Ōoku (大奥) de Fumi Yoshinaga acabou de receber mais um prêmio, sim, a série, um dos meus mangás favoritos, acumula vitórias desde sua estreia na revista Melody em 2004: 10º Prêmio de Excelência da Divisão de Mangá do Festival de Mídia da Agência Cultural, 13º Prêmio Cultural Tezuka Osamu, Prêmio James Tiptry Junior (EUA), o primeiro prêmio de mangá da revista Anan, 56º Prêmio Shogakukan Mangá na categoria Shoujo, 5º Prêmio Especial do Sense of Gender Award (EUA). Sim, Ōoku é considerado uma série de ficção científica, porque cairia no sub-gênero ficção científica social, isto é, em que o mais importante é discutir as múltiplas possibilidades de sociedades e papéis de gênero. Normalmente, esse tipo de história é o sub-gênero favorito de mulheres escritoras de ficção científica, a diferença é que, como o Comic Natalie descreve a série como drama histórico, é uma sociedade do passado. E, claro, também é um exercício de ucronia, isto é, de História Alternativa. Resumindo, Ōoku cai em dois subgêneros de SF.
Para quem não conhece a série, e tenho todas as resenhas do volume 1 ao 18 no blog, o último volume só sai nos Estados Unidos em março, agora. Ōoku descreve um Japão no qual todos os Shogun, ou a maioria, foram mulheres, porque uma praga, a varíola vermelha, se espalhou no Japão no início do século XVI e dizimou a população masculina, especialmente, a jovem. Sobraram somente 1/5 dos homens do país e as mulheres tiveram que ocupar os espaços antes masculinos, seja os de poder, ou os do mundo do trabalho, e reinventar a sociedade. Tudo é como no Japão do Shogunato Tokugawa salvo por alguns detalhes, por isso ser história alternativa, porém, Yoshinaga se colocou o desafio de fazer o que não é feito nesse sub-gênero que é criar um ponto de divergência (*a prega*) e um ponto de convergência, pois os homens voltam ao poder e apagam qualquer lembrança do Shogunato das mulheres. Pensei que Yoshinaga iria se enrolar no final, mas ele se saiu muito melhor do que eu esperava. Aliás, só mostra o quanto ela é uma excepcional contadora de histórias.
Mas o que é o Ōoku? É o harém do Shogun. O Ōoku era formado por mulheres, claro, mas o do mangá, por uma legião de homens. Em um mundo com falta de homens, a maior demonstração de poder é ter um monte deles somente para si, alguns sem a possibilidade de sequer chegar perto da sobrenada. Somente alguns deles poderiam ser escolhidos para compartilhar o leito da soberana e, mesmo assim, até uma determinada idade, 35 anos.
Muito bem, a série terminou em dezembro de 2020 e o 42º Prêmio de Ficção Científica abrange obras que tenham sido publicadas entre 1 de setembro de 2020 e 1 de agosto de 2021. A premiação acontecerá em 16 de abril na Tsutaya Books em Daikanyama, Tokyo, em um evento chamado SF Carnival e será transmitido no Youtube pelo canal do Clube de Escritores de Ficção Científica e Fantasia do Japão. Devidamente encerrado, agora já dá para defender o lançamento de Ōoku e eu torço para que a série receba outras adaptações para live action, já houve um dorama e dois filmes para o cinema. Como Ōoku é feito de arcos, porque o harém é o personagem principal, dá para pegar os pedacinhos da história sem que ninguém fique perdido.
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