Ontem, e eu estava muito cansada para publicar qualquer coisa, foi anunciado que teremos dois filmes de Sailor Moon em 2023. A ideia é que Sailor Moon Cosmos (美少女戦士セーラームーンCosmos) coloque fim à nova adaptação animada que foi iniciada nas comemorações dos 20 anos da série. O fato, como bem destaca o Sora News, é que a nova adaptação animada de Sailor Moon não conseguiu a mesma popularidade da original, que foi planejada para estrear quase que simultaneamente com o mangá. Mas é preciso levar em consideração que, hoje, temos uma cartela muito maior de opções e que a série original representou uma nova e bem sucedida abordagem do gênero garota mágica, além de oferecer para a maioria dos ocidentais uma grande novidade, quando praticamente nada era oferecido para as garotas.
E, sim, apesar de shoujo, Sailor Moon conquistou muitos fãs homens, independentemente da sua orientação sexual, porque é fato que meninos gays, que também eram subrepresentados e mal atendidos encontraram algo para si em Sailor Moon. O sucesso da série original não pode ser analisado sem levar em consideração o contexto. A ausência de representações mais diversificadas de mulheres, ou meninas, como heroínas, a forma como a série abordou a questão da sexualidade e identidade de gênero de forma muito natural é algo a ser levado em conta. E o natural que usei tem dupla face, porque, por um lado, Sailor Moon mostrava, por exemplo, um casal formado por duas mulheres sem ligar para as sobrancelhas levantadas, por outro, não aprofundava discussões sobre o tema.
Estava lá, é importante, é corajoso, mas não queremos ir além disso. Tanto é que eu DUVIDO que a autora tivesse pensado Haruka Tenou/Sailor Urano como gender fluid, ou não-binária, não sei bem onde ela está encaixada, simplesmente, ela olhou para o mundo e para outras representações de mulheres andróginas, abundantes dentro da cultura pop japonesa, seja nos mangás, seja no Teatro Takarazuka. Em 1998, a autora afirmou que a personagem era lésbica, já na época de Sailor Moon Crystal, a coisa foi além. Além de Urano, havia outras personagens LGBTQUIA+, inclusive censuradas em dublagens e exibições em alguns países ocidentais.
E vamos levar em conta que Sailor Moon é um produto direcionado para meninas entre 9 e 13 anos orginalmente. Ainda que não devamos ser inocentes em pensar que lá no seu planejamento os empresários já não imaginavam que a coisa pudesse transbordar seu público alvo, como tantos shoujo antes de Sailor Moon, é preciso levar em conta que o mangá saia na Nakayoshi e a ideia era oferecer mais uma série de garotas mágicas, um dos gêneros mais consolidados dentro da animação para meninas e não somente, porque há mahou shoujo em todas as demografias. Sailor Moon, o anime original,se destacou, também, por um diálogo com a moda da sua época, por exemplo, algo que não ficou tão evidente na nova adaptação. Há um artigo traduzido aqui no blog sobre o tema.
Voltando para Sailor Moon Cosmos, os dois filmes para o cinema serão lançados no Verão japonês e terão um novo diretor, Tomoya Takahashi. Kazuko Tadano, designer de personagens do anime Sailor Moon original dos anos 90 e Eternal retorna no mesmo papel, assim como o roteirista Kazuyuki Fudeyasu, que escreveu Eternal, lançado em 2021. A Netflix tem disponibilizado a nova série e a JBC lançou todo o mangá e em mais de uma versão. O teaser do próximo filme, está logo abaixo:
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