À despeito de quaisquer críticas que eu possa escrever sobre concursos de beleza, o fato é que eles ajudam a reafirmar padrões de beleza, já tiveram mais importância, verdade, mas continuam acontecendo e recebendo alguma atenção. Pois bem, o Japão é um país muito homogêneo em termos étnicos-raciais e o termo "haafu"(*de "half", metade em inglês*) normalmente é usado para ofender mestiços de japoneses com quaisquer outros povos e, claro, há uma escala de graduação nesse preconceito. Enfim, este ano tivemos a segunda mulher negra, mestiça de pai ganês e mãe japonesa, eleita como a mulher mais bonita do Japão.
Aisha Harumi Tochigi já tinha participado do concurso no ano passado e ficado entre as cinco primeiras. Tochigi é ativa em causas sociais tanto no Japão, quanto em Gana. Em 2015, Ariana Miyamoto, filha de pai negro norte americano e mãe japonesa, venceu o concurso e sofreu vários ataques racistas e, também, recebeu muito apoio.
Ainda falando de misses Japão mestiças, em 2016, Priyanka Yoshikawa, filha de mãe japonesa e pai indiano, foi a escolhida. Está se tornando menos incomum que coisas assim aconteçam e isso é bom, porque normaliza o fato de que existem várias possibilidades de beleza e que nem todos os japoneses tem pele clara e cabelos lisos negros, ou castanho escuros. Aliás, convido vocês a verem como esses padrões tem impacto nas regras impostas aos estudantes nas escolas, obrigando-os a apresentar atestados de que a cor de seu cabelo é natural, por exemplo, ou a pintá-los para se ajustar (*exemplo: 1 - 2*). Se duvidar, há mais diversidade no Miss Japão do que em nosso concurso brasileiro.
Uma curiosidade do concurso este ano é que das cinco candidatas em melhor colocação somente uma não era "haafu", em segundo lugar tivemos a nipo-nigeriana Raimu Kaminashi, em terceiro, a nipo-filipina Yuki Sonoda, já a quarta colocada, Kilala Watanabe, era a única que não era birracial, em quinto veio a neozelandesa-japonesa Marina Little.
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