Atrasei minhas resenhas, porque acabei me distraindo, ou tendo atividades demais para resolver. Já perdia as contas das coisas que preciso resenhar, enfim, mas não vou deixar de comentar esta série que é um marco no MCU por trazer dar vida a uma super-heroína adolescente tão simpática quanto Ms. Marvel. Se você não sabe do que estou falando, recomendo que leia as duas resenhas anteriores (*1 - 2*), porque elas comentam os primeiros episódios da série sobre a heroína que tenta navegar entre a cultura de seus ancestrais e a norte-americana. Aliás, Iman Vellani está defendendo muito bem a sua protagonista, o que não ajuda em certos momentos, são as opções de roteiro.
Quando começou Ms. Marvel, imaginei que teríamos uma série adolescente com Kamala Khan enfrentando inimigos e perigos que não seriam dos maiores, mas seriam grandes demais para uma garota de sua idade. Ms. Marvel é como o Homem Aranha, não cabe a ela se bater sozinha contra grandes vilões, só que ela tem mais entraves que Peter Parker, porque tem uma família presente, é uma garota (*questões de gênero*) e, ainda por cima, muçulmana. As preocupações da família foram muito presentes no primeiro e segundo capítulo e eu ressaltei que carregaram as tintas em sua mãe, aliás, aí reside o problema.
No episódio três, temos o casamento do irmão de Kamala, um grande evento que é mostrado em detalhes para que tenhamos uma espécie de aula de cultura paquistanesa light e islão multicultural. Kamala conhece nesse episódio os chamados Clandestinos (*que não são do universo de Ms. Marvel nas HQs*), seres exilados de seu universo/mundo/whatever de origem e que tentam por anos e anos, séculos, talvez, retornar. A líder dos Clandestinos é Najma, mãe de Kanram. Ela diz conhecer a avó de Kamala. O bracelete de família da menina pode ser a chave para que eles abram o portal (*o véu de Noor*), ou assim Najma acredita. Através dela, Kamala descobre ser uma Djin (Gênio), ou assim eles lhes dizem.
A menina e constrangida a ajudá-los, mas diante de sua demora, afinal, ela estava envolvida no casamento do irmão, os Clandestinos decidem intervir e Kanram decide trair a mãe e avisar a menina de que o grupo virá atrás dela e todos ali serão mortos. Ora, Kamala precisa arrumar um jeito de acabar com a festa e temos um embate entre ela e os Clandestinos. O resultado é Bruno ferido e Nakia descobrindo a identidade da super-heroína. Os Clandestinos são presos pelos agentes do Departamento de Controle de Danos (DODC), que já haviam tentado intimidar o sheik na mesquita frequentada pela menina e foram confrontados por Nakia. Como Kamala não lhe contou nada? Qe poderes são aqueles?
No fim do episódio, a família, na verdade, a mãe, culpa Kamala por ter destruído o casamento do irmão, o que certamente renderia um castigo absurdo. Só que tudo parece ficar por isso mesmo somente com a mãe da menina fazendo uma espécie de jogo do silêncio com Kamala, enquanto elas voam para o Paquistão. Imagine só, um casamento caríssimo, fora que é um dos momentos mais importantes na vida de um muçulmano, ou muçulmana, sendo destruído por sua irmã menor enciumada. Enfim, a avó da garota, que é um docinho com ela, havia tido a mesma visão que ela, o trem, e meio que intimou Kamala e sua mãe a visitá-la. Nesses dois capítulos se agrava o aspecto drama familiar de Ms. Marvel com o foco sobre as conturbadas relações entre avó, mãe e filha.
No capítulo 4, o objetivo da diretora, Sharmeen Obaid-Chinoy, e eu traduzi um artigo de um jornal Paquistanês sobre isso, é apresentar a cidade de Karachi. Ela é moderna e tradicional ao mesmo tempo, tem inúmeros pontos turísticos e uma população que é plural. Daí, o papel do restaurante chinês, que serve de cobertura para os adagas vermelhas, vigilantes (*não acho que sejam super-heróis*) que protegem a cidade. Seu líder, Waleed (Farhan Akhtar) sabe da existência dos Clandestinos e do papel de Kamala. Ele tenta orientá-la e ajudá-la.
A principal companhia de Kamala é Kareem (Aramis Knight), um dos adagas-vermelhas, que a leva para conhecer áreas da cidade que os primos de Kamala não a apresentariam. Aliás, os primos largam a menina sozinha na cidade, porque têm outros compromissos. Ficou meio evidente que eles não tinham lá muito interesse em ficar levando Kamala de lá para cá pela cidade. E isso é importante, porque dá para Kamala a liberdade para usar seus poderes e se meter em encrencas sem ter que se preocupar com parentes abelhudos. No fim das contas, Waleed lê o que está no bracelete. Ela irá viajar no tempo.
