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domingo, 12 de janeiro de 2020

Comentando Mulan (Disney/1998): Quando o Inimigo é o Patriarcado


Hoje, depois de vários meses, revi Mulan mais uma vez com a Júlia.  Eu assisti ao filme no cinema e lembrava que tinha gostado, mas até voltar a rever a animação por causa da Júlia, não conseguia perceber por qual motivo Mulan era, e é ainda, tão importante. Já pensei em escrever uma resenha sobre o filme várias vezes e com a iminente estreia do live action, não posso adiar mais. 

Já falei sobre Mulan no blog antes, normalmente algo relacionado à releitura, porque remake não será mesmo, com atores de carne e osso, ou o mito da donzela guerreira, as duas coisas juntas, provavelmente.  Enfim, cada vez que revejo Mulan consigo observar coisas novas, alguma cena parece estar sendo assistida pela primeira vez.  E, sim, acredito que Mulan tem um dos roteiros mais redondinhos que a Disney já colocou em um filme de animação e a trilha sonora beira a perfeição.


Mulan precisa ser formatada para arrumar um marido.
Nossa história começa apresentando Fa Mulan, filha única de Fa Zhou, uma jovem tomboy que, aos 16 anos, precisa conseguir um bom casamento.  Mulan não parece se encaixar nos comportamentos esperados para uma moça de sua idade, mas se esforça para honrar seu pai e sua família.  Enquanto isso, os hunos invadem a China e toda família deve enviar um homem para lutar na guerra.  O pai de Mulan está idoso, tem problemas em uma das pernas, mas pretende, ainda assim, se oferecer para combater.  

Mulan, desesperada com a possibilidade de perder o pai, questiona o funcionário do imperador que vem trazer a convocação diante dos vizinhos, dos soldados, enfim, em público.  Sua atitude não era adequada a uma mulher e seu pai se sente humilhado, Mulan é duramente repreendida.  Envergonhada, mas ciente de que deve fazer alguma coisa, ela corta seus cabelos, pega a armadura e a espada do pai e parte para o ponto de alistamento.  


O primeiro ponto de virada do filme.
Apesar de corajosa, Mulan não tem experiência militar e não sabe se comportar como um homem.  Mushu, um antigo dragão guardião da família Fa, é enviado para acordar o poderoso dragão que deveria acompanhar a moça e protegê-la.  Mushu destrói a estátua do guardião por acidente e acaba fugindo e apresentando-se à moça como o enviado para a função.  Mulan também tem por companheiro um grilo dado pela avó como símbolo de boa sorte.  

No exército, Mulan assume a identidade de Ping e seus dias são amargos à princípio, pois é rejeitada pelos outros recrutas.  Apesar de tudo, ela consegue mostrar seu valor e termina se apaixonando pelo capitão Li Shang.  Só que quando sua identidade feminina é descoberta, todos os seus feitos parecem ter perdido o valor e ela terá que mostrar-se ainda mais forte para honrar seu pai e conseguir impedir que a China seja conquistada pelos bárbaros.


Soldado Ping.
A primeira versão do conto de Mulan começou a circular no século VI a.C. e estaria ligada à história da Dinastia Uei do Norte (535--386 a.C.), antes da unificação da China em um só império.  Ao logo dos séculos, a história foi recontada em verso e prosa, o nome de família da heroína foi alterado mais de uma vez, detalhes sumiram, outros foram acrescentados.  Olha, isso é super comum, mesmo quando uma história é colocada por escrito, ela pode ser enriquecida e modificada ao gosto das épocas.  Azar mesmo é quando as variações desaparecem e só ficamos com uma versão somente, ou alguma delas se torna tão popular que outras possibilidades de um mito são apagados do imaginário coletivo.  Querem um exemplo?  Édipo.

Como Freud pegou uma das versões da história de Édipo e transformou em base para uma de suas teorias mais famosas, todas as outras variações parecem nulas.  Lembro quando estava fazendo uma matéria optativa de Grécia na faculdade a Prof.ª Regina Cândido nos disse que havia quase duas dezenas de variações do mito de Édipo.  Algumas se perderam, sobraram menções em outras obras, outras, bem, foram esquecidas por conta do sucesso da teoria de Freud.  O que isso tem a ver com Mulan?  A animação da Disney não foi a primeira a mudar a temporalidade da história, ou o nome de família da protagonista.  Ainda que os chineses possam não ter gostado da releitura da Disney quando a animação foi lançada em 1998, não existe uma Mulan verdadeira, mas, claro, há uma versão que é mais popular, mais conhecida, decorada na escola etc.  Como no caso do mito de Édipo.


