Vamos ver se FINALMENTE escrevo alguma coisa no Shoujo Café sobre WandaVision, a primeira série da Marvel no Disney Plus e que estreou no dia 15 de janeiro. Para se ter uma ideia, eu comecei a escrever uma resenha no mesmo dia dos dois primeiros episódios e fui empurrando, empurrando e, bem, já estamos para além da metade do seriado, assisti o episódio 7 na sexta-feira, agora já é quinta-feira da outra semana e ainda não conclui o texto. O seriado terminará no dia 5 de março, fechando sua primeira temporada (?) com 9 episódios. Muita coisa já aconteceu, mas acredito que os últimos dois episódios podem valer por uns cinco. É minha aposta.
Wanda Vision foi uma grande surpresa, para mim, apesar de gostar dos dois protagonistas. Visão e Wanda eram o casal trágico do MCU, quem acompanhou os filmes está ciente disso e ninguém sabia bem como o seriado iria conseguir dar seguimento à história (*de amor*) dos dois. Enfim, a série está conseguindo retomar as duas personagens muito bem e entrelaçar sua narrativa com a de novos e velhos conhecidos. Wanda Vision é uma série realmente divertida com muitos easter eggs para quem conhece a fundo os quadrinhos (*o que não é o meu caso*) e para quem assistiu aos filmes do MCU (Marvel Cinematic Universe). Ao mesmo tempo, a série é cheia de mistérios capazes de manter o público ligado mesmo depois do episódio acabar. Eu, por exemplo, estou até agora angustiada para saber o destino de duas personagens, muito mesmo.
Sei que algumas pessoas se irritaram com os dois primeiros episódios que eram homenagens diretas à séries clássicas dos anos 1950 e 1960. O tom desses episódios parecia se afastar muito do que os filmes da Marvel tinham oferecido até então. Uma amiga reclamou que não queria ver um remake de A Feiticeira, que era uma série machista. Outra amiga queria que eu lhe antecipasse se "já tinah começado a ação", porque ela não conseguia ver o que gostava dos filmes no início do seriado. Bem, havia ação desde o início.
A graça desses episódios dos anos 1950 e 1960, Wanda e Visão pareciam bem perdidos em encenar papéis de gênero e conviver com uma realidade muito distante daquela que eles conheciam, como se tivessem caído de pára-quedas ali. Mesmo Wanda parecia não saber bem o que fazer em vários momentos, o que sugere que ela pode não estar no controle da "produção", como muita gente acredita. Para quem não desistiu da série ali, houve logo a compreensão de que aqueles dois episódios seriam fundamentais para compreender o que viria a seguir, além de serem interessantes por si mesmos, mostrando a sintonia entre Wanda e Visão. E o mais importante, Wanda Vision traz novos elementos e personagens sem perder sua conexão com o MCU, mostrando que a Marvel-Disney está no controle de seus múltiplos personagens e de seu próprio multiverso.
WandaVision é uma série e, ao mesmo tempo, uma sitcom focada em Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) que começam como recém casados no primeiro episódio e se mudando para o subúrbio de Westview, New Jersey, em meados dos anos 1950. Trata-se do idílico subúrbio tão familiar para quem assiste desde a infância aos seriados norte americanos, só que há algumas coisas que estão fora do lugar. A cada episódio, ou quase isso, acompanhamos a dinâmica do casal através da progressão das décadas, 1950 e 1960 em preto e branco, tornando-se colorido ao final do episódio para entrarmos em um psicodélico anos 1970 e a chegada dos gêmeos, Tommy e Billy. Nesse momento do seriado, já chegamos na nossa década.
A série traz um elenco que acompanha os protagonistas através das décadas alterando seu penteado, vestimentas e comportamentos sendo a vizinha fofoqueira e prestativa típica Agnes (Kathryn Hahn), a personagem de maior destaque. Em alguns momentos, elementos causam distúrbio à narrativa da sitcom, objetos, diálogos e sentimentos que parecem fugir ao controle da protagonista, Wanda. E, claro, você, que assistiu aos filmes do MCU, sabe que Visão está morto, como ele pode ter retornado, então? Pior, ele não sabe que morreu. Ainda assim, não sabemos se Visão está vivo, ou, não, ainda que eu aposte que está, ou se ele pode continuar a existir fora do mundo criado por Wanda.
