Hoje, o câncer levou a grande atriz Chica Xavier (1932-2020), uma das personalidades negras mais importantes da nossa TV e teatro. Sim, eu lembro dela por causa da TV, mas Chica Xavier começou no teatro em 1953. Foi lá que conheceu o companheiro de toda uma vida, o também ator Clementino Kelé, com quem se casou em 1956. Eu descobri que os dois eram casados, porque apareceu uma reportagem do aniversário de 64 anos de casamento dos dois.
Chica é lembrada principalmente por dois tipos de papéis, a “nanny” (a empregada bonachona que faz parte da família) ou da Mamãe Dolores (a figura maternal subserviente e passiva). Este é o papel dela, por exemplo, em Sinhá Moça (1986), uma novela que eu gosto muito. Lembro também do papel sofrido da atriz em Os Imigrantes (1980). Seu último papel em telenovelas foi em Cheias de Charme (2012). Segundo o artigo do jornalista Nilson Xavier, a "mãe de santo Magé Bassã, da minissérie Tenda dos Milagres (1985), foi o papel que Chica mais gostou de interpretar na TV". Chica participou de 26 novelas, além de 11 minisséries, 11 filmes e 10 programas especiais.
Em 2010, recebeu o Troféu Palmares concedido pelo MINc, através da Fundação Cultural Palmares, pelo trabalho de preservação e incentivo à cultura afro-brasileira. Em 2011, Chica Xavier ganhou um centro cultural com seu nome, no Projeto Social No Palco da Vida, coordenado pelo ator Wal Schneider, que mantém o acervo de sua carreira no teatro, TV e cinema. Em 2013, teve sua biografia – “Chica Xavier: Mãe do Brasil” (Editora Eldorado) – publicada com texto da escritora Teresa Montero.
Que Chica Xavier possa ter partido em paz e seus familiares, em especial, seu esposo possam guardar as boas lembranças e possam superar o luto. Espero, também, que a atriz seja lembrada como merece, pois foi figura marcante da nossa teledramaturgia e uma das mais importantes personalidades negras do nosso cenário artístico. 2020 tem sido um ano muito cruel, acho que terei que criar uma tag "RIP".
1 pessoas comentaram:
Belo texto, porém não concordo muito que ela é lembrada pelo estereótipo bonachão de Mammy, apesar de ter interpretado este tipo em "Sinhá Moça", ela não conferia uma tonalidade bonachona a seus personagens a exemplo de sua colega Zeni Pereira (a Januária de "A Escrava Isaura"). Creio que ela ficou marcada por dar um tom firme e sério a seus personagens, sem perder a doçura o que resultava em personagens que transbirdavam sabedoria, ainda que em posição sulbaterna como é o caso da Inácia de "Renascer" e da escravizada Rosália de " Força de um desejo".
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