Saiu a primeira imagem de Selton Mello caracterizado como D. Pedro II para a novela das seis da Globo, Nos Tempos do Imperador, que vai estrear depois de Éramos Seis, é do mesmo pessoal de Novo Mundo. Acompanho de longe a produção, porque não consegui me afeiçoar a Novo Mundo e acredito que o único post que eu fiz sobre ela foi tentando entender o figurino pelas fotos reveladas. E não gostei do que vi e li, logo de saída.
Basicamente, Nos Tempos do Imperador deve ser um novo exercício de História Alternativa que pode, ou não, ser irritante para quem é do ramo, isto é, professores da disciplina, estudiosos da biografia dos envolvidos e historiadores que trabalham com Segundo Império. Se a novela fizer sucesso nos moldes de Novo Mundo, crescerá o interesse por material relacionado ao período e quem tem canais do Youtube (*dos de maior qualidade ao lixo mais tétrico*) e produz livros sobre a época, vai ganhar dinheiro.
Transformaram Pedro I, Leopoldina e José Bonifácio em um quase triângulo amoroso. |
Quando Novo Mundo passou, eu estava dando aula para o 3º Ano, pegava da Proclamação da República para frente, mas cheguei a ter que responder perguntas sobre a novela, a forma como as personagens e eventos eram tratados. Enfim, como acompanho as notícias, eu sei que o interesse pelas personagens históricas, especialmente, a Princesa Leopoldina (Letícia Colin), foi enorme. Leopoldina se tornou, inclusive, a protagonista moral da novela.
Exatamente por isso, lhe deram um final feliz e um marido menos canalha, ou seja, reformaram Pedro I (Caio Castro) e, o que na época me deixou bem embasbacada, sugeriram um possível romance platônico entre a primeira imperatriz do Brasil e José Bonifácio (Felipe Camargo). Houve gente atazanando o Paulo Rezutti por causa disso e ele fez um vídeo discutindo a questão. De resto, recomendo o canal dele.
Mariana Ximenes é a Condessa de Barral, preceptora das princesas Leopoldina e Isabel, amiga e, sim, amante do Imperador. |
É inegável o talento de Letícia Colin, Felipe Camargo e outros membros do elenco, mas é por essas e outras coisas que eu chamo Novo Mundo de História Alternativa que precisou adquirir características folhetinescas, porque sendo novela é obra aberta, isto é, em construção, navegando ao gosto da audiência. Vide o que estão fazendo com Éramos Seis nesse momento, criando um romance para D. Lola, a eterna viúva de seu marido, uma terrível vilã, e tudo mais.
Aliás, quando li em uma chamada da emissora o termo "casal Lolonso" (Lola + Afonso), meu estômago meio que virou, primeiro, por ser breguíssimo, segundo, porque estão transformando a novela em fanfic para agradar certas parcelas do público que a assiste. Audiência, a incapacidade do público atual de lidar com finais mais realistas, especialmente, com as características que imperam nas tramas das seis. Mas adaptação de um livro é algo muito mais livre do que uma novela histórica. No caso da História Alternativa, normalmente, ela não se afasta muito do que seria uma narrativa realista. Cria-se um ponto de divergência (*Ex.: Hitler venceu a II Guerra Mundial*) e a história segue sem se afastar muito do que seria realmente possível. Novo Mundo não foi bem desse jeito e não somente por ser novela. Espero ter explicado o meu ponto.
Aliás, quando li em uma chamada da emissora o termo "casal Lolonso" (Lola + Afonso), meu estômago meio que virou, primeiro, por ser breguíssimo, segundo, porque estão transformando a novela em fanfic para agradar certas parcelas do público que a assiste. Audiência, a incapacidade do público atual de lidar com finais mais realistas, especialmente, com as características que imperam nas tramas das seis. Mas adaptação de um livro é algo muito mais livre do que uma novela histórica. No caso da História Alternativa, normalmente, ela não se afasta muito do que seria uma narrativa realista. Cria-se um ponto de divergência (*Ex.: Hitler venceu a II Guerra Mundial*) e a história segue sem se afastar muito do que seria realmente possível. Novo Mundo não foi bem desse jeito e não somente por ser novela. Espero ter explicado o meu ponto.
Alexandre Nero será o vilão, bem, pode ser interessante. |
A escolha do Selton Mello é curiosa. Gosto dele, é bom ator e o prefiro ao irmão, porque Danton sempre me parece à beira de uma crise de riso. Mas digo que a escolha é boa, porque ele tem uma voz meio pra dentro, que pode se aproximar do que era a voz de Pedro II, que apesar de ser um homem bem alto e com a pose digna das fotos (*e temos muitas*) tinha uma voz inesperadamente fina. Motivo? Uma inflamação de garganta que, curada aos moldes da época, lesionou suas cordas vocais, causando dano permanente.
Nem deveria ter imperador no título. |
É isso, por enquanto. Não há mal nenhum em História Alternativa, gosto bastante do gênero quando se assume como tal e desde que o objetivo não seja transformar a ficção que atende aos interesses de certos grupos em uma narrativa hegemônica, ou para legitimar isto, ou aquilo. Aliás, eu como historiadora acredito que é muito válido trazer a história nacional para a sala de estar das pessoas, faz-se muito pouco isso por aqui. E seria interessante mostrarem que D. Pedro II não foi sempre o velhinho das fotos que normalmente aparecem nos livros didáticos. A novela começará em 1856, logo, terão que mostrar outras facetas dele.
Agora, como não gostei do que vi em Novo Mundo, e não gostei a ponto de nem querer comentar no blog, provavelmente não assistirei. O problema é que vou estar dando aula para o 2º Ano em 2020, talvez, me veja obrigada a olhar alguma coisa, porque é possível que algum aluno, ou aluna, pergunte sobre ela. De resto, se deliciem com os minions xingando a novela no Twitter, só por aí, a emissora, caso esteja atenta, já deve estar farejando o sucesso que será, e os submundo monarquista do Youtube, também.
Gosto do trabalho que o jornalista Paulo Rezutti faz.
Ele é um excelente pesquisador, na medida
que consegue desencavar fontes que a maioria
desconhece, é responsável e escreve de forma acessível
coisa que muitos acadêmicos não fazem.
(*Se clicar na imagem, vai direto para o Amazon*)
Agora, como não gostei do que vi em Novo Mundo, e não gostei a ponto de nem querer comentar no blog, provavelmente não assistirei. O problema é que vou estar dando aula para o 2º Ano em 2020, talvez, me veja obrigada a olhar alguma coisa, porque é possível que algum aluno, ou aluna, pergunte sobre ela. De resto, se deliciem com os minions xingando a novela no Twitter, só por aí, a emissora, caso esteja atenta, já deve estar farejando o sucesso que será, e os submundo monarquista do Youtube, também.
1 pessoas comentaram:
Uma pena que você não fará textos sobre a novela, adoraria ter uma opinião de uma historiadora para comparar, amei seu texto!
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