Tropecei no mangá Second Virgin Road~Koneko no Hanayome~ (セカンドバージンロード~子猫の花嫁~), de Yuriko Matsukawa, ontem, ou anteontem. É um volume único e parte de uma série que parece girar em torno de mulheres que tiveram uma segunda chance no amor e na vida, de certa forma. Só comecei a ler o mangá por causa do gatinho, porque ele é que une a protagonista e o seu novo amor. E, não, não se trata de um mangá pornográfico, sequer erótico, ainda que, por ser material para mulheres adultas, tenhamos uma sequência de sexo. E é bom que assim seja, para dar tempo de contar a história. Este texto será curto, uma mini resenha mesmo.
Koneko no Hanayome começa de forma bem violenta e com um cenário que eu ainda não tinha visto em um mangá. A protagonista é casada e se chama Keiko, no primeiro quadro sei marido lhe pergunta se ela está grávida. A moça responde muito feliz que está e iria dizer quando o bebê nasceria, mas é interrompida. "Você andou me traindo com outro?" "Não, claro que não! Você não está feliz que finalmente eu esteja grávida?" "Faça um aborto." Ela se recusa e ele a espanca e faz com que Keiko perca o bebê.
É um ponto de partida bem surpreendente. A partir daí, ficamos sabendo que Keiko se separou dele, que o ex-marido está na prisão e ela está empregada em uma loja, confeitaria, não fica muito claro, fazendo um trabalho que não exige grande qualificação. Trabalho pesado, na verdade. Quando voltava para casa, ela acaba vendo um filhote de gato na rua e o bichinho é atropelado. Para sorte de Keiko, um homem estava passando, ele se chama Koichiro e é veterinário. Ele salva o gato, os dois se tornam amigos e acabam se tornando mais que isso...
Koneko no Hanayome não é um mangá feminista, Keiko está absolutamente assujeitada à maternidade compulsória e continuará assim até o fim, aviso logo. Ela não se acha digna de amar novamente, de se casar de novo, porque não poderá dar um filho ao marido. Parece bobagem, mas mulheres se arriscam todos os dias, aqui mesmo, no Brasil, para terem filhos e assim agradarem ou presentearem seus atuais companheiros, mulheres fazem fila para desfazer laqueaduras precipitadas (*porque abrir barriga de mulher é coisa normal no Brasil*) para se tornarem mães novamente por causa de um novo marido.
Algumas, se arriscam por um sonho, elas precisa gestar e parir uma criança, mesmo ao custo de muito dinheiro, de muito sofrimento. Adotar não seria o mesmo. Não é culpa delas, é estrutural, uma cantilena que ouvimos desde quando pequenas, ser mãe, cuidar da boneca como se fosse um filho, se sentir incompleta, menos mulher, se não foi capaz de engravidar e egoísta se optou por outras coisas, como a profissão. Keiko é uma mulher possível e, bem, o mangá é sobre segundas chances.
Koichiro, o novo parceiro, não é perfeito. Ele imaginava que Keiko, por seus modos e atitudes, seria uma virgem, um uma mulher sem grandes experiências sexuais. Ele se espanta quando, na primeira vez dos dois, ela diz que eles não precisam de camisinha, porque ela não irá engravidar. Já disse que os mangás josei, mesmo os pornográficos, o que não é o caso desse mangá, são bem responsáveis em relação aos preservativos e isso é um mérito. O fato é que Koichiro não lida muito bem com o passado de Keiko. Ela termina magoada.
Até aí, nossa história seria bem melancólica se Keiko não tivesse amigas. E o bônus desse mangá é exatamente esse, mesmo quando Keiko escolheu mal um parceiro, rompeu com seus pais, jogou fora suas possibilidades de estudos e carreira (*ela era uma aluna brilhante*) por causa de um homem, as amigas a apoiaram. E aqui algo importante, apoiaram a amiga, não as escolhas ruins. Sororidade é o nome disso. E elas vão tomar satisfações com o veterinário quando veem que Keiko pode estar, de novo, sofrendo pelo homem errado. Esse confronto foi a melhor parte do mangá para mim. E, sim, temos o confronto com o ex-marido abusador, também, mas não darei outros detalhes.
É isso. Achei um mangá muito bom e é curtinho, somente três capítulos. Para quem quiser ler, tem em inglês aqui. Talvez exista scanlations em português, o mangá saiu em 2014.
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