Ontem, morreu a rainha Elizabeth II (1926-2022). Acredito que, para a minha geração e várias outras, ela era uma referência de estabilidade. Presidentes, primeiros-ministros, papas, iam e vinham, enquanto Lilibet, apelido de infância da rainha Elizabeth, ficava. Seria ela eterna? A mãe morreu com mais de 100 anos. Por outro lado, ela parecia cada vez mais frágil, debilitada, em especial, depois da morte do marido em 2021. Aliás, o príncipe Philip viveu mais do que ela, morreu com 99 anos.
Para mim, trata-se do fim de uma era, para os britânicos, curiosamente, são dois recomeços na mesma semana. O último evento público de Elizabeth, no dia 6 de setembro, foi empossar a nova primeira-ministra, Liz Truss, não no Palácio de Buckingham, mas mas em Balmoral, na Escócia. Aliás, Truss é republicana, mas, enfim, para participar do jogo tem que ser com as regras que se tem. Dois dias depois, os ingleses têm um novo rei, Charles III. Não é um nome auspicioso, os dois Charles anteriores foram reis complicados, como ele tem George no nome, seria melhor ser George VI, mas é lá com eles.
A monarquia vai ficar abalada com a morte de Elizabeth? Bem, Charles parece ter se reconciliado faz muito com a opinião pública, Camilla recebeu autorização Elizabeth para se tornar rainha, aliás, como coroamento do amor dos dois, que resistiu, apesar da adversidade, e não acredito que este reinado será longo, deve servir de tampão para o próximo.
Enfim, queria marcar a data, porque será muito estranho um mundo sem Elizabeth II, porque ela era o último chefe de estado no mundo que havia servido na 2ª Guerra (*e o fato da família real ter ficado em Londres durante os bombardeios garantiu sua popularidade*) e porque, bem, considero que ela representou com grande dignidade e força uma instituição que já deveria ter terminado, mas não vai tão cedo. Sou republicana, não se enganem. Aliás, o turismo ligado à monarquia, que atrai gente do mundo inteiro, os produtos midiáticos, vide The Crown (*Resenhas 1ª Temporada: 1, 2 e 3*), asseguram que teremos mais algum tempos com esse zoológico humano caríssimo em funcionamento.
E Elizabeth terminou não batendo o recorde de Luís XIV. Faltava pouco. Estão fazendo manobras dizendo que Luís XIV demorou a governar em seu nome, logo, ela reinou mais tempo. Mas como a questão gira em torno do ser declarado monarca, não faz sentido. "Le roi est mort! Vive le roi!" (*O rei morreu, viva o rei!*), a coisa vai em um contínuo. De qualquer forma, ela é a monarca que por mais tempo reinou na Inglaterra, 70 anos, e a mais longeva, também.
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