A segunda personagem feminina mais importante
 de um filme quase sem mulheres é a avó de Mulan.
De qualquer forma, o filme animado transferiu a história de Mulan para a Dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.), quando a Grande Muralha tinha sido construída para conter o avanço dos hunos.  Este pano de fundo é bem sólido se comparado com outras animações da Disney, como Aladdin, por exemplo, mas ele é somente isso, um painel sobre o qual o que realmente importa será projetado.  O que realmente importa em Mulan é a discussão dos papéis de gênero, isto é, as expectativas de comportamento social para homens e mulheres, assim como a forma como o patriarcado oprime principalmente as mulheres, mas, também, os homens.  

Vi essa ideia, a de que o inimigo é o sistema, em um texto muito bom do site Nó de Oito chamado "Entendendo Machismo Sistêmico Através de Mulan".  Dou o crédito, porque não fui eu quem percebeu que o vilão de Mulan não são os hunos, ou Chi Fu, o burocrata-eunuco misógino, mas o patriarcado em si.  Agora, como já estou fazendo, trocaria "machismo" por patriarcado e explicarei mais adiante que o filme mostra machismo e misoginia dentro da história.  Sim, são coisas bem diferentes.  De qualquer forma, Mulan é uma animação que se engaja desde o início em mostrar o quanto o patriarcado e suas hierarquias são opressivas.  No caso de Mulan, a coisa é óbvia, ela precisa casar, porque este é o destino de toda mulher.  Para isso, ela tem que se adequar a um modelo de feminilidade, e se precisa aprender a ser mulher naquela sociedade é porque ninguém nasce mulher.  


Mulan não se encaixa.
Sim, sim, estou falando de papéis sociais esperados de homens e de mulheres, não de genitália, ou de desejo sexual, ou ainda de identidade de gênero (*se sentir homem ou mulher*).  Falo de comportamentos, isso é o que chamamos nas ciências sociais de gênero.  A casamenteira, uma personagem feminina muito poderosa nesse tipo de sociedade, porque transita entre o mundo dos homens e das mulheres costurando destinos e famílias, é quem avalia se as moças aprenderam como ser uma mulher de verdade.  O aprender deveria se refletir na forma de pensar e agir, mas no corpo, também.  E a trilha sonora de Mulan é primorosa ao mostrar essas questões que não se perderam nas versões brasileiras das canções.  Mulan é construída para ser a moça ideal, mas como isso não existe, ela falha.  Mesmo quando está vestida para parecer uma noiva, antes mesmo da confusão começar, a casamenteira começa a colocar-lhe defeitos físicos.  

Ela é magra demais, diz a casamenteira, e em algumas sociedades ainda hoje moças são submetidas a um regime de engorda para se tornarem noivas ideais.  Ela tem cadeiras estreitas, não serve para ter filhos.  Essa história de cadeiras estreitas é algo que povoa o imaginário de várias culturas e, ainda hoje, aparece entre as justificativas para uma cesariana desnecessária.  No caso de Mulan, naquela época, cadeiras estreitas poderia ser uma sentença de morte adiantada.  De qualquer forma, um sistema só se mantém com a colaboração de todos, se os homens são os principais beneficiados com o patriarcado, as mulheres não podem ficar de fora, elas precisam acreditar que o sistema é justo, é bom e garante a sua sobrevivência.  Para isso, aliás, temos as velhas.  


O eunuco era outra figura muito importante e poderosa.
A avó de Mulan, personagem cômica e simpática, está ali para lembrar que a ordem precisa ser mantida.  Ela deseja o melhor para a neta e isso significa se tornar a noiva ideal, obedecer, se enquadrar e, no futuro, quem sabe, ter ascendência sobre o filho homem que terá a responsabilidade de sustentá-la.  Já falei disso em mais de uma resenha de  Ōoku (大奥), o mangá de Fumi Yoshinaga, mas vamos lá, as velhas, as mulheres que passaram por todo o tormento por serem filhas, irmãs e esposas de algum homem, são recompensadas no final da vida, quando sobrevivem claro, com privilégios, elas devem atormentar outras mulheres mais jovens, obrigando-as a se enquadrar, beneficiando os homens que, no fim das contas, são aqueles que garantem o seu micro poder em uma sociedade patriarcal.

