Não sei o que a editora Pedra Azul quer dizer essa propaganda de Orgulho & Preconceito com a chamada "O clássico mais amado do mundo agora em uma linguagem que TODO MUNDO entende!". Fiquei até feliz que o primeiro comentário indignado tenha sido de uma ex-aluna. Muito mesmo. Mas vai um elogio para a capa, porque é bem bonita, mas para por aí, porque, enfim, como uma amiga bem colocou, O&P é um livro bem acessível para qualquer pessoa alfabetizada e tem boas traduções para nossa língua. Vão mudar o quê, afinal? Vai soar pedante, eu sei que vai e eu não me importo, tenho que comentar algumas coisas.
Quando eu era adolescente, saíram as primeiras edições da Bíblia na Linguagem de Hoje no Brasil (*agora há até edições católicas que eu não conhecia*). Na época, os conservadores acharam o fim do mundo e, efetivamente, a maioria das pessoas usa esporadicamente essa edição, o que eu quero dizer é que salvo em situações muito específicas, todos seguem preferindo as traduções/versões tradicionais e amplamente reconhecidas. Preciso reconhecer, no entanto, que alguns versículos ficaram bonitos sem palavras e estruturas antiquadas que poderiam dificultar a compreensão de muita gente. Se você quer evangelizar, quer alcançar todo o tipo de pessoa, quer facilitar, por assim dizer. E não é um post para discutir essas questões, embora eu possa citar exemplos históricos de uma gambiarras no texto bíblico que causaram bem e/ou mal dependendo dos interesses. Agora, uma editora lançar Orgulho & Preconceito na linguagem de hoje é difícil de digerir.
A propaganda. |
Eu respeito as livre adaptações e as fanfics que, em nossos dias, ganham até status literário, algumas com grande mérito. Há várias adaptações de Jane Austen na literatura que mantém o sabor do clássico, e isso não raro deriva do respeito às características psicológicas das personagens originais e o estilo literário da autora, que são maravilhosas. O mesmo vale para outros clássicos, mas para lançar esse novo olhar, você tem que ter tido acesso ao original, conhecê-lo muito bem, o conteúdo e o estilo. Entendem o ponto?
Falo desta edição, eu nunca li na adolescência. |
P.S.: Como ficou feio, a editora tentou se explicar. Explicaram muito e não explicaram nada. É reescritura? Porque eles citaram uma autora que fez uma versão e isso é diferente. Enfim, como me passaram a nota, deixo o link para quem quiser. Só reforçando, versão mais simples é adaptação. Houve alguém nos comentários que chamou o original de "versão rebuscada". É o original, somente isso.
1 pessoas comentaram:
Achei tudo bem estranho. Compro regularmente os livros da Pedrazul, trazem traduções de clássicos que nenhuma editora trouxe pro Brasil ou que eram dificílimos de achar em pt-br por terem somente edições muito antigas. Várias editoras clássicas começaram a relançar ou lançar os mesmos livros por causa da concorrência com a Pedrazul. O público da editora são leitores da Jane Austen e de outros/outras romancistas na mesma linha. Espero que a editora apresente o livro como versão, devidamente, para não caisar mais embaraços e não macular uma reputação que andava tão boa com seus leitores. A Pedrazul é um diferencial de mercado e essa deve ser sua primeira adaptação direta (tirando as "continuações" de escritores fãs, como o Diário do Mr. Darcy). Espero que tudo acabe esclarecido e bem.
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