças que a JBC faça essa reimpressão, olhei no Bato.to acredito que agora não poderei fugir do inglês, algo que já ta sendo necessário para mim. Fiquei bastante admiriado com a riqueza de detalhes sobre a França que a Riyoko Ikeda apresenta em sua obra, cheguei a indicar para o meu professor de Moderna, ele faz análise de filmes em suas aulas.
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