Vale no Japão, na Índia, na China, no mundo muçulmano, no Cáucaso, em rincões da Itália, ou do Nordeste brasileiro.  A sogra é uma figura constantemente pintada como terrível em relação à nora, porque na maioria das sociedades é a jovem noiva que vai morar perto do clã do marido e, não, vice-versa.  A sogra, ou madrasta dos contos de fada, porque em francês antigo era a mesma palavra, tem ascendência sobre o filho homem.  E, no caso da China, não adianta o Confucionismo dizer que a mãe viúva deve obediência ao filho, porque uma das estratégias de poder que resta às mulheres é se fazer útil, importante e garantir sua influência, em troca, ela tem o dever de manter as outras mulheres na linha.  


Agente do patriarcado.  Veja que talvez a piada
com a barba seja por conta disso.
Daí, vocês podem tirar que os papéis de gênero não são estáticos, seja porque as formas de ser mulher, ou homem, em uma dada sociedade variam, a depender de quem a pessoa é, de seus outros pertencimentos, seja geracional, de raça, classe etc.  A avó de Mulan tem liberdade que as outras mulheres não tem.  Fora que, seja para um homem, ou mulher, viver mais em uma sociedade de baixa expectativa de vida, já lhe confere um status diferenciado.

Voltando, porque este texto está ficando longo.  Quando Mulan vai para o exército, ela descobre que não é somente ela, uma mulher, que precisa aprender a ser homem, todos aqueles recrutas estão abaixo das expectativas do capitão Li-Shang.  Eles precisam aprender qual a ideia de masculinidade é considerada correta naquela China imaginária que a Disney nos oferece.  De novo, temos a música colocando as coisas nos seus devidos lugares.  Li Shang é o modelo de homem perfeito e o filme não nos poupa de mostrar que como jovem está sob imensa pressão.  Ele precisa atender às expectativas dos homens mais velhos.  Não pode falhar, ou ele, também, trará vergonha para sua família.  


Chi Fu é a segunda personagem masculina mais importante do filme. 
Ele só está, de fato, abaixo do imperador.
Li Shang é tutelado pelo eunuco-burocrata Chi Fu, que é o responsável por externar os pensamentos mais misóginos do filme inteiro.  Um eunuco, que no caso da China era um funcionário altamente qualificado submetido a um rigoroso concurso público, é alguém que transita entre o mundo dos homens e o das mulheres.  Eunucos em muitos impérios antigos eram castrados, o objetivo primeiro  não era simplesmente obstruir suas relações sexuais com mulheres das casas nobres, mas impedir que construíssem para si uma dinastia, ou a casta dos eunucos.  De qualquer forma, eles burlavam isso sem problemas, bastava tomar sob suas asas sobrinhos talentosos e promover a sua ascensão.  Valia na Roma Antiga, em Bizâncio, no Mundo Islâmico, na China Imperial, ou mesmo na Igreja Católica (*sem castração literal, que fique claro*).  

Esses eunucos tinham pouco, ou nenhum, contato com as mulheres (*salvo se enviados para haréns*), eram treinados desde a infância para suas funções, eram bombardeados com  ideias misóginas, afinal, somente homens poderiam ocupar os postos de destaque que eles almejavam.  Eles estavam à serviço da ordem, abriam, ou eram obrigados, a abrir mão de sua genitália (*ou parte dela*), da possibilidade de terem filhos, mas ganhavam status e poder, alguns chegavam a dominar os mestres (*imperadores, reis, sultões etc.*) a quem deveriam servir.  Ora, se era essa sociedade patriarcal que lhes garantia os privilégios, que lhes assegurava que mesmo eunucos eles eram homens e muito mais importantes que as mulheres, eles precisavam garantir sua manutenção.  


