Ontem, faleceu Dorothy Catherine Fontana, mais conhecida como D.C. Fontana, aos 80 anos, depois, segundo os informes de uma rápida doença. D.C. Fontana foi uma das mais importantes roteiristas de Jornada nas Estrelas (Star Trek), especialmente, da série original. O episódio "Tomorrow is Yesterday" (Amanhã é Ontem), escrito por ela, foi o que meu tio me apresentou na adolescência e que me fez gostar da série. Era um episódio que trabalhava com viagem no tempo e ostentava aquele otimismo típico dos anos 1960 em relação à corrida espacial, no final do século passado, estaríamos nas fronteiras do Sistema Solar.
A primeira mulher a comandar uma nave em Jornada nas Estrelas foi criada por Fontana. |
Foi D.C. Fontana que introduziu os pais do Sr. Spock (Sarek e a humana Amanda); em "The Enterprise Incident" (Incidente Enterprise) ela mostrou a primeira mulher comandante de nave, uma romulana. D.C. Fontana foi uma das produtoras da série animada de Jornadas nas Estrelas, uma animação muito madura para a época, e assinou o episódio Yesteryear. Fontana foi co-autora do primeiro episódio da Nova Geração (Encontro em Farpoint) junto com Gene Roddenberry (*o criador de Jornada nas Estrelas*) e foi indicada ao prêmio Hugo. Escreveu, também, para Deep Space Nine e Jornada nas Estrelas em outras mídias (*livros, web séries). A conta oficial de Jornada nas Estrelas prestou tributo à autora.
https://t.co/4kPK1NYbPA is deeply saddened to report the passing of Dorothy Catherine “D.C.” Fontana, the legendary writer who brought many of Star Trek’s greatest episodes to life. https://t.co/X6iWoz2HdK— Star Trek (@StarTrek) December 3, 2019
D.C. Fontana assinava, também, como Michael Richards e usou outros pseudônimos masculinos. Esconder seu nome por trás de siglas (*nem vou falar de nomes masculinos*) era uma forma de escapar do preconceito usado por muitas autoras de ficção científica, faroeste, fantasia e horror, quadrinhos, ou mesmo de romances comuns. As mulheres não deveriam escrever, muito menos em gêneros ditos masculinos, ou que exigiam muita criatividade. Ser uma mulher escritora poderia fazer com que seu livro fosse recusado, recebesse críticas mais duras, esta questão é central, por exemplo, no filme A Esposa, lançado este ano. Enfim, ser autora mulher não era fácil e há um prêmio feminista para autoras de ficção científica que brinca com isso. D.C. Fontana escreveu para várias séries além de Jornada nas Estrelas, ela começou escrevendo histórias de terror aos 21 anos.
A personagem K.C. Hunter foi inspirada em D.C. Fontana. |
Houve um episódio de Deep Space Nine chamado "Far Beyond the Stars" e que é considerado um dos melhores da série (*e está entre os melhores de Star Trek como um todo*) que se passa em uma redação de uma revista nos Estados Unidos dos anos 1950, ou isso seria um sonho do Capitão Cisko (Avery Brooks). Não vou me alongar, só queria dizer que uma das escritoras da revista se chama Kay Hunter (Nana Visitor/Kira), mas, para publicar suas histórias, ela se esconde por trás do pseudônimo K. C. Hunter. Ela é uma homenagem à D.C. Fontana, com certeza. E, bem, Far Beyond the Stars pode ser assistido por qualquer pessoa, porque se sustenta como uma história independente, apesar de fazer parte da série, também. eu recomendo.
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