Não é minha intenção dar spoilers, mas eles são inevitáveis, então, se você parar por aqui, já sabe que eu gostei da série e já tem informações suficientes, seguindo o texto, não irei me restringir mais. Com a progressão dos episódios, elementos de perturbação começam a aparecer em cena, como algum objeto em cores nos episódios em P&B, ou pequenas falhas (glitches) quando Wanda parece perder controle do que está acontecendo com o roteiro e as personagens, especialmente, Agnes e Visão. Wanda também parece não ter domínio sobre o coisas que acontecem com seus filhos, começando com a cegonha que anuncia a chegada dos garotos.
Mas vocês devem estar se perguntando se ficamos o tempo inteiro assistindo a uma sitcom que faz homenagem à séries como I Love Lucy, A Feiticeira, The Brady Bunch, Malcolm in the Middle, The Office etc., além de outras produções como Mulheres Perfeitas (*a cena da biblioteca no episódio #2*). Não, não ficamos. No episódio #3 descobrimos que uma das personagens da Sitcom é Monica Rambeau (Teyonah Parris), sim, a menininha que aparece no filme da Capitã Marvel, e Wanda a expulsa do "seriado" no episódio seguinte. Essa interrupção do fluxo da narrativa criada (*será?*) por Wanda, nos mostra que fora de Westview temos as instalações da S.W.O.R.D. (Sentient Weapon Observation Response Division), uma das agências que existem nos quadrinhos da Marvel, e que a protagonista aparentemente sequestrou uma cidadezinha inteira, reescrevendo, também, as lembranças dos vizinhos de Westview.
Novas personagens são apresentadas, como o agente do FBI, Jimmy Woo (Randall Park), que apareceu no primeiro filme do Homem Formiga (*que eu nunca resenhei e preciso*) e Darcy Lewis (Kat Dennings), que veio do segundo filme do Thor no qual era uma estagiária (*de humanas*) e, agora, retorna como doutora em astrofísica. Ela, que antes era de humanas, é fundamental para começar a desvendar o que esta acontecendo dentro do hexágono criado por Wanda, e que é chamado de "hex" por todos. A palavra, aliás, significa "lançar um feitiço" em inglês. Em dado momento, Jimmy se pergunta por qual motivo Wanda não tem um nome de super-heroína e, mais tarde, no episódio #6, o do Dia das Bruxas, ela aparece com sua roupa tradicional dos quadrinhos, vestida como Feiticeira Escarlate.
O fato é que ao longo dos últimos episódios fica claro que Agnes, a única pessoa que não é identificada pela S.W.O.R.D. como tendo sido sequestrada por Wanda, não é quem aparenta, e que o chefe da agência, Tyler Hayward (Josh Stamberg), não é flor que se cheire. Ele quer destruir Wanda, ou fazê-la perder o controle, ou as duas coisas, além disso, monitora Visão, cujo corpo foi roubado da sede da S.W.O.R.D. pela heroína. No episódio #7, graças à Darcy, ficamos sabendo que Hayward, ou a S.W.O.R.D., fez experimentos com o corpo do herói. Alguns teorizam que Hayward pode ser um skull, ou mesmo Mefisto, um dos grandes vilões do universo da Marvel nos quadrinhos.
No episódio #5, Agnes parece ter um efeito estranho sobre os filhos de Wanda, já no capítulo seguinte, que tem como tema o Dia das Bruxas, os gêmeos começam a apresentar superpoderes e descobrimos que os humanos no limite do domo não agem com a naturalidade dos que estão perto de Wanda. Fica claro, também, que as pessoas dentro do domo estão sendo controlados por alguém, Wanda, é o que imaginamos, e que isso lhes causa sofrimento. A própria Monica Rambeau fala sobre isso, quando reencontra o pessoal da S.W.O.R.D. ao ser expulsa por Wanda do hexágono. Temos, então, a trama do sitcom, cada vez fugindo mais ao controle de Wanda. Já Hayward tenta se livrar de Monica, Darcy e Jimmy.
Monica, que parece ter sido afetada pelo período que passou dentro do domo, começa a apresentar alterações que irão transformá-la em uma super-heroína. Além disso, ao longo de todos os episódios temos as propagandas que aparecem na sitcom e que são pistas do que está acontecendo na história com menções às organizações Stark (anos 1950), à Hydra (anos 1960), Lagos, capital da Nigéria (anos 1980), etc. Somente o episódio #4, mais focado na S.W.O.R.D. e que se chama "We Interrupt This Program" (Interrompemos este Programa). O último episódio, Quebrando a Quarta Parede, parece encaminhar o final da série e termina de forma sensacional e angustiante.