Mushu avida Mulan que, agora, quando ela voltou a ser mulher
(*e jovem e solteira*), voltou a ser invisível.  Ninguém vai ouvi-la.
Chi Fu está acima de Li Shang.  O jovem capitão não pode impedir que Mulan seja abandonada no meio da neve por ser mulher.  O máximo que ele consegue é poupar a vida da moça (*que, repito, foi largada no meio do nada*), porque ela salvou sua vida e as tropas.  Ainda assim, ela é uma mulher, ela colocou em risco a ordem instituída, aquela que garante o bom funcionamento da sociedade, os privilégios dos homens, a submissão das mulheres.  Aceitar Mulan era lançar a semente da destruição da própria teia que sustenta a sociedade.  Li Shang não pode fazer isso.  Fosse um filme realista, mesmo usando a lenda de Mulan, o destino da moça poderia ser trágico.

O conto original de Mulan é uma típica narrativa da donzela guerreira.  Nunca ouviu falar da lenda da donzela guerreira? Com certeza, sim, veja os ingredientes básicos:  temos uma moça que é filha única, ou caçula.  Seu elo principal é com o pai, mesmo que ele a rejeite, ou esteja ausente, é a ele que ela quer impressionar, honrar, enfim.  Essa moça, tendo, ou não, recebido uma educação masculina (*saber usar as armas de sua época*), um dia renega tudo aquilo que a caracteriza como mulher e parte em uma missão.  Pode ser a guerra, pode ser uma vingança.  Ninguém sabe que ela é mulher, ela passa a integrar um grupo de guerreiros, prova sua coragem, consegue a admiração de todos.  Em alguns casos, passa anos incógnita.  Há versões do conto de Mulan que falam que ela viveu como homem por mais de uma década.


O imperador lista os males causados por Mulan,
mas o bem maior prevalece.
Normalmente, um dos companheiros se apaixona por ela provocando grande confusão, afinal, trata-se de um homem que ama outro homem.  Sim, há sociedades que historicamente não veem isso como um problema, mas vocês precisam lembrar que nossa heroína não é um homem e precisa manter sua real  identidade em segredo.  Um dia, porém, o segredo é descoberto e a donzela guerreira morre.  Pode ser a morte física, em combate, ou o assassinato por parte dos companheiros que se sentem no direito de se vingar da mulher que ousou usurpar o lugar de homem e penetrar na sua intimidade.  A morte pode ser simbólica, a mulher vitoriosa decide voltar para a casa paterna e assumir de novo os papéis femininos, ou ela se casa com o tal companheiro que a amava, deixando de ser donzela e abandonando sua função de guerreira.  

O desenho da Disney, expõe magnificamente que o patriarcado é sistêmico e opressor, mas mantém o final de Mulan na maioria das versões.  Ela tem seu valor reconhecido pelo imperador, pelos seus companheiros de armas, mas prefere voltar para a casa paterna.  Lembrem, tudo o que ela fez não foi por orgulho pessoal, não foi para se destacar entre as mulheres, mas foi para honrar o pai.  Quando o imperador lista os erros de Mulan, já no finalzinho do filme, ele pontua que apesar dos seus desvios, ela se tornou justa, porque o bem que causou foi maior.  Essa lógica do filme se coaduna com o princípio confuciano do bem comum. A ideia, aliás, não é justificar a permanência do patriarcado, mas não cabe ao filme, e isso é mérito, não demérito aos meus olhos, vender uma super idealização de ruptura.


Se Mulan é uma exceção, ela só confirma a regra.
Há quem não goste, mas o final de Mulan, o filme original, é um restaurador da ordem.  Mulan volta para casa paterna com os presentes do imperador.  O pai, e isso é o toque ocidental, a abraça e diz que ela é seu maior presente, a filha que vale por todos vários filhos homens.  Ainda assim, temos a velha, a avó, para nos lembrar que Mulan, como mulher, não trouxe o que é mais importante: um homem.  Mas ele vem, Li Shang ouve o imperador que diz aquela frase que parece super fofa, mas que reafirma a ordem "Não se encontra uma garota como aquela em toda a dinastia.".  Mulan é uma exceção, assim como a Bela da Bela e a Fera.  Ela não é a regra, mas a confirma; não sendo uma mulher como as outras mulheres, por isso, ela será lembrada.

