A dança é uma das expressões artístico-culturais humanas mais antigas e importante e acabei de descobrir que hoje é o Dia Internacional da Dança. A data foi estabelecida pela UNESCO em 1982. O 29 de abril foi escolhido por ser a data de aniversário de Jean-Georges Noverre (1727–1810), considerado o criador do balé moderno. Não conhecia a personagem, que era de uma família de militares, mas decidiu, e foi respeitado na sua escolha, ser bailarino. Até postei alguma coisa no Twitter, porque vi o pessoal do Frock Flicks comentando, mas não tive ânimo para fazer um texto, mas queria muito. Queria saber dançar e não sei. Meu marido e eu tínhamos combinado fazer dança de salão e ainda não fizemos. Já são mais de vinte anos de casamento...
Fiquei pensando na importância da dança em alguns mangás/animes, séries e filmes que eu gosto. Há o óbvio, Waltz wa Shiroi Dress de (円舞曲は白いドレスで), de Chiho Saito, no qual tudo começa em um baile no qual o mocinho (*ou o primeiro mocinho, pelo menos*) e a mocinha dançam uma valsa. Mais tarde, a dança volta a ter importância em outro momento do mangá. Fiz dois Shoujocast sobre a série (*1 - 2*). Em materiais de época, a dança, um dos poucos momentos em que rapazes e moças poderiam ter alguma proximidade física e conversar, a dança tem um papel importante. Era também o momento de mostrarem sua competência.
Em todos os livros de Jane Austen e nas suas respectivas adaptações, claro, as pessoas dançam. Em Orgulho & Preconceito, o desgostar de Elizabeth por Darcy começa quando ele se recusa a tirá-la para dançar por ela não ser bonita o suficiente e eles até dançam, mas parecem duelar. Em Emma, quando a protagonista dança com Mr. Knightley, ela começa a compreender onde está o seu coração. A dança, assim como o banquete, tem uma função social importante desde a mais remota antiguidade. Elas serviam para expressar alegria, vide Miriã liderando as mulheres que dançavam e cantavam depois da travessia do Mar Vermelho (*Que a Record cortou da sua novela*), ou as festas da colheita, ou uma série de outras expressões que mapeamos ao longo dos séculos e nas mais diferentes sociedades. Mr. Darcy mesmo expressa seu aparente desprezo dizendo que "Todo selvagem sabe dançar."
Transformar a dança em pecado é uma das coisas mais horríveis e eu cresci em um ambiente no qual a dança era vista como algo inadequado. Por isso mesmo, talvez, Footloose (*o original*) tenha me impactado tanto, mesmo sendo um filme bem mais ou menos, afinal, ele mexia exatamente com algo que eu, adolescente, conhecia muito bem, a repressão a uma expressão humana tão básica. O motivo? A repressão sexual, claro! E quantas vezes ouvi, ou li, bobagens que relacionavam a dança à licenciosidade, como se tudo se reduzisse a isso..
Lembrei agora de E o Vento Levou e Scarlett O'Hara, que não podia dançar por ser uma viúva recente, quebra as regras usando a caridade. Ela nem queria dançar com Rhett Butler, ela queria é poder deslizar pelo salão e é, como tudo nesse filme, uma cena impactante. Em menor escala, mas muito mais singela, é a cena em que o Capitão dança com Maria em A Noviça Rebelde. É uma das minhas sequências favoritas do filme.
Voltando para o mangá/anime, vejo paralelos entre A Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら), quando Oscar enfrenta a sociedade e dança com Rosalie, causando inveja em todas as mulheres e homens no salão, e a sequência de Shoujo Kakumei Utena (少女革命ウテナ) na qual Anthy é humilhada por Nanami, a irmã ciumenta e doentia de Touga, e tem seu vestido rasgado. Utena faz um vestido de toalha para Anthy e as duas deslizam pelo salão com todos invejando as duas. Aliás, em Candy Candy (キャンディ・キャンディ) temos uma sequência semelhante, quando Elisa empresta para a mocinha um vestido antigo e pequeno demais, ele se rasga e os meninos, os vizinhos apaixonados por ela, arrumam um jeito de vesti-la como uma rainha. É durante este incidente do baile que ela finalmente encontra Anthony, o primeiro amor da sua vida. Os garotos que a ajudaram acabam nem conseguido a atenção da heroína. ☺️
E, sim, como não lembrar de cenas de tango. ☺️ Há um filme bem mais ou menos com o Colin Firth, Easy Virtue, no qual ele dança tango com Jessica Biel. Ela era a nora indesejada de uma família nobre e ele era o sogro, que maltratado e rejeitado pela esposa. Bem, bem, o pai era muito mais interessante que o filho. Outra cena de tango que eu gosto é a da novela Desejo Proibido, quando Miguel e Laura dançam e acabam ficando encantados um pelo outro. Ela é noiva e ele é padre, ainda que ninguém saiba. Mais tarde, eles voltam a dançar de novo, mas a primeira dança e a confusão que se segue é insuperável.
E falando em dança bonita e romântica, vou terminar relembrando a última temporada de Bridgerton. Sim, eu sei que é uma farofada sem fim, mas em um momento desesperador como o que vivemos, ver Kate (Simone Ashley) tão linda de laranja e Anthony (Jonathan Bailey) dançando me dá um grande prazer. E termino aqui. Poderia ter falado de balé, mas fica para outra vez.
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