Takane to Hana (高嶺と花), de Shiwasu Yuki, irá finalmente chegar ao seu capítulo final no dia 20 de julho na revista Hana to Yume, depois de mais ou menos seis anos de publicação. Serão #18 volumes no total com uma edição especial desse último encadernado, segundo o Manga Mogura. O item de brinde será um booklet trazendo inclusive uma história extra com o que acontece depois do final. A série fez tanto sucesso que teve dorama com oito episódios em 2018.
Antes de escrever o post, eu parei para olhar um pouco do mangá. Ele é divertido, o traço da autora é bem dinâmico, há uma evidente homenagem à Orgulho & Preconceito de Jane Eusten, mas ele cai naquele problema, que me fez escrever o post "CUSTAVA A MENINA SER DE MAIOR??" Se a menina não fosse "di menor" eu conseguiria torcer pelo romance dos dois!, a grande diferença de idade entre os protagonistas. Hana, nossa garota cheia de energia e sem papas na língua, tem 16 anos, Takane, o moço rico, orgulhoso, e visivelmente sem experiência com QUALQUER mulher, tem 26.
Hana vê Takane e fica impressionada com seu porte, com suas pernas longas. |
Nossa história tem como ponto de partida um "miai" (見合い), um encontro entre um homem e uma mulher organizado por sua família, ou uma empresa contratada, com o intuito de um futuro casamento. O pai de Hana trabalha em uma companhia muito poderosa e o dono da empresa, que já é idoso e tem problemas de vista, fica fascinado por sua filha mais velha, Yukari, a ponto de desejar que ela seja apresentada para seu neto e herdeiro. Só que a irmã mais velha de Hana, uma moça de 23 anos, tem um namorado e não deseja participar do arranjo e sugere a caçula, que só tem 16 anos. O pai, então, temendo por seu emprego, decide que Hana irá disfarçada no lugar da irmã.
Hana coloca um quimono, uma peruca e muita maquiagem para parecer mais velha. O velho dono da empresa se espanta dela parecer tão mais baixa do que antes, o pai de Hana diz que é o peso do quimono que está meio que achatando a moça. Quando Takane aparece, ele é grosseiro com Hana, diz não gostar de mulheres que usam muita maquiagem, nem que aceitam participar de um miai por interesse econômico. Hana, que estava tentando se controlar, levanta, diz poucas e boas e atira a peruca na cara do sujeito. Resultado? Vocês sabem, mesmo contra sua vontade e bom julgamento, Takane se apaixona por ela.
Ele leva rosas caras para ela nos primeiros encontros e Hana não sabe o que fazer com elas. |
No outro dia, Hana teme pelo emprego do pai, mas recebe é um convite para sair com Takane. Ela coloca as roupas da irmã, porque acredita que a fraude precisa ser mantida, mas elas ficam enormes, Yukari é bem mais alta que ela. Takane continua orgulhoso, meio que tentando humilhar a garota e lhe entupindo de presentes caros, que ela rejeita. Hana não se dobra, mas sob ameaça, ele diz que o pai dela poderá ser demitido, ela aceita sair com ele. Os encontros vão se somando, até que ela propõe que ele aceite sair com ela para um passeio de gente pobre, incluindo andar de metrô.
Takane se curva e o curioso é que reclama do "mau cheiro" do metrô. Se você assistiu Parasita, os ricos do filme falam que os pobres fedem. Ao que parece, em lugares onde a pobreza não tem cor, ela tem cheiro. De todo o modo, fica evidente que Hana, apesar de volta e meia enfrentar Takane, ser ácida com ele, está se apaixonando. Depois desse passei de "pobre" em que ela observa facetas desconhecidas do rapaz, a menina se desculpa, mesmo sem confessar que está mentindo sobre ser a irmã, e, o pior, Yukari rompeu o namoro e que seu lugar de volta. Afinal, qual o interesse teria um rapaz adulto e fino como Takane por uma colegial como Hana?
Takane tenta seduzir, ou intimidar, a menina com presentes e comidas caras. Ela rejeita o que pode. |
A adolescente tenta sair de cena, mas Takane vai atrás dela. Ele nunca fora enganado, mas se sentira tocado pelo pedido de desculpas de Hana. A garota, então, relembra quando ela a colocou em um "kabe-don" (壁ドン; kabe, "muro", e don, o barulho da pancada da mão na parede), isto é, aquela cena clássica em que o rapaz (*o seme, em um BL*), normalmente mais alto, encurrá-la o/a parceiro na parede. Não raro, o desdobramento é um beijo, mas Takane não consegue beijá-la. Hana, tentando provocá-lo, o puxa pela gravata (*que é um ato bem erótico*) e o beija. Ele fica desconcertado.
A história segue, fui ver o que está por vir. Sei que haverá um colega de escola apaixonado por Hana, um par bem mais adequado, que, certamente, nao ficará com a mocinha no final. Há uma colega trans de Hana que se apaixona por Takane, porque ele foi gentil com ela. E temos, também, um primo de Takane, que tem inveja do rapaz e tenta desgraçá-lo e, para isso, quer conquistar Hana, ou seja lá o que vai acontecer. Hana e Takane vão fazer um acordo de se casarem no futuro, mas manterão a coisa em segredo.
