Faz tempo, acredito, que não faço posts sobre Júlia, ou sobre maternidade, mas segue um texto muito importante, porque até o início deste mês ainda estávamos com o governo federal tentando impedir a vacinação das crianças do Brasil. Finalmente, as crianças começaram a receber a vacina. Minha menina tomou a primeira dose da Pfizer hoje e quase não iria tomar, porque mesmo na maldita fila da vacina, sempre aparece alguém querendo obstruir.
Anteontem, o governo do GDF na figura de nosso governador, Ilbaneis Rocha, decidiu que iria estender a idade de vacinação, ao invés de somente as crianças de 11 anos, ele iria deixar vacina de oito, idade da Júlia, até os onze, além de crianças com comorbidades. Como a página da Secretaria de Saúde não tinha sido atualizada, a informação ainda não estava lá ontem. Confirmado o início da vacinação para a faixa etária de Júlia, fomos levá-la hoje.
Ponto importante, não é qualquer posto que está vacinando criança. Perto de mim, no meu bairro, Sobradinho I, há dois postos bem próximos. Nenhum dos dois está aplicando as doses infantis. É preciso ir no posto do bairro vizinho, a UBS II de Sobradinho II. Sim, são esses nomes mesmo. Outro ponto importante, a vacinação é de 8h às 12h (*Parece que decidiram estender o horário depois da confusão de hoje, está na página da secretaria agora*). Há postos que é o dia inteiro, até as 17h, mas no caso de onde estou, pegaram dois bairros grandes e arredores e colocaram em um local só e em horário reduzido. Não imaginava uma fila tão grande, ela estava dando voltas debaixo do sol, sem água, e com aglomeração.
Em dado momento, uma funcionária passou dizendo que as pessoas usassem a máscara corretamente, porque estávamos vivendo um surto de COVID. Sim, e o GDF não ajuda a evitar filas, ele favorece a criação de aglomerações e risco para os cidadãos. Meu marido queria ir para o posto do nosso bairro antigo, o Cruzeiro Novo, 30 minutos de distância de carro mais ou menos, que estaria aplicando o dia inteiro. Eu expliquei para ele que provavelmente estaria cheio também, porque lá colocaram quatro bairros (Cruzeiro Novo e Velho, Sudoeste e Octogonal). Ele desistiu, mas ficou entre ir embora e permanecer conosco. De qualquer forma, ele e Júlia sempre ficaram sentados em algum lugar tentando evitar o sol, mas eu fiquei mais de duas hora de pé seguindo a fila.
Na segunda rodada da fila, quando já estava dentro da cerca do posto de saúde e embaixo da janela da sala de aplicação, ouvi a funcionária dando a mesma instrução duas vezes, quem estivesse com sintoma gripal não deveria tomar a vacina, assim como quem tivesse tomado uma vacina qualquer menos de duas semanas antes e que quem não tivesse o número do SUS ou CPF demoraria mais a receber a vacina, porque teriam que registrar a dose em outro sistema e pesquisar, enfim, isso é lá com eles. Corri para pegar o número do CPF da Júlia na minha declaração do imposto de renda e abrir uma conta para ela no aplicativo do SUS, o número dela já estava na caderneta de vacinação.
Passei pela terceira fase e, quando estava na quarta fase da fila, veio primeiro a informação de que o sistema estava fora do ar, as duas pessoas na minha frente acabaram indo embora. Duas horas de fila perdidas. Um pai falou para a mulher "Ainda é o segundo dia da vacinação, não precisa ter pressa.". Sim, missão cumprida para quem queria atrasar a vacinação de uma criança. A graça é a vacinação no município do Rio estar mais organizada que a de Brasília, minha mãe até se espantou de ser todo mundo junto. Bem, o Rio de Janeiro (capital) ter um governo não-alinhado com o Federal sempre ajuda. Dentro de no máximo duas semanas as aulas irão voltar e com a maioria das crianças sem a primeira dose, provavelmente.
Ainda nesta fase da fila mudou o funcionário que recolhia as cadernetas de vacinação. E a nova responsável queria certidão de nascimento, ou a identidade. Muito burburinho na fila. "Como assim?" "Ninguém avisou nada!" Gente ligando para casa para pedir que alguém trouxesse, ou mandasse a foto. Gente indo embora. Já tinha passado e muito do meio dia e do horário de almoço dos funcionários do posto. Tentei ficar calma, afinal, vacina de criança basta a caderneta de vacinação e a palavra do responsável, porque eles e elas não podem ir com as próprias pernas se vacinar.