Sei que ao longo dessa resenha já dei muitos spoilers, mas algo que sacudiu a série no final do capítulo #5 foi a introdução de Mercúrio/Pietro Maximoff não como o ator que o interpretou em Era de Ultron, Aaron Taylor-Johnson, mas interpretado por Evan Peters, dos últimos filmes dos X-Men. A própria Wanda, que tinha feito menção à morte do irmão, fica confusa e Visão, assim como o povo da S.W.O.R.D., pergunta se a protagonista teria escalado um novo ator para o papel. O fato é que Mercúrio traz agitação ao episódio #6 e ele mesmo diz que está ali para causar discórdia. A graça é que neste episódio há uma citação à Kick-Ass, e Peters e Taylor-Johnson trabalharam juntos nesse filme, que eu recomendo bastante.
Enfim, o Mercúrio que vemos no seriado pode não ser quem diz que é, ou pode ter vindo de outro universo, ou... Na verdade, ficamos sem saber poderia ser a introdução dos X-Men no universo do MCU e o que viria depois. O ator Paul Bettany falou que teremos ainda uma aparição de um ator com quem ele nunca teria trabalhado e que admira muito em um papel importante no universo da Marvel. Patrick Stuart como Xavier? O fato é que parece que já estamos no Multiverso.
Por fim, é revelado no episódio #7 que Agnes é Agatha Harkness. Nos quadrinhos, ela é uma poderosa feiticeira e foi mentora da Feiticeira Escarlate, ou seja, Wanda. A revelação era esperada por muita gente, porém, Agnes é apresentada como uma espécie de "diretora" do seriado de Wanda. Isso quer dizer que ela está no controle e, não, a heroína? Eu ainda acredito que Agnes não está só, afinal, além do diretor e do roteirista, nos seriados atuais existe um produtor-executivo, o show runner. Por isso mesmo, acredito que teremos alguma revelação mais ou menos bombástica nos últimos dois episódios.
Ainda nesse episódio #7, Visão encontra Darcy, consegue romper o controle mental imposto à personagem, e começa a ter um quadro mais completo da sua situação. Ele não lembrava de nada, de sua morte, dos Vingadores, nadinha, salvo o seu amor por Wanda. Além disso, Monica retorna ao hexágono em uma cena das melhores até o momento e passa a manifestar seus poderes. Se ela os controla, ou não, e sua extensão não sabemos ainda, mas foi excelente a sequência inteira.
Que mais a dizer? Elizabeth Olsen está muito brilhando e o seu retrato da dor e da depressão no último capítulo foi excelente. O mesmo vale para Paul Bettany, que é um excelente ator e consegue transmitir muito bem a confusão sentida por Visão, suas dúvidas e angústias. No último episódio, que é uma espécie de mockumentary, eles conversam com a câmera o tempo inteiro e colocam para fora suas dúvidas, angústias e contradições. E, sim, eu não posso deixar de pontuar, afinal, trata-se de um blog feminista, que não esqueci da tenebrosa conversa dele com Johnny Depp e espero que o ator tenha pelo mesmo refletido sobre os absurdos que falou. E, não, ele não deixa de ser um excelente ator por causa disso e eu não desejo vê-lo substituído, tanto quanto não quero que a atriz que faz Shuri seja demitida. Escrevi sobre os deslizes e absurdos ditos e feitos por alguns atores do MCU e como o público muitas vezes releva o que os homens fazem e é duríssimo com as mulheres. Está aqui, o texto, para quem quiser.
Concluindo, três pontos ainda: É interessante como dentro da S.W.O.R.D. homens e mulheres são tratados da mesma forma, apesar de uma maior presença masculina de figurantes, as tarefas parecem ser desempenhadas independentemente do sexo biológico da personagem e isso é muito bom. O seriado ganha dez nesse quesito. Recomendo muito os vídeos do canal da Mikannn em colaboração com o Série Maníacos. Sai um vídeo resenha no canal dela e um com teorias no do Michel. E, concluindo, uma das teorias é que WandaVision pode introduzir Ms. Marvel, afinal, eles estão em New Jersey, a anomalia não para de crescer e nossa heroína, que terá uma série em breve, mora nesse estado norte americano. Vamos aguardar. Daqui algumas horas o episódio #8 estará disponível.
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