Ela o beija, ele fica perplexo. Acredito que foi o primeiro beijo do sujeito. |
É Hana to Yume, então, não esperem nada de ousado, agressivo, ou sexual. Não é o tom geral da revista, mesmo que ela já tenha publicado material mais denso, e fica evidente que não é o perfil da história. Takane to Hana é uma dramédia que pode até resvalar para o drama em algum momento, mas é material bem leve. Problemas? Sim, quero comentar alguns a mais.
Takane é um típico ore-sama guy, que espera que todos façam o que ele quer, especialmente, os inferiores, caso de Hana. Pesa sobre ele o dever de assumir os negócios de sua família e sei que esse drama pessoal será explorado no mangá. Agora, isso não releva o fato dele se comportar como personagens como Doumyouji (Hana Yori Dango), só que ele não é adolescente, mas um homem adulto. Meu grau de tolerância com esse tipo de personagem é baixo, sendo um marmanjo então... Claro, a gente pode continuar lendo acreditando que ele vai mudar. Será?
Será que ele vai dar girassóis para a Hana no futuro? |
Agora, ainda que a série tenha esse tom leve e não realista, o que vemos é um homem adulto, mimado, ou reprimido, ou sei lá, tentando se impôr a uma menina de 16 anos. Ele quer mandar nela, acredita que tem o direito de fazê-lo. Ele a ameaça com a demissão do pai. A família dela, bem ao estilo da Sr.ª Bennet, de Orgulho & Preconceito, não se importaria se Takane casasse com ela mesmo a menina tendo 16 anos. Ela vai encontrar um partido melhor? Certamente, não. O pai não conseguiria dizer "não", mesmo que ele quisesse levar a menina à força para um motel.
Estou transformando uma história fofa em um quadro tétrico? Sim, é isso mesmo, porque eu sou esse tipo de pessoa. Posso gostar de um material, mas acho impossível me abster de analisá-lo. Hana, a protagonista, é desenvolta e tem a língua afiada, mas já ficou evidente em três capítulos, o que eu li, que ela não controla Takane, mas ele, se quiser, pode controlá-la. Tudo, enfim, vai depender do bom caráter do rapaz. Esse tipo de esquema pode funcionar bem em uma trama de época, mas é meio capenga em uma série contemporânea. tudo, claro, dependerá da forma como a autora trabalha e ela tem talento.
A ilustração é canônica. |
No caso de Hana, ela tem consciência, a partir do momento que admite estar gostando de Takane, do quanto o relacionamento dos dois não é ideal. Ela é uma adolescente, ele, mesmo se comportando de forma imatura, é um homem adulto. Ela é pobre e gosta do seu mundo classe média baixa, nesse aspecto, ela lembra Makino de Hana Yori Dango (花より男子), também. Lembra mais ainda, porque ela reaje, fosse a mocinha mosca morta, essa série morria no primeiro volume. Enquanto isso, Takane é um homem sofisticado, ele tem muita resistência a qualquer experiência fora de seu mundo.
Eles ficarão juntos, sem dúvida, resta saber quem terá mais efeito sobre quem. Queria muito que a menina não terminasse no altar, afinal, ela vai fazer o quê? Sair do colegial para o casamento? No entanto, acho que deve ser por aí mesmo. Enfim, com o fim de Takane to Hana, mais uma das séries mais importantes da Hanayume chegará ao seu final. Vamos ver o que entra no lugar.
Os protagonistas do dorama, a diferença de altura dos dois é mínima. |
Só uma coisa a mais, parei para olhar o primeiro capítulo do dorama e, bem, ele é bem diferente do início do mangá. Os três encontros iniciais viraram um só, sem o passeio "de pobre" que Hana (Takeuchi Aisa) obriga Takane (Takasugi Mahiro) a fazer. Aliás, logo no dia seguinte ao omiai, Takane já aprece na escola de Hana, quebrando toda aquela situação dele não saber que estava saindo com a irmã mais nova. A menina também parece muito mais apaixonada e menos assertiva, resumindo, ela perde muito da força da personagem do mangá. O melhor amigo apaixonado por Hana, Okamoto (Endo Kenshin), entra logo no primeiro episódio. Os chocolates baratos que Hana dá para Takane viram aquelas gelatinas em formato de bichinho.
O primeiro capítulo termina com Hana beijando Takane, mas não o pegando pela gravata (*isso aparece nas cenas do capítulo seguinte*), mas o colocando em um kabedon e dizendo que vai mostrar para ele como se faz a coisa direito. Acho que foi a melhor cena do episódio. Não sei se continuarei. O casal de protagonistas é fofinho, mas essa Hana menos moleca, linguaruda e mais tímida me deixou um tanto desanimada. E a cena de Takane arrastando Hana pelo braço ea passável no mangá, no dorama, com gente de carne e osso, me pareceu abusiva demais.
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