Emma, a última adaptação para o cinema do livro de Jane Austen, não chegou por aqui. A previsão é abril, mas todo mundo só fala disso e encontrei um artigo da NBC News que valia a pena traduzir. A autora está deslumbrada com a capacidade da diretora do novo filme em adaptar o clássico para os nossos dias em abrir mão do que Austen tinha de melhor. E faz um contraponto com Sanditon, a adaptação da ITV de 2019, que frustrou muita gente. Já falei sobre ela. Parece que a ideia era criar uma segunda temporada, estavam aguardando a exibição nos EUA este ano e, bem, foi decepcionante a recepção. E eu não discordo, achei muito ruim a abordagem de Andrew Davies e nem sequer consegui perceber a discussão sobre capitalismo que a autora do texto coloca em evidência e, bem, não acredito que ela tenha sido planejada por quem adaptou o material.
Falando em Sanditon, o Frock Flicks está detonando o figurino da série episódio por episódio agora e recomendo a leitura. Elas também fizeram uma bela análise do figurino do novo Emma, vale a visita. Segue minha tradução. Fiz de forma um tanto corrida, mas espero consertar qualquer erro mais tarde.
Uma heroína diferente. |
"Emma" é uma confeitaria deliciosamente misturada. Mas na PBS, "Sanditon" atua como um contraponto aos encantos de "Emma".
Por Ani Bundel
Após uma década de dormência, Jane Austen retornou à cultura popular. Este ano foi inaugurado com um dupla de obras da autora, começando com uma adaptação em oito episódios de seu romance inacabado "Sanditon" na PBS, seguido por uma de suas obras mais populares, "Emma", nos cinemas. Esse ciclo de adaptações de Austen tentou infundir a consciência moderna em histórias da pequena nobreza britânica [gentry]. Mas apenas uma consegue transformar a Regência em um deleite para a os nossos dias.
Eu estou ansiosa para ver o filme no cinema. |
Perdendo apenas “Orgulho e Preconceito” no número de adaptações para cinema e TV, “Emma” é uma das histórias mais atemporais de Austen, com Emma Woodhouse (Anya Taylor-Joy), uma jovem obstinada e vaidosa que pensa muito bem de si mesma. Essa personagem principal está à frente de seu tempo, uma das primeiras "anti-heroínas" da literatura. (Austen disse que estava criando "uma heroína de quem ninguém além de mim gostará muito.") Que sua trajetória envolve se apaixonar por Knightley (Johnny Flynn) e terminar com um final feliz só torna a história muito mais satisfatória; todo mundo gosta de ver os iníquos reformando seus caminhos.
Esse Mr. Knightley não me convence muito. |
Mas, embora as casas, carruagens, roupas e cenas necessárias de salão de baile estejam firmemente enraizadas na década de 1810, os elementos de comédia rasgada são completamente modernos. O pai de Emma, Sr. Woodhouse (Bill Nighy), é uma piada estridente, como um hipocondríaco horrorizado por sua própria casa e desconfiado de qualquer brisa que possa matá-lo. O filme também consegue adicionar traseiros nus, beijos e uma cena de amor interrompida acidentalmente por uma hemorragia nasal. Depois, há os criados, as engrenagens invisíveis nunca mencionadas que fazem a vida funcionar nas histórias de Austen. Nesta versão, eles nunca falam, mas de Wilde transforma sua presença (e opiniões silenciosamente expressas) em algumas das cenas mais comedicamente eficazes do filme. E, no entanto, essas adições do século XXI conseguem não sobrecarregar a história principal ou atrapalhar o belo casamento no final.
Eu já disse que gosto da Esther de Sanditon e de Lord Babington, porque ele viu algo de bom nela e não desistiu. |
Como em "Emma", "Sanditon" (pelo menos na sua estrutura) é o tipo de história de Austen que atrairia o espectador moderno. Centra-se em Charlotte Heywood (Rose Williams), um tipo prático de heroína. O herói romântico, Sidney Parker (Theo James), faz parte de uma família que tenta fazer fortuna ao transformar a cidade costeira de Sanditon em um destino turístico. O livro também inclui o único personagem não-branco que Austen já criou, Georgiana Lambe (Crystal Clarke), uma rica herdeira das Índias Ocidentais.
Os protagonistas de Sanditon. |
Por um lado, é admirável que Davies tente acrescentar tudo isso em uma adaptação de Austen. Até funciona, pelo menos em cenas esporádicas. Mas isso também prejudica a capacidade da história de encadear brincadeiras espirituosas e sequências de salão à luz de velas, que fizeram as críticas apontadas por Austen à sociedade e como ela tratava as mulheres serem tão facilmente compreendidas ao longo de dois séculos. Quando a série chega ao seu desfecho, Davies não consegue nem encontrar um final feliz para o casal principal, marcando a única adaptação de Austen da história em que a heroína volta para casa solteira.
Não consegui perceber discussões sobre capitalismo. Para mim, o objetivo do Davies era segurar o povo pelo fanservice. |
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