Alguém pode me lembrar que existe Mulan II, mas eu estou falando do filme do cinema, aquele que é feito para ir para o mundo inteiro.  Na continuação, vemos que Mulan está trabalhando ativamente para fazer uma revolução na vida das mulheres através da educação.  Sim, o segundo filme é legal, merece ser assistido.  Talvez, o resenhe no futuro.  Agora, o Mulan original é magnífico para discutir como o patriarcado é estrutural e legitima o machismo e a misoginia.  Li Shang e os soldados são machistas, se consideram superiores às mulheres, mas não as odeiam, sabem que, de alguma forma, elas lhes são úteis e/ou trazem algum benefício, já Chi Fu, ele é misógino, ele despreza as mulheres e tudo o que é supostamente feminino.  Só que ele não precisa delas, nem para o prazer, nem para a reprodução, muito menos para companhia.


No fim das contas, tudo foi feito pelo pai, por causa dele, para honrá-lo.
Normalmente, comparo Mulan e Yentl (*o filme, não o livro*) quando converso com a minha filha (*que, agora, tem seis anos*).  Mulan se disfarça de homem para ir para a guerra.  Mulheres reais fizeram isso.  Yentl se disfarça de homem para estudar.  Idem, aqui, há casos reais de mulheres que fizeram o mesmo.  Em ambos os filmes, no entanto, as moças o fazem para honrar o pai.  A donzela guerreira está em sintonia com a figura paterna, por assim dizer.  Ambos os filmes tem uma cena semelhante, aquela sequência clichê que você vai ver em qualquer filme, desenho, novela, em que uma personagem feminina está se fingindo de homem: a cena do banho coletivo.  

É um momento que soa humorístico, mas representa o maior risco para a donzela guerreira.  Ela pode ser descoberta e, bem, sua vida não iria valer nada.  Algo que aconteceria, com certeza, em uma situação realista, seria o estupro coletivo.  No entanto, quando falei em penetrar na intimidade dos homens, falo não de ver a sua nudez física, mas de penetrar na alma desses companheiros que por crerem que a donzela guerreira é um deles, abrem seu coração.  No caso de Mulan, de novo temos uma música que ilustra bem isso, aquela na qual os soldados falam da mulher ideal e perfeita para eles.  Uma mulher idealizada, subalterna, uma mulher que Mulan não quer ser.


Na continuação, que é criação da Disney, a protagonista
quer fazer diferença na vida das meninas.
Concluindo, porque já me estiquei demais.  Espero que as ideias tenham ficado mais ou menos organizadas, acredito, sim, que a coisa mais importante de Mulan é que o vilão não é uma pessoa, mas o sistema em si, ele que oprime a protagonista, a persegue e cerceia.  Quando o filme Mulan sair, irei assistir, com certeza.  Não sei se somente dublado com Júlia, ou duas vezes, como no caso de Aladdin.  Queria Li Shang, não queria de forma nenhuma que outra mulher fosse transformada em vilã da história.  Não há mérito algum nisso, tampouco você vai encontrar qualquer versão da lenda de Mulan com uma bruxa como vilã.

Não estou antecipando nada a respeito do novo filme, ele pode, inclusive, ser muito bom.  Simplesmente, não será a Mulan que a gente assistiu em 1998.  Talvez, ele entregue aquilo que muita gente deseja, uma Mulan que não volte para casa, que não tenha um homem bonitão batendo na sua porta e que honre o pai de outra forma. Veja, ainda assim, teremos a Mulan de 1998 e tantas outras Mulans, porque, enfim, Mulan não pertence a um estúdio, ela é uma ideia: mulheres e homens não nascem com um destino, se não forem castrados pelo sistema, elas e eles poderão fazer coisas que nunca tinham sonhado que seriam capazes.  E, sim, uma das melhores cenas de Mulan é quando a heroína sobe no mastro, inesquecível e muito poderosa.


Um comentário:

  1. Eu adoro Mulan. É o meu filme favorito da Disney. Aí não sei se estou muito animada sobre esse live action. Achei o trailer bem genérico. Não vejo pq o Li Shang não pode estar no filme... A minha impressão é que só estão pensando no público chinês. Espero estar enganada, mas quando mexem com algo que a gente gosta muito é difícil conseguir desfazer o ranço que a gente já pega antes de assistir. Mas eu quebrei a cara com Aladdin então vou tentar ir ao cinema de peito aberto pra assistir.

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