Desde 2021, não tinha notícia da versão de Persuasão de Jane Austen feita pela Netflix. Muito bem, o filme estrelado por Dakota Johnson e Cosmo Jarvis estreia no dia 15 de julho. O filme pretende contar a história de Anne Elliot, a mais velha de todas as mocinhas de Jane Austen, e que tinha ficado solteira por ter recusado, ainda adolescente, o amor de Frederick Wentworth, porque ele era de uma condição social inferior a sua. O tempo passa e Wentworth se tornou um próspero capitão da Marinha Britânica, já a família de Anne passa por sérios problemas financeiros, e a moça terá uma nova chance de encontrar o amor, apesar da família horrorosa que tem.
Dakota Johnson is Anne ElliotCosmo Jarvis is Frederick WentworthHenry Golding is Mr. ElliotPERSUASION, based on the novel by Jane Austen, arrives on Netflix 15 July. pic.twitter.com/UYpRJKOhPL— Netflix UK & Ireland (@NetflixUK) April 21, 2022
O filme tem um elenco multirracial e eu espero que ele seja color blind, isto é, que a etnia dos atores não seja levada em conta dentro da história. Torço para não ser algo tipo Bridgerton e que inventem uma justificativa capenga para uma sociedade regencial cheia de diversidade e sem racismos. De qualquer forma, espero que a Netflix acerte de novo.
2 pessoas comentaram:
Color blind era interessante quando as produções que utilizavam esse recurso eram exceção, hoje em dia virou regra e um recurso preguiçoso para fingir que estão fazendo representatividade. Pra começo de conversa, representatividade vai além e abarca cultura e expressão também.
Qual filme/série de época recente aborda as questões de raça condizentes com a época? Existiam negros na Inglaterra de Jane Austen, eram minoria mais existiam, mas é mais fácil escalar minorias em papéis aleatórios, normalmente coadjuvantes e não empreender nenhuma discussão relevante. Se ainda fosse o protagonista... E Wentworth poderia ser negro por exemplo, sem utilização desse recurso preguiçoso, bastava trocar a questão de classe pela questão de raça.
Acredito que o recurso do color blind é interessante por dar a atores e atrizes não-brancos um espaço nas produções, usando roupas e fazendo papéis que nunca lhes seriam oferecidos por não serem brancos. Há limites e problemas, claro e já publiquei textos sobre isso no Shoujo Café. Você não deve estar acompanhando, porque, e eu resenhei aqui, houve a minissérie Ana Bolena, que usou muito bem o color blind na própria protagonista. Mesmo Bridgerton, com toda a sua carga problemática, dá uma visibilidade enorme para seu elenco não-branco e suscitou a rediscussão da Rainha Charlotte, ainda que eu mesma não acredite que ela fosse uma mulher negra. Eu gosto do color blind, desde que não coloquem os não-brancos em papéis menos relevantes, mas acho importante contar histórias de pessoas negras, ou não brancas em geral, que existiram, ou que eram possíveis, em outros períodos históricos. Por isso, o que se vem fazendo no cinema e na TV, como foi em Enola Holmes, ou Bridgerton, mostrando mundos passados sem tensão racial, me parecem tão problemáticos.
De resto, havia negros na Inglaterra de Austen, também, tenho um post sobre isso no blog, mas de um até, PORÉM não considero que seria uma manobra muito simples transformar Wentworth em negro. Seria um negro rico, ou pobre? Se fosse os dois, pior ainda. A própria personagem negra de Sanditon, uma não-branca criada por Austen, se mostra uma personagem muito sofrida já no rascunho, que é o que temos. Espero que ess Persuasão me surpreenda positivamente, mesmo que eu discorde de algumas escolhas de roteiro, ou figurino. É esperar para ver.
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