Em 2017, comentei uma matéria do SoraNews sobre um drama vivido por estrangeiras no Japão, que era o risco do marido se divorciar dela sem que ela soubesse, o que poderia implicar na perda da guarda dos filhos e até na revogação da permanência no país. Sim, há esta modalidade de divórcio, ou havia nessa época, bastava ter o selo-assinatura (hanko) da pessoa e a parte prejudicada que corresse atrás para provar que o selo tinha sido fraudado, ou que ela tinha sido enganada para colocar o selo em papéis que, provavelmente, não sabia ler. OK, estamos falando de divórcio, mas e casamento?
Sim, a pessoa pode chegar na agência municipal responsável sem a presença do companheiro/a e registrar a união, que passa a ser válida. E foi isso que fez um homem de 39 anos da cidade de Isesaki, em Gunma. Segundo o SN, ele chegou com toda a papelada devidamente assinada para registrar o casamento. E uma pausa para explicar, segundo o SN, é possível comprar selos simplificados em qualquer papelaria contendo o nome da família de qualquer pessoa e usar em correspondência escolar entre outras, mas esses selos não ficariam de pé diante de uma ação judicial. Fiquei meio passada com essa informação, mas sigamos.
A mulher de cerca de 30 anos desconhecia o fato de estar oficialmente casada com um desconhecido. A matéria diz que não se sabe como a moça ficou sabendo, se foi pelo cidadão, ou por algum órgão estatal, mas que ela imediatamente chamou a polícia. Após a denúncia, agência responsável cancelou o registro de casamento antes que ele fosse finalizado. O homem foi preso por falsificação e admitiu as acusações, dizendo à polícia que queria se casar com a mulher porque gostava dela.
Nem sei o que comentar, mas o próprio SN faz referência à matéria de 2017, que divórcios contra a vontade são comuns, mas casamento era a primeira vez que se tinha notícia. Fico só imaginando uma estrangeira sem conhecimento suficiente das leis, ou da língua, ou dos dois, em uma confusão dessas. Mas fiquei imaginando que isso poderia render um mangá, que poderia ser uma comédia romântica, ou até algo bem soturno.
1 pessoas comentaram:
De vez em quando você vê gente lembrando que "o Japão ainda usa fax (oh, o horror!)" para dizer como o cotidiano por lá ainda é "tecnologicamente atrasado", mas esse exemplo das assinaturas é pior.
Como pode, ainda usarem um método tão inseguro de assinatura?
Entendo que o carimbo é conveniente, mas a facilidade de falsificar, de "usar a mão do outro", e essas alternativas "simplificadas" para assuntos menores são um escândalo. Pelo menos os yazuka devem estar satisfeitos.
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