O site japonês Mannavi fez uma pesquisa no final do ano passado com a ajuda de editores e a partir da sua conta no Twitter para ter um perfil dos mangá-kas em atividade no Japão atualmente. Alguns resultados acabaram chamando a atenção e eu não tenho como destrinchar toda a pesquisa, porque todos os gráficos estão em formato imagem, então, a gente não tem como usar os tradutores. A última pesquisa do gênero feita pelo Mannavi foi em 2017 e há link para ela e, na página original, eles fazem comparações.
Pois bem, nos dois primeiros gráficos, e há vários sites comentando esses dois dados, temos a informação de que, dentro das 723 respostas válidas (159 via editores, 564 via Twitter), 77,2% dos mangá-kas são mulheres e que 4,7% decidiram não se identificar. Outro dado relevante seria que 47% dos mangá-kas estariam na casa dos 30 anos. Achei relevante, também, que 10,8% tem menos de 20 anos, ou seja, são adolescentes. A pesquisa tinha como foco principal saber do uso de meios digitais e quais recursos esses profissionais usam (*programas, plataformas, se celular, computador, ou tablet etc*.) para fazer seus mangás. Do que entendi: 90% usam meios digitais, sendo que 59,9% somente meios digitais. Há os que se consideram mangá-kas somente por fazerem doujinshi (*fanzines*) e que 80% tiveram ou tem experiência fazendo doujinshi e que 34% dos que responderam ainda participam das convenções de doujinshi, mesmo produzindo suas próprias séries.
Os dois primeiros resultados chamaram bastante a atenção, mas é preciso considerar algumas coisas. A primeira é que o universo dos respondentes é bem limitado, há milhares de mangá-kas no Japão. O segundo ponto é que a maioria das respostas veio do Twitter, então podem ser pessoas que se autopublicam e, efetivamente, há muitas mulheres artistas que usam a internet como meio para o lançamento de seus materiais, porque não conseguem espaço nas editoras tradicionais, ou para lançar seus títulos em papel (*no Japão nem acredito que isso seja uma questão prioritária para quem está começando mesmo*). Fora isso, a internet chega em (quase) todo lugar e permite maior liberdade de expressão. Ainda assim, eu tenho uma lista no Twitter com 525 artistas, acredito que mais de 450, pelo menos, são mulheres que estão produzindo para revistas, ou selos de editoras, ou plataformas que publicam mangás profissionalmente e mantém perfis na internet. Mulheres, ou que aparentemente são mulheres. Só os artistas japoneses da minha lista já dá quase a amostragem deles no Twitter, mas eu não sigo artistas que só fazem shounen, ou seinen ou hentai, então, há todo um universo que a minha lista não contempla.
Por conta disso, por serem os respondentes em maioria voluntários no Twitter, acredito ser necessário ter cuidado em relação a uma afirmação sobre o mercado como um todo. Eu até imagino que as mulheres sejam de fato a maioria, mas seria interessante ver quem está trabalhando para editoras, se autopublicando na internet, fazendo dojinshi, antes de começar a discutir, por exemplo, que como as mulheres são maioria, os salários devem ter sido achatados e por aí vai. De qualquer forma, é interessante observar os resultados e espero que outras pesquisas do gênero possam ser feitas com amostragens mais amplas.
1 pessoas comentaram:
Será que essas autoras tentaram divulgar as obras delas no Comiket(antes de 2020)?
Comiket é ótimo trampolim pra novos autores! Takahashi Rumiko e CLAMP foram "crias" do Comiket !
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