Foi chegando nossa vez e meu marido, que já estava para além da irritação e tinha até comprado salgadinho até para uma cachorrinha de rua que estava rodeando a fila desde que chegamos, decidiu que iria entrar com Júlia, porque a funcionária estava dizendo que entrasse somente um responsável. Júlia reclamou, queria entrar comigo, ele bateu pé. Fiquei imaginando que iríamos parar na delegacia.
O que eu entendi dessa confusão toda? Talvez, alguém tenha dito para a funcionária cobrar os documentos para tentar encurtar a fila, pois já era quase 14h. Ou então, a funcionária super-zelosa (cóf! cóf!) decidiu cobrar um documento extra como segurança. O fato é que a fuleiragem só começou quando mudou o funcionário que recolhia as cadernetas de vacinação. Para quem não tem crianças, a caderneta de vacinação sai com a criança da maternidade. Ela tem uma etiqueta com os dados do hospital, nome do obstetra responsável pelo parto. Traz ainda o número da Declaração de Nascido Vivo que está na certidão de nascimento, além de número do cartão do SUS e outros dados.
Confrontada, a funcionária me mandou um "Mas a senhora não leva certidão quando viaja de avião com ela?" "Só que vacina não é avião, senhora, documento para vacinar criança é a caderneta." "Mas todo mundo quer tomar esta vacina, por isso, precisamos de segurança. Tem gente usando documento de outra criança para vacinar a sua." Uma senhora, que estava na minha frente com uma menina de onze anos, e muito assustada, porque estava sem os documentos cobrados, concordou com a funcionária "Tem muita gente mentindo por aí para tomar vacina, conheço um caso..." Meu marido entrou "Mas ela está com pai e mãe e certidão não tem foto. Vai comprovar o quê?" "O senhor pode entrar com ela, mas saiba que vai demorar e ela pode até sair sem vacina por falta de documento de identidade." Ele entrou com Júlia e com cara de poucos amigos. Imaginei barraco, imaginei polícia, mas dez minutos depois ele saiu com a filha vacinada. A filha está aí embaixo na foto.
Terminado o processo, segundo ele, não lhe perguntaram nada lá dentro, não pediram nenhum documento exta, não havia um computador dentro da sala de vacinação, como há no posto mais perto de casa, e Júlia não fez escândalo, ela também estava com medo de não receber a dose, ou do pai se exaltar. Me disse, também, que a vacina não ardeu e que estava com o bracinho dormente, porque iria virar Júlia-ré. Agora pensem a dor de cabeça de um monte de gente e o abuso da funcionária, ou vai que ela entendeu errado e/ou é lesa mesmo?
Mas fica o outro problema, colocarem dois bairros grandes, em um único lugar para vacinar e somente pela manhã. Aglomeração certa, tortura para crianças e pais. As duas mães que estavam na minha frente, uma com o menino que iria vacinar e uma pequena de dois anos foi embora. Um absurdo. Quantos obstáculos ainda teremos que enfrentar até que esse pesadelo de pandemia e governo termine? E, sim, a ANVISA aprovou a CORONAVAC para crianças e adolescentes hoje, mas, como eu já suspeitava, não para toda a faixa etária pedida, ela só poderá ser aplicada a partir dos seis anos. Eu torcia para que minha sobrinha de três anos pudesse ser vacinada, mas ainda não será desta vez.
2 pessoas comentaram:
Nossa que desorganização aí no DF, já morei muitos anos aí e só quando sai daí é que percebi como tudo aí é desorganizado, moro no entorno e não tenho do que reclamar com relação a vacinação, eles pedem todos esses documentos mesmo que vc citou, mas a prefeitura daqui já explica no site e tudo mais, meus meninos já vacinaram(2 doses cada) ainda bem, são adolescentes, agora é esperar um dia que aprovem alguma vacina para meu filho mais novo que ainda tem só 3 anos. O DF deixa muito a desejar porque as cidades satélites são sempre uma bagunça com organização em comparação com o plano piloto,mas que bom que vc conseguiu que sua filha se vacinasse, a segunda dose é mais tranquila de tomar, menos burocracia, boa sorte!
Que saga!! Haja paciencia! Como é triste ver uma coisa tão boa como a vacinação ser tratada da forma que está sendo por muitos,
ultimamente.Ana Luiza.
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