Quando assisti Democracia em Vertigem, acabei não fazendo uma resenha no Shoujo Café, porque era um material político demais em um momento em que as pessoas continuavam muito sensíveis. Até pensei em não fazer resenha de Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil, mas senti a necessidade de comentar. Se o post não lhe interessa, tenha certeza de que outros mais do seu gosto virão, fora o arquivo com 16 anos de postagens. Enfim, fiquei muito impressionada com a entrevista do jornalista Joaquim de Carvalho ao GGN (*link*) e fui atrás do documentário da TV 247. Sim, eu sei, o fato de ser do 247 já traz uma certa sombra de dúvida sobre o material, porque trata-se de um site posicionado à esquerda, mas o documentário não é pró-PT e antibolsonaro. Trata-se de um material para levantar as pontas soltas e mal amarradas do caso da facada. E o faz muito bem, diga-se de passagem, ou eu teria largado e ido fazer outra coisa.
Para começo de conversa, trata-se, sim, de um titulo bem sensacionalista, mas efetivo. "Fakeada" é como as pessoas que não acreditam que houve uma facada chamam o incidente acontecido com o então candidato Jair Bolsonaro em Juiz de Fora. Esse grupo é bem grande atualmente e não culpo ninguém por pensar desse jeito, ou usar a palavra. Falando por mim, desde o início, eu acreditei que seria muito difícil não ter ocorrido a facada, porque seria muita gente envolvida em uma farsa, gente demais, inclusive colocando sua reputação em risco. Hoje, tendo a visão de que se trata antes de tudo de uma seita e de que os fiéis podem ter sua aderência conseguida mediante polpudas compensações com dinheiro público, e após o escândalo da Vaza-Jato, não sei realmente, espero que, um dia, as questões em torno do ocorrido sejam realmente esclarecidas, ou recebam uma atenção tipo Caso Evandro, porque há coisas muito nebulosas aí.
Querem ver? Sabiam que Adélio não tem contato com a família desde o atentado? Sua tutela está estranhamente com o advogado que o defendeu e não o defende mais. Isso é muito irregular, porque ele sequer está em um manicômio judiciário. Sabiam que a atendente do Clube de Tiro .38, onde Adélio e Carluxo se cruzaram, mentiu em rede nacional que eles não se encontraram? Sabiam que ela, assim como os seguranças que falharam miseravelmente no atentado, mas foram muito bem-sucedidos em proteger e isolar Adélio, foram todos recompensados por Bolsonaro? Aliás, difícil é explicar como um cara pobre como Adélio, que morava em um quartinho e usava um banheiro coletivo, pode ficar dias em Florianópolis no tal clube e tinha, depois de ser preso, cerca de 8 mil reais na conta corrente.
Das informações que aparecem no documentário, uma das mais interessantes é sobre a conta de Facebook de Adélio. Antes do encontro com Carluxo, ele era militante pró-Bolsonaro, ou com ideias convergentes, como um de seus sobrinhos explica no documentário, depois, passou a se comportar como alguém de esquerda, ou crítico do mito. Adélio estava em uma manifestação pedindo renúncia de Temer, isso foi usado para comprovar a hipótese da sua militância, mas a manifestação ocorreu depois de Bolsonaro, no rolo da greve dos caminhoneiros, exigiu a renúncia do golpista master.
O sujeito ao lado de Adélio na foto chegou a participar de uma live bolsonarista mais tarde e disse que Adélio falou de Jean Wyllys, há sempre o esforço de ligar o esfaqueador ao PSOL, mas calaram o fato dele ter sido filiado por último ao PSD de Kassab. O cara, depois, temendo processo, desmentiu tudo. Aliás, o perfil de Facebook de Adélio, lembrem-se que ele está preso, ninguém sabe mais quem administra, os parentes foram excluídos da amizade, o perfil foi fechado e os prints tirados são o testemunho disso aí tudo que relatei. Basta, no entanto, jogar o nome de Adélio no Google e apreciar as montagens e matérias falsas atrelando o sujeito ao PT, PSOL, Willys, Lula... O que está na internet é eterno.
O documentário traz muitas fotos e vídeos novos, ou não tão explorados, detalhes e entrevistas preciosas. Devo confessar, claro, que os argumentos dele foram de encontro ao que eu penso. Assim como no Crime da Rua Toneleros, que quase mudou a História do Brasil para pior, alguma coisa aconteceu em Juiz de Fora naquele 6 de setembro de 2018. Querem ver? Assim como o prontuário de Carlos Lacerda, que poderia provar que ele realmente levou um tiro de 45 no pé desapareceu, o de Bolsonaro no Einstein nunca foi entregue para a polícia federal.
É isso, acredito mesmo que Adélio Bispo tenha desferido uma facada, pré-combinada para ser o mais leve possível. É isso mesmo, eu defendo que há muita coisa a ser investigada no atentado que não foi, e creio que Carluxo possa, sim, ter planejado junto com outros um atentado ao próprio pai, algo que pudesse garantir a eleição. Sim, eu não acredito que a facada em si é fake, mas que o atentado foi planejado meticulosamente e foi favorecido pela rede de aliados, omissos e outros. Há muito o que se investigar. De resto, sugiro que assistam ao documentário e à entrevista no GGN que tem detalhes bem interessantes.
Joaquim de Carvalho, no entanto, defende que sem facada, Bolsonaro não teria sido eleito. Isso seria algo que eu não afirmaria de forma alguma. A facada foi um golpe arriscado e efetivo, mas mesmo sem ela, estávamos já em um poço tão profundo que Bolsonaro tinha condições de vencer mesmo assim contando com os apoios importantes que tinha, os anos de difamação antipetista e contra as esquerdas em geral. E, agora, pagamos todos o preço. Se quiserem assistir ao documentário, ele está aí embaixo:
1 pessoas comentaram:
Se Lacerda tivesse tomado tiro de 45... o pé seria amputado.
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