A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, é o nosso pré-candidato ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro este ano. Depois de ser premiado na mostra "Un Certain Regard" em Cannes, o filme ganhou por um voto de Bacurau, mas vem referendado por excelentes críticas e recebeu também premiação em Cannes, ou seja, ninguém ficou dizendo que foi marmelada. A Vida Invisível estreia na última semana de outubro. Preciso confessar que não me chamou para a sala de cinema como o trailer de Bacurau, mas irei assistir, com certeza. Vejam o trailer aí embaixo:
Fora A Vida Invisível, tive contato com os trailers dos pré-candidatos da Argélia e Arábia Saudita e acho que vale a pena comentá-los. já assisti várias vezes o trailer de Papicha, o indicado da Argélia, e, sim, quero ver esse filme, muito mesmo. O trailer está aí embaixo. Para quem não entende o contexto, a Argélia conseguiu a independência da França depois de uma guerra bem sangrenta, e as mulheres participaram ativamente no conflito, sua história posterior foi marcada pela instabilidade política e pela luta de grupos islâmicos, especialmente, xiitas, pelo poder.
Papicha competiu com A Vida Invisível em Cannes pelo mesmo prêmio. |
O filme se passa durante a Guerra Civil (1992–2019), quando as milícias islâmicas, que pretendiam chegar ao poder, sonham em transformar a Argélia em um Irã (*os cartazes da vestimenta que querem impor é o chador*) em matéria de vestimenta e direitos das mulheres, ou pior, porque era uma galera mais barra pesada que recorria ao terrorismo e chacinas (*com decapitação*) para aterrorizar a população civil. Acho Papicha promissor e mais ainda, porque é um filme sobre mulheres, dirigido por uma mulher.
O trailer do filme da Arábia Saudita não achei com legendas em português, mas é da mesma diretora de O Sonho de Wadjda, Haifaa al-Mansour, simplesmente o primeiro cineasta, homem, ou mulher, a ter uma carreira internacional reconhecida. Por ser mulher, a diretora não tinha permissão nem para alugar filmes em locadoras do país, um homem tinha que ir buscar para ela. O filme, The Perfect Candidate não tem nome em português ainda e mostra a Arábia Saudita pós-medidas de "liberação" (*para pseudo-liberal ver*) com mulheres ricas e de classe média dirigindo seus carros e aspirando carreiras políticas, afinal.
Haifaa al-Mansour pode trazer o Oscar de melhor filme estrangeiro para a Arábia Saudita. País que baniu os cinemas por 35 anos, eles só foram reabertos em 2018. |
Estou torcendo para que o filme brasileiro chegue até