sexta-feira, 15 de maio de 2020

Coronavírus: Será que um dia voltaremos ao "normal"? Algumas reflexões sobre o efeito da pandemia sobre as crianças.


Estava vendo um vídeo de uma contação de histórias com a Júlia no colo ontem.  Era uma atividade da escola (*não tenho estrutura psicológica para falar de EAD nesse momento*) e as crianças todas sentadas no chão, juntinhas. Era uma escola e havia muito mais crianças do que nessa foto que escolhi para ilustrar o vídeo.  Pensei em voz alta "Acho que isso não será mais possível em muito tempo..." 

Tive que explicar para a filhinha o motivo. Me deu vontade de chorar, porque, bem, durante algum tempo, espero que não muito, realmente sou das pessoas que tem esperança de que, com tanta gente pesquisando, teremos uma vacina em menos de dois anos, as interações entre as pessoas terão que ser reduzidas.  O cartum abaixo me fez escrever esse post.  Não que eu concorde com o 2018, acho que quem o desenhou não costuma ir com crianças aos parquinhos da vida, mas pelo efeito do último quadro.

Será que os parquinhos vão ficar
 vazios por muito tempo?
Em algumas culturas, não vai ser tão diferente do que é, na média, mas para as crianças pequenas em geral, será muito pesado, sim. Lembrei inclusive de uma das cenas do excelente mangá O Marido do Meu Irmão, acho que o volume #2,em que o protagonista recomenda para a filha, uma criança pequena, um pouco mais velha que a minha, que refreie os seus impulsos de abraçar as pessoas, porque japoneses não fazem isso.   

Ela estava sendo socializada em uma cultura que, no geral, não vê com normalidade o que a gente costuma fazer por aqui (*ou costumava*), isto é, apertar mão de todo mundo, abraçar desconhecidos aleatórios e os cumprimentar com beijinhos.  Também me veio à lembrança, para que ninguém diga que esse post é off-topic, um episódio do dorama de Nigehaji (Nigeru wa Haji da ga Yaku ni Tatsu), não sei sem bem qual e no mangá é diferente, em que a protagonista, Mikuri, está feliz e se sentindo grata ao chefe (*e homem que ela ame e que a ama, também*) e diz algo como "Queria ser americana e poder lhe dar um abraço agora!".  

Para que eles cheguem nisso aqui... 
Mas se os japoneses são tão econômicos em expressões de afeto que, para nós aqui, seriam atos muito banais, eles andam entupidos em metrôs e trens e aglomerados nas ruas nos horários de rush.  Não muito diferente do que acontece nas nossas grandes metrópoles.  Mas eu vi algumas fotos de volta às aulas em escolinhas de educação infantil na Europa e, bem, foi de cortar o coração.  Criancinhas distantes umas das outras, dentro de quadrados desenhados no chão, parece coisas de filme de ficção científica distópica.  Imagino qual estrago essa pandemia fará no psicológico dos pequenos, suas interações afetivas e emocionais.

Não sei como foi depois da Gripe Espanhola, o mundo, ou, pelo menos, uma parte dele, já estava meio que super traumatizado pela Grande Guerra, mas seria algo interessante de se pesquisar. Se há relatos sobre isso, especialmente, em relação aos pequenos.  Não sei se o post é importante para você, mas eu, como mãe e professora, tenho pensado muito sobre essas coisas.  Mais do que deveria, talvez.  Só que não há nada mais importante para mim, hoje, do que minha filha e desde antes de Júlia nascer, eu já olhava para qualquer criança, agora, até os adolescentes, e pensava "Poderia ser minha filha, ou meu filho.".  Eu não consigo evitar a angústia sobre esse futuro.

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