O mangá de ficção científica Artemis & Diana (ディアーナ&アルテミス) recebeu atenção do jornal japonês The Mainichi por ser o primeiro projeto de lançamento simultâneo de um mangá no Japão, Coreia do Sul e China. Bem, há lançamentos simultâneos anteriores e eu poderia listar, mas acredito que o inédito é o fato do autor ter pensado seu mangá como um material multimídia, multiplataforma e para vários países.
"Até agora, se um trabalho não fosse um sucesso no Japão, não poderíamos levá-lo para o exterior. Mas se o lançarmos em vários países ao mesmo tempo, ele poderia se tornar popular no exterior, criando mais chances para os autores de mangás. ", argumenta o autor, Yasuo Otagaki. Segundo o The Mainichi, o mangá foi lançado nas três línguas e, no caso da Coreia, em formato próprio para celular, algo muito popular no país. Esse foi o caso de Gisou Furin (偽装不倫), de Akiko Higashimura, mas o mangá saia antes em coreano e em formato para celular, só, depois, no Japão.
Diana & Artemis, que são o nome romano e grego da mesma divindade, conta a história de duas investigadoras que trabalham em uma cidade localizada na superfície da Lua. Elas investigam crimes ligados ao roubo das reservas de água, um recurso importante para a cidade. Segundo a matéria, Otagaki, que já fez mangás de Gundam, é um especialista em ficção científica, mas decidiu inovar criando suas primeiras mulheres protagonistas. E elas são adultas, o que é interessante.
No Japão, o mangá é publicado na revista Manga Action, a mesma que publicou Orange (オレンジ), e em uma plataforma on line chamada Mecha Comic, a Xinmanhua publica a série na China e Peanutoon é a editora na Coreia, com direito ao formato tirinha para celular. O mangá está disponível em quatro línguas: japonês, coreano, chinês tradicional (Taiwan) e chinês simplificado. E ele usa texto horizontal e, não, o tradicional vertical japonês, ou seja, ele é pensado para além das fronteiras nipônicas. Outra característica interessante é que, no Japão, ele sai em preto & branco, mas no formato digital, ele é colorido.
O texto fala de questões que já discutimos aqui, que é a crise das antologias de papel e o aumento de vendas de material digital, seja pensado, ou não, para esse formato. Mais adiante, o mangá-ka pontua o seguinte: "O senso comum que se aplicava ao mangá japonês até agora, assim como a minha abordagem tradicional, não se aplica mais, quero continuar avançando com a sensação de que um recém-chegado teria". Não sei se ele está certo, mas o fato é que é uma nova forma de encarar o mercado de mangá e lidar de forma positiva com novos desafios.
1 pessoas comentaram:
É o futuro, não tem jeito. Mangá encadernado vai virar coisa de colecionador mesmo, com edições caras e diferenciadas.
Mesmo eu já estou começando a pensar em migrar algumas séries para digital.
Mas uma coisa que senti falta é que eles poderiam já fazer a adaptação em inglês também. Não é tão complicado e aumentaria muito o alcance da obra. Porque será que não foi feito? Questões contratuais?
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