Me sinto no dever de vir aqui conversar sobre as eleições. Já fiz isso antes, em eleições passadas, desta vez, no entanto, não há como moderar as tintas em relação ao que estamos presenciando no Brasil. Não vou voltar à 2013, ou talvez antes, mas vamos só a partir de 2016. Estamos presenciando a destruição acelerada das instituições democráticas, de uma economia estabilizada à duras penas, dos direitos trabalhistas e sociais que ajudaram a tornar um país minimamente respeitável no contexto mundial.
Foram mais de 700 mil mortos na pandemia, 400 mil deles, segundo os cientistas, por responsabilidade direta da negligencia do governo federal. A fome é presença na casa de pelo menos 33 milhões de brasileiros e brasileiras, quem vai ao mercado e eu vou, sou dona de casa, também, sabe que não temos mais previsibilidade de preços. Os mais pobres perderam o direito à aposentadoria e às pensões que serviam para garantir algum conforto aos órfãos e às viúvas foram reduzidas. O número de crimes com armas de fogo de mão e os feminicídios aumentaram. Escolheram a morte, como bons fascistas, escolheram os ricos, escolheram os mais fortes e querem permanecer no poder, mantendo 100 anos de sigilo sobre qualquer documento que possa lhes trazer algum problema.
Hoje, hoje, é possível tentar mandar uma resposta firme ao fascismo. Não acredito que a eleição termine no 1º turno, mas é preciso tentar. E, por isso, acredito que é hora de votar em um candidato que conseguiu reunir em torno de si uma frente democrática ampla com possibilidades de vencer em 1º turno. Raramente votei no PT em primeiro turno, agora, vejo como uma forma real de mandar uma mensagem de que não somos um povo que ama a barbárie. Não estou pedindo, no entanto, que você abandone seu candidato, agora, se você não se decidiu ainda, se estava pensando em não votar, veja que você pode ser uma peça poderosa para barrar o fascismo agora e, em 2023, continuar tendo direito de criticar e se opor ao governo que ajudou a eleger.
Se o programa do presidente atual conseguir permanecer em curso, não vai demorar muito para que, talvez, textos como este aqui não possam mais se escritos e publicados. A democracia burguesa, caso você seja um comunista (*não simplesmente discordante de Bolsonaro*), pode não ser democracia para você, mas a sua existência é possível dentro dela, sua luta e sua voz são possíveis. Em um regime fascista, com possíveis matizes fundamentalistas religiosos, isso não será possível.
E gravei um vídeo à pedido de algumas pessoas. Tik Tok, três minutos. Estou com COVID, minha voz está péssima, e cada vez mais penso nos que se foram sem vacina, quando já havia vacina, nos que morreram de cardiopatias acentuadas pelo uso ordenado pelo presidente da cloroquina, pelos que se infectaram por acharem que usar máscara era abrir mão de sua liberdade. Penso, também, nos que compraram um discurso antivacina, antes marginal e circunscrito a certos grupos religiosos, ou porra-loca, e não estão levando suas crianças para tomar vacinas como a do sarampo, ou da pólio. Penso em tudo isso. Se eu tivesse pego COVID no final de 2020, no início de 2021, eu talvez não estivesse mais aqui. Por isso, vote contra o fascismo, vote contra a morte, pela vida e pela esperança.
1 pessoas comentaram:
Quero recordar que os comunistas e nacionalistas chineses tiveram que unir contra japoneses...
Nem falo dos Aliados contra o Eixo na 2ª guerra....
as vezes certas alianças são necessárias...
Brasil infelizmente virou pária internacional.. espero que próximo ano isso mude
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