No trabalho, no Whatsapp, recebi vários "Feliz Dia da Mulher!". Sempre no singular e votos sempre sinceros. A máscara até é interessante nessas horas, porque eu não preciso sorrir. O Dia Internacional das Mulheres não é bem um dia para comemorações, é um dia de luta em memória de mulheres que foram mortas, é um dia para que nos lembremos do muito que ainda temos que fazer para que consigamos o mínimo, o reconhecimento de que somos seres humanos e com os mesmos direitos dos homens. Se quisermos a queda do patriarcado, ainda vai demorar muito mais ainda. De qualquer forma, é se esforçar por educar novas gerações de mulheres para que tenham possibilidade de escolher e ir além do que já fomos, como o desenho do Nando sugere.
Sim, eu estou falando sério e quem viu a fala de nosso presidente enfatizando que “hoje em dia, as mulheres estão praticamente integradas à sociedade”, percebe o buraco em que estamos no Brasil. A fala, aliás, é super interessante, porque enfatiza o quanto somos o outro na sociedade, a referência é sempre o homem, de preferência, cis e branco. Apesar dessa gentileza de nos reconhecer como quase parte da sociedade, o presidente ainda vai promover um ciclo de palestras intitulado “Ciclo Brasil de Ideias Mulher”. O palestrantes são todos homens, vejam só. Seria até cômico se eu estivesse disposta a rir. Vivemos um péssimo momento para as mulheres no Brasil, por isso, vote certo.
E, bem, no final de semana, tivemos aquela nojeira promovida pelo deputado estadual por São Paulo Arthur do Val, Mamãe Falei, expressando sua excitação diante da fragilidade das ucranianas em um momento de guerra, elas seriam fáceis, porque são pobres. Até o momento, apesar das retaliações sofridas, ele não reconheceu plenamente a ofensa feita, acha que o linchamento é um exagero e diz-se deprimido porque a noiva o deixou. Detalhe, ele pretendia fazer turismo sexual no Leste Europeu ano que vem, mesmo noivo. De resto, ontem, saiu o relatório da ONG Foro de Segurança Pública apontando que "Uma mulher foi estuprada a cada dez minutos no Brasil em 2021". E eu ainda sofro sempre que leio matérias sobre as meninas e mulheres no Afeganistão. As imagens da retirada americana, do abandono das afegãs e afegãos a própria sorte, ficarão na minha memória para sempre.
Enfim, mas este 08 de março teve algo de especial, sim. Minha amiga Natania defendeu sua tese de doutorado sobre a revista francesa Ah! Nana, a primeira revista em quadrinhos para mulheres adultas publicada comercialmente na França. Tendo acompanhado o processo e como foi difícil conseguir as edições, o trabalho que deu traduzir, enfim, foi muito bonita vê-la chegar lá e participar da banca. Acredito que logo, logo, ela consiga publicar como livro.
5 pessoas comentaram:
Ah! Nana, a primeira revista em quadrinhos para mulheres adultas publicada comercialmente na França.
massa... "Josei" francês...
Não, Stephano, era coisa muito diferente, muito mesmo.
sei disso... apenas disse "Josei" como força de expressão...
eis algumas capas dessa revista francesa
https://womenincomics.fandom.com/wiki/Ah_!_Nana
Algumas consideradas bem "polêmicas"
Stéphano, a Ah! Nana só teve nove edições e foi descontinuada pela censura. As capas que estão no site, são todas as capas.
Essa capa da menina no cavalinho é talvez a mais polêmica
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