No episódio 5, os Clandestinos fogem da prisão onde estão e são tratados de forma cruel pelo DODC, mas Kanram é punido por sua mãe por ter ajudado Kamala e é deixado para traz. Os Clandestinos enfrentam os Adaga-Vermelhas e ficamos sabendo que eles podem morrer e nem é tão complicado matá-los, aliás. E acho isso curioso, porque os Clandestinos parecem super seres, já os Adaga-Vermelhas são humanos treinados em artes marciais. Ou assim deveria ser, mas não é. Eu realmente fiquei incomodada com a correria no episódio 5. Gostei do flashback mostrando a bisavó de Kamala, mas me pareceu um capítulo muito irregular.
Mas tivemos o flashback e, bem, foi bem feitinho o encontro entre a bisavó de Kamala, Aisha (Mehwish Hayat), que fugia dos clandestinos, e Hassan (Fawad Khan), que se torna seu marido. Aliás, como os dois são lindos e como tem gente bonita nessa série. Retornando, Kamala vai parar na Índia no momento da Partição. E ela viaja no tempo e no espaço, porque ela estava em Karachi, mas seus bisavós não estavam. O fato é que Hassan não quer partir para o recém criado Paquistão, mas Aisha é descoberta e precisa fugir. A Partição vem bem a calhar. Só que Najma a encontra e mata. Kamala a encontra com vida, mas não tem muito o que fazer, salvo ajudar sua avó a encontrar o pai no meio da estação cheia de gente fugindo e migrando.
Olha, gostei mesmo do flashback, mas não encaixa na minha cabeça a má fama da bisavó de Kamala. Muitas mulheres e meninas, principalmente elas, desapareceram durante a partição. Algumas se perderam, outras foram deixadas para trás, algumas foram sequestradas, violentadas e umas tiveram a sorte, ou azar, de serem devolvidas. Por qual motivo o desaparecimento da bisavó de Kamala seria tratado de forma diferente, especialmente, sendo ela e o marido tão apaixonados? As memórias dele sobre Aisha não eram ruins, muito pelo contrário. Não entendi mesmo e realmente acredito que esse detalhe não faça sentido. Por isso mesmo, o conflito entre a mãe e a avó da heroína não se sustentam.
E tivemos um final de episódio 5 no presente e bem cheio de dramalhão. Aparentemente, Najma morre tentanto atravessar o véu, antes, porém, ela é convencida por Kamala a perdoar seu filho e lhe manda os seus poderes. Kanram, aliás, consegue escapar e pede ajuda para Bruno, que ele realmente acreditava se chamar Brian, que o acolhe, apesar do ciúme que o consome. Depois do embate final com os Clandestinos e a redenção de Najma no melhor estilo Precure e similares, chegam a mãe e avó de Kamala, elas tinham rastreado o telefone da menina. Agora, a mãe também sabe da identidade secreta da filha.
Enfim, é isso. Gosto da série, gosto da Iman Vellani como Kamala, mas acredito que a série tem sido um tanto irregular. Tendo uma segunda temporada, dá para consertar algumas coisas, aprumar a história, mas esta opção pelo turismo em Karachi e pelo drama familiar que a Disney tem explorado muito nos últimos anos, não está ajudando muito a história a andar. Como só temos mais um episódio, espero que ele seja melhor que o 4 e o 5. Me pergunto se ela vai ganhar seu uniforme no último episódio, porque Waleed lhe deu um tecido e o colar da menina foi rompido e ficou com o formato do símbolo em sua roupa de super-heroína. De repente, a mãe é que vai costurar para mostrar seu apoio.
Por falar em HQ... acredito que se a Dark Horse e a Image Comics fossem as maiores editoras dos EUA, certamente a HQ teria uma qualidade maior ainda.
ResponderExcluirAmbas as editoras valorizam mais a HQ autoral...
Já imaginou se 1 dia países de maioria islâmica se tornarem centros de HQ?
ResponderExcluirCreio que lançariam obras promissoras.
O que me dá raiva é que eu fui um dos dois ou três leitores fiéis do Clã Destino (que nos quadrinhos eram descendentes de um cavaleiro imortal das cruzadas com uma Djinn que se tornou sua amante e desapareceu). Eu adoraria ver filmes ou uma série deles. E agora, do jeito que foi feito, isso nunca mais vai acontecer.
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