Descobri uma série no Globoplay chamada Malory Towers e comecei a assistir com a Júlia. É baseada em uma série de livros de mesmo nome da romancista Enid Blyton. O nome da série deriva do nome do colégio interno feminino central para a ação. Os livros já foram adaptados outras vezes antes, mas eu não conhecia a série, não.
No original, os livros, que são seis, equivalendo, imagino, ao período dos 11 aos 16 anos de educação de personagem principal. A protagonista, que tem 12 anos, se chama Darrell Rivers, é uma espécie de tomboy um tanto esquentada, mas que deseja se reformar, por assim dizer, e se tornar uma aluna exemplar. Obviamente, as coisas não parecem acontecer do jeito que ela gostaria. Na série, não acredito que nos livros, Darrell foi expulsa de sua antiga escola e não quer que ninguém saiba, porque teme ser rejeitada.
Há uma vilãzinha muito irritante que torna a vida da protagonista muito difícil, mas que deve virar sua amiga antes do fim da série. Imagino. Gwendoline Mary Lacey se acha mais do que realmente é e estar em um colégio interno e, não, sendo mimada em casa a deixa desesperada por atenção. Ela acaba se tornando alvo das brincadeiras e pequenos trotes de outra garota, Alicia Johns. Até o momento, nada do que fizeram Gwen passar foi imerecido.
Gwendoline repete uma série de bobagens machistas sempre começando com "Minha mãe me disse que...". E é bem interessante isso para marcar que as mulheres são fundamentais para a reprodução de uma sociedade patriarcal, por outro lado, no caso da protagonista, o pai é a referência positiva nos estudos e na vida. Ela sempre começa com "Meu pai me disse...", o que pode criar uma falsa ideia de que os homens seriam aliados das mulheres em sua luta por direitos e escolhas no mundo. Vamos ver como isso se desenrola.
Malory Towers foi feita pela BBC, foi filmada em 2019 e estreou ano passado com 13 episódios. Infelizmente, e eu parei para conversar com Júlia sobre isso, Malory Towers padece desse impulso atual de, em nome da diversidade, apagar o fato de que a sociedade já foi muito racista e excludente. A história dos livros começa durante a 2ª guerra, no seriado, jogaram a ação imediatamente para depois do conflito. E temos muitas alunas negras, indianas, professores negras, também. vilãzinha, que é tão cheia de preconceitos, não é racista. Aliás, ninguém é. Que mundo perfeito, não? Agora, o que é realmente interessante é que uma das meninas do grupo de protagonistas tem uma grande cicatriz de queimadura no rosto. Não é algo bonito de se ver, mas a menina está tão integrada na história como todas as outras. Eu achei algo bem legal mesmo.
Vou tentar assistir dois episódios por dia com a Júlia. É bom ter uma série protagonizada por meninas e eu gosto dessas histórias de internato que são focadas na amizade e superação de problemas e, não, em abuso e coisas do gênero. O chato, pelo menos para mim, é que não parece haver versão legendada no Globoplay, ou eu não aprendi a mudar. Só que para assistir com Júlia tem que ser dublado mesmo. E, claro, são as vozes de sempre, interpretando do mesmo jeito.
2 pessoas comentaram:
Tem sim a opção do áudio original, mas geralmente no Globoplay só tem a opção de legenda em português (*naquela barrinha do lado*)
Curiosidade: a outra série que Blyton escreveu sobre um internato para garotas (St Clare's) virou anime nos anos 90 https://www.animenewsnetwork.com/encyclopedia/anime.php?id=4493 Chegou a passar em Portugal.
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