Estou com páginas comentando a produção do filme Iemanjá – Deusa do Oceano faz alguns dias. Segundo consta (*Alo Bahia, Veja, Globo, Adoro Cinema*), a ideia de Camila Pitanga é fazer um filme de super heróis sobre uma das orixás mais cultuadas no Brasil. Não é novidade, os nigerianos já fizeram mais de um filme nessa linha, começando com Orisha, tampouco, é um desrespeito para com os orixás, porque eles e elas são personagens mitológicos e podem ser ficcionalizados como já foram outros, como Thor, Buda e Jesus Cristo. Aliás, está para sair o mangá Saint Onii-san protagonizado por Buda e Jesus jovens e passando férias na Terra. Aliás, sendo transformados em super-heróis, os orixás podem ser melhor compreendidos e conhecidos, retirando deles a carga negativa que é fruto do embate entre as diversas denominações evangélicas e as religiões afro-brasileiras.
Segundo Saldanha para o Alô Bahia, "“Iemanjá é um símbolo para todo o Brasil, independentemente da religião ou crença de cada um. Nós acreditamos no poder dessa figura, parte da nossa herança ancestral, que tem tudo para cativar o público ao redor do globo da mesma forma que os deuses gregos, romanos, persas ou escandinavos, que já fazem parte do nosso imaginário”."
A sinopse do filme, no entanto, não me agradou, citando a Veja: "O longa promete mostrar a trajetória da Rainha do Mar e sua relação com outras deidades da cultura iorubá. “Com Ogum, o Deus da Guerra, como mentor, Iemanjá tenta entender seus poderes ao enfrentar Iansã, orixá cultuada como Deusa das Tempestades”." Sei lá, para que colocar uma divindade feminina africana enfrentando outra. Rivalidade feminina? A história poderia ter um ponto de partida diferente. Enfim, a produção será da Warner Bros. Pictures e Ventre Studio e deve ser gravada em 2023. Também é dito que a intenção é fazer uma série.
Bem, vou aguardar as primeiras imagens da produção. Algo, entretanto, já é sabido, Iemanjá será negra. E é bom que assim seja, porque a orixá foi embranquecida no Brasil, entre outros motivos, por ser associada à várias Nossas Senhoras (da Conceição da Praia, do Rosário, da Glória, dos Navegantes) durante o período da escravidão e acabou se assentando no imaginário social brasileiro. Antes se falava de sincretismo puro e simples, mas há quem defenda, dentro dos meios acadêmicos e religiosos, que os praticantes das religiões afro tinham consciência, pelo menos parte deles, de que a orixá e a santa eram diferentes, uns eram devotos de ambas, outros, fingiam ser devotos de Nossa Senhora para despistar seus senhores e a perseguição religiosa.
Ao falar do projeto, Camila Pitanga disse: “Para mim, é uma alegria infinita falar de um projeto que envolve pessoas que adoro. Evocar uma das figuras mais queridas da nossa ancestralidade, uma divindade que, tenho certeza, vai abençoar esse projeto e vai fazer com que chegue a todos os cantos do mundo. Uma alegria, uma responsabilidade e uma vibração muito bonita." Por enquanto é só, torço pelo sucesso da empreitada.
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