domingo, 13 de outubro de 2019

Uma rosa para "Lady Oscar": a heroína da revolução francesa completa 40 anos (Artigo traduzido)


A Sam me passou mais um link de um artigo italiano comentando os 40 anos do lançamento do anime da Rosa de Versalhes no Japão, foi publicado no site Tgcom24 e não está assinado, parece tentar dar voz à memória coletiva das crianças e jovens italianos que assistiram a série nas suas primeiras exibições noa anos 1980.  Enfim, não vou me prolongar aqui, depois do artigo, coloco algumas notas..  Segue a tradução do artigo, mais um que mostra o amor dos italianos pela animação e a importância que ela teve no país.

Oscar e seus três uniformes.
Uma rosa para "Lady Oscar": a heroína da revolução francesa completa 40 anos

Em 10 de outubro de 1979 no Japão, foi transmitido o primeiro episódio do anime 

A luta de classes, história, liberdade, amor não correspondido, morte e desespero. Tudo isso foi "Lady Oscar", uma série de anime que se tornou uma das mais populares de todos os tempos,[1] inspirada na história em quadrinhos de Ryoko Ikeda "Versailles no Bara" (La Rosa di Versailles). O primeiro episódio do  anime estreou na TV japonesa em 10 de outubro de 1979, enquanto na Itália chegou apenas em março de 1982.

O mangá "Versailles no Bara" (Le rose di Versailles) foi publicado no Japão entre 1972 e 1973, inspirado em uma biografia de Marie Antoinette escrita pelo austríaco Stefan Zweig.[2] A obra de Riyoko Ikeda é um mangá shoujo (quadrinhos para meninas), que desvenda temas universais como amor, amizade, conflitos entre classes sociais, ferocidade da guerra, lealdade aos ideais.
Oscar aos 14 anos.
As rosas do título referem-se a cinco personagens: Marie Antoinette é a rosa vermelha, Madame de Polignac a amarela, Rosalie um botão de rosa, Jeanne a rosa negra e Oscar é a rosa branca.  Oscar é diferente das demais: ela é uma mulher criada por seu pai como se fosse um homem, cuja criação é inspirada por um personagem verdadeiramente histórico que, no entanto, não era de todo uma mulher ("O bom pai queria um menino / Mas, infelizmente, você nasceu / No berço, ele colocou uma florzinha para você / Lady com um laço azul").[3]

FRACASSO EM SUA PÁTRIA, SUCESSO NA ITÁLIA - A série animada feita pelo estúdio japonês Tokyo Shinsha e exibida no Japão em 1979 foi um fracasso. Até a transmissão foi interrompida em alguns distritos, com a série com a série terminando de forma apressada com um episódio resumido (nunca exibido na Itália). Em nosso país, por outro lado, a série logo fez grande sucesso. Após a estreia no canal Itália 1, ele foi reexibido no programa "Bim Bum Bam", e mais tarde no Canal 5, Rede 4 e outras emissoras: a Itália foi, entre as nações europeias, a que reexibiu o anime mais vezes.
Um amor impossível.
O TÍTULO ITALIANO - O título italiano do anime, "Lady Oscar",[4] deriva do título do filme lançado em 1978 sob a direção de Jacques Demy, adaptação do mangá original (Patsy Kensit interpretou Oscar quando criança).

A CENSURA - Quando a animação chegou à Itália, o anime passou pela censura da época.[5]  A famosa cena da discussão entre André e Oscar com a blusa da heroína sendo rasgada se tornou, corte após corte, cada vez menor com o passar dos anos. Mas as modificações no material original ocorreram sobretudo nos diálogos. As partes mais "revisadas" eram obviamente as relativas à identidade sexual de Oscar e à descrição de personagens desconfortáveis (como prostitutas).
A noite de amor, no anime, acontece em uma floresta.
AS MÚSICAS DE ABERTURA - "Ohh Lady, Lady, Lady Oscar, todo mundo comemora quando você passa" foi o refrão da primeira abertura mítica dos Cavalieri del Re, de Riccardo Zara. Um autêntico sucesso que alcançou o sétimo lugar da parada de sucessos italiana. Existem, no entanto, duas outras versões da segunda música tema do anime na Itália, "Uma espada para Lady Oscar". A primeira foi cantada por Enzo Draghi (a voz de Mirko da Bee Hive) e a segunda por Cristina D'Avena. E por causa das reprises nos anos 90 com sua voz, sua voz ficou marcada nas [nossas] memórias.[6]


Primeira abertura.


