Gênero é algo que a gente aprende. Se você frequenta o Shoujo Café já deve ter me lido explicando que gênero são papéis aprendidos socialmente um montão de vezes. Você aprende a ser homem e aprende a ser mulher e os papéis que você pode e/ou deve desempenhar podem variar dependendo da época, do lugar, da classe social. Há um modelo geral, mas ele não é estático. E isso tudo nada tem a ver com genitais, ou com desejo sexual (*ser hetero, homo, bi, whatever*), mas tem a ver com poder e com manutenção de desigualdades.
Colocaram MENINA e MENINO em caixa alta para ninguém ter dúvida. |
Tudo bem explicadinho. |
Programas como Masterchef fizeram aparecer esses kits "neutros" de cozinha nas lojas de brinquedo. E se o menino quiser cozinhar? Não pode ter panelinha só rosa e lilás. |
Agora, se vem escrito COZINHA e não Chef é para menina, com certeza. Pode colocar rosa e lilás. |
Se está escrito "Chef", coloca em caixa azul, porque menino pode usar, também. |
Escândalo! |
A tomar pela lista de material, menina não joga bola. |
Menino cabeleireiro ainda é tabu, porque a profissão parece estar atrelada à concepções à respeito da orientação sexual dos profissionais da área. |
Kit médico, menino na caixa. |
Serviços gerais, menina desenhada. |
Mas, claro, poderia ser ainda mais agressivo esse negócio, porque há o kit de serviços gerais. Você daria para o seu filho esse tipo de brinquedo? Mas muitas meninas recebem como presente. É bem pedagógico, se a menina for pobre e/ou negra, mais ainda, aliás. Para essas futuras mulheres, aliás, é legítimo trabalhar longas jornadas, mas sempre recebendo baixíssimos salários. É sua sina, seu destino. A culpa por deixar os filhos para trás estará sempre com elas, assim como com outras mulheres profissionais, mas elas precisam mais do que todas nós, ganhar o pão de cada dia. Obviamente, não pegaria bem colocar isso em uma lista de material escolar em uma escola de classe média, afinal, não é bem o futuro que os pais e mães imaginem para suas filhas.
Precisamos expor mesmo! Infelizmente, é muito difícil uma reflexão geral sem exposição.
ResponderExcluirComo piauiense, quero deixar bem claro o meu choque, pois o Dom Barreto, a escola em questão já trouxe muito orgulho ao meu estado, que é como sendo estado nordestino é discriminado, e ainda é mais discriminado do que uma Bahia, um Pernambuco, por exemplo. Mas de fato, o Piauí, a despeito de ter uma grande oposição ao governo atual, é bem reacionário no que diz respeito a papéis de gênero. Mesmo assim não esperava isso de uma escola como o Dom Barreto. Mas enfim é como eu digo: O mal não é nem a pessoa em si e sim, a maneira como essa pessoa discursa no cargo que ocupa. Se uma ministra usa seu poder para reforçar o machismo e ter a coragem dizer que ele é benéfico para a sociedade e o presidente eleito a apoia, as pessoas se sentem livres para discriminar as mulheres abertamente. Lamentável isso e como piauiense, estou bastante envergonhado
ResponderExcluirÉ o esgoto do mundo transbordando, agora que os ratos estão escancaradamente no poder.
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