Hoje, li no ANN que Ōoku (大奥), mangá de Fumi Yoshinaga que eu acompanho e resenho no blog, entrou no seu arco final. Como eu imaginava que o mangá já estava terminando desde o volume #12, isso, claro, descartando a informação anterior dada pela própria autora de que a série teria somente este número de volumes, eu fique em choque. Para se ter uma ideia, Ōoku está em publicação desde 2004 e já teve dois filmes para o cinema (2010 e 2012) e uma série para a TV (2012).
Este volume está difícil de terminar de ler. |
Para quem está achando confuso, um resumo da história: Ōoku é uma série de história alternativa que gira em torno do harém do shogun. Uma doença, a varíola vermelha, dizimou a população masculina do Japão no início do século XVI. Por esse motivo, as mulheres assumiram posições de mando e poder, os shogun são todos mulheres. Ter um harém, quando só sobreviveram 1/5 de todos os homens é um grande luxo e demonstração de poder, algo que somente a shogun pode fazer. A história começa 80 anos depois do início da peste, quando todos tinham esquecido desse passado (*como historiadora, esse detalhe me incomoda MUITO*) em que os homens eram os senhores da sociedade. Esse volume #1 se sustenta como um one-shot, mas fez sucesso e a autora decidiu continuar e retornou para o início da peste. Ao longo dos volumes vemos o avanço e, depois, o retrocesso da peste, enquanto as gerações e as shogun se sucedem.
Esse volume sai nos EUA em agosto. Sabe-se lá quanto vai estar o dólar. |
Esse tipo de história se chama ucronia. Cria-se um ponto de divergência, no caso a peste, e a História do Japão toma outro rumo ainda que os acontecimentos tenham certo paralelismo com os fatos como aconteceram e, algo importante, precisam parecer críveis para o leitor. Muito do filão da História Alternativa está ligada ao tema da vitória dos nazistas na 2ª Guerra e o que seria do mundo depois disso. O problema, e eu realmente queria ter mais leituras teóricas nessa área, é que os autores normalmente não criam um ponto de convergência que possa "ajeitar" as coisas. Só que Fumi Yoshinaga precisa fazer isso e pelo andar dos últimos acontecimentos, eu tenho medo que ela estrague o final de um mangá que tem tantos méritos, porque, bem, fazer com que a História do Japão retorne aos eixos parece uma tarefa impossível.
Cartaz do filme de 2010. |
Eu estou com a leitura do volume #16 nesse momento. Confesso que de todos os volumes da série este é o ÚNICO que me parece fraco. No Japão, o mangá está no volume #18 e com o #19 em publicação na revista Melody. Se esse arco final durar vários volumes a autora vai ter que se meter a desenhar algo que ela parece não dominar, uma guerra civil. Ela vai ter que sair do harém e colocar o Shinsengumi em cena, desenhar cenas de batalha. Olha, a não ser que ela esteja treinando para esse momento, vai dar problema, porque lá no volume #4 ela poderia ter feito um volume inteiro sobre uma revolta dos 47 Ronin, que cairia feito uma luva na história que ela estava contando, mas ela evitou falar do assunto em profundidade.
O mangá sai na revista Melody. |
Enfim, espero que esse arco final seja breve. Espero que ela saiba arrumar as coisas nesse final, mas está difícil. Eu realmente esperava, e isso volumes atrás, que quando os barcos do Almirante Perry chegassem ao Japão, os homens tivessem retomado o poder e apagado dos registros oficiais o Shogunato das mulheres. Aliás, nesse momento, os homens já tinham retomado para si quase todo o poder de fato. Yoshinaga é surpreendente, ela é muito boa contadora de histórias, quando a gente pensa que ela está deixando a peteca cair, ela joga a bola lá em cima de novo, mas não sei. Espero que ela consiga fechar seu mangá mais importante de uma forma decente.
2 pessoas comentaram:
Sempre passei por resenhas de Ooku por aqui e nunca li. Fiquei chocadissima com essa história! Onde você lê Ooku? Você lê em inglês? Parece ser bem legal!
Suellen, eu compro a edição americana da VIZ. Não sei se existem scanlations de Ooku, porque foi lançado na França, na Itália, na Espanha, nos EUA com muita rapidez. Só aqui permanecemos à margem do processo.
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