Segunda abertura.

[1] A série da rosa de Versalhes chegou no momento certo na Itália e no resto da Europa.  Tivéssemos a mesma sorte no Brasil, talvez o mangá, lançado pela JBC, teria sido lançado muito anos por aqui. Aliás, se não comprou a série, corra.  Seguem os links para compra no Amazon: 1 - 2 - 3 - 4 - 5.  Todos os volumes estão em promoção.
[2] A biografia de Maria Antonieta escrita por Stefan Zweig teve várias edições em nosso país.  A última foi publicada sob o título de Maria Antonieta: Retrato de uma mulher comum.
[3] Aqui não entendi bem.  O texto não fala de qual personagem histórico seria a fonte de inspiração para Oscar e ainda citou os versos iniciais da primeira (*e bem ridícula*) música de abertura da animação na Itália.  Enfim, segundo a própria Ikeda, uma das fontes de inspiração para Oscar, a maior de todas, foi a Rainha Cristina da Suécia.  Para quem tiver curiosidade, recomendo o último filme sobre Cristina feito em 2015.  A minha resenha está aqui.
[4] O filme de 1978 foi a primeira adaptação de um mangá para o cinema feito fora do Japão.  Sim, o filme não é lá essas coisas, mas o mérito do pioneirismo cabe à Rosa de Versalhes.  Para quem quiser ler a resenha, está aqui.

Primeiro encontro com Gerodell.
[5] A censura aos animes era muito comum na Itália, segundo um verbete da Wikipedia, mas isso se encontra, também, nos sites especializados, alguns animes passaram sem censura em sua primeira exibição em TVs privadas, e o artigo cita Lady Oscar e Georgie.  Este último talvez tenha sido o chamariz para a ação da censura, porque parecia inócuo, tinha um traço fofinho, o mesmo de Candy Candy, mas é muito barra pesada e tem um conteúdo sexual bem explícito, ainda que adequado à história.  Os sites italianos falam muito do impacto que a série teve e que uma cena de nudez e quase sexo fez com que houvesse pressão para a sua suspensão, isso lá nos idos de 1985, acho.  Agora, o anime mais censurado da TV italiana e francesa foi outro shoujo, Alpen Rose.  Não há nada de sexualmente explícito na série, nada, mas o vilão é um pedófilo assumido, que deseja a mocinha, e há o conteúdo político.  A série se passa na II Guerra, o vilão, além de pedófilo, é nazista.  Todas as cenas con suásticas foram cortadas, ou refeitas.  Como o sujeito era francês, na França a coisa foi ainda pior.
[6] Acho a primeira versão da música de abertura italiana muito ruim, a francesa consegue ser pior, mas ela é amada na Itália. A segunda é um pouco melhor, mas como alguém tem coragem de substituir a belíssima música original?  Aliás, há uma versão italiana do original que saiu em um LP por lá, mas não foi utilizada na série.  De qualquer forma, Cristina D'Avena tem uma linda voz e Una Spada para Lady Oscar é passável.  Na voz do Enzo Draghi é boa, também, mas D'Avena cantava praticamente todas as aberturas de anime italianos nos anos 1990.

1 pessoas comentaram:

A personagem história a quem o artigo se refere acho seja François Augustin Reynier de Jarjayes. Está citado também aqui: https://www.google.com/amp/s/m.huffingtonpost.it/amp/entry/lady-oscar-compie-40-anni-10-cose-che-non-sapevi-sulleroina-ribelle_it_5d9f3d10e4b087efdba9d981/

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