Mulher é estuprada durante uma cesariana, ou mais uma evidência de que a culpa nunca é da vítima.

Hoje, escutando a rádio CBN soube que prenderam um médico anestesista na minha cidade natal, São João de Meriti (RJ), por estupro.  O sujeito foi filmado por enfermeiras, que desconfiaram do seu comportamento, já que colocava as parturientes em sedação total, enquanto violentava uma mulher que estava passando por uma cesariana.  Ela estava desacordada e o médico introduziu o seu órgão sexual na boca da paciente e chegou a ejacular.  Isso, pessoal, com um monte de gente na sala.  Outras matérias apareceram mostrando que ele expunha fotos de suas pacientes e bebês em suas redes sociais sem autorização.  Fotos que fragmentavam seus corpos e as desumanizavam.  

Ao ser preso, ele teria perguntado se havia vídeo, porque a palavra das enfermeiras, mulheres como a vítima, valeria muito pouco.  Havia vídeo e deve aparecer mais vítimas desse sujeito.  Ele, que se formou em uma faculdade particular com mensalidades que chegam aos 9 mil reais, trabalha em três hospitais.  O crime foi cometido em um hospital de referência no atendimento de mulheres.  Minha sobrinha nasceu lá, quase quatro anos atrás, e minha cunhada foi muito bem atendida.  Não lhe fizeram uma cesárea desnecessária e tentaram manter minha sobrinha dentro da mãe enquanto foi possível, Melissa é prematura.  Vendo o comportamento das enfermeiras, tenho certeza que o compromisso com as pacientes continua alto.  É esse tipo de sujeito abjeto que está no lugar errado e precisa ser denunciado e punido.  Espero que seja, mas a humanidade anda tão apodrecida, que ele já ganhou ONZE MIL seguidores nas redes sociais.

O médico diz não entender o motivo de sua prisão.  Quem faz esse tipo de coisa

não deve ter condição de compreender mesmo, seja que mulheres são seres humanos,

seja as questões de ética profissional.

Agora, não pensem que ele é um doente, ainda que tenha um nível de covardia e perversão realmente alto.  Estuprar é um ato de poder e afirmação de uma masculinidade violenta.  Nada tem a ver com sexo, que sempre é consensual e uma troca entre os envolvidos, a culpa nunca é da vítima, das roupas que usa, do lugar onde está, da forma como fala.  Trata-se somente de uma forma de performar gênero ide uma forma que intimide mulheres, crianças e homens que não compartilham do mesmo modelo de masculinidade, enquanto se torna admirado por sujeitos que compartilham dos mesmos sentidos e não tem a "coragem" de estuprar, ou não de forma tão evidentemente ousada.  Esse médico deve ter contado vantagem de seus atos, talvez, até filmado ou fotografado sua performance.

Fecho o texto exaltando a coragem das enfermeiras, o esforço para criar as condições para expor o canalha.  Se elas não gravassem, ele não poderia ser pego e impedido de molestar outras mulheres.  Espero mesmo que ele perca seu registro profissional, ainda que desconfie muito que ocorra.  E mais, vi gente usando o termo "violência obstétrica", mas eu discordo, porque, salvo se o criminoso diga algo nesse sentido, o ato cometido poderia ser feito em outro contexto qualquer, o importante é ser um ato cometido contra uma mulher, com o agravante de estar em uma condição de incapaz.

P.S.: O marido da vítima agregou mais uma informação, o anestesista fez com que ele saísse da sala de cirurgia.  A parturiente tem direito à acompanhante.  É LEI.  Mas uma para a lista de crimes do médico anestesista.  Vocês acham que ele só fez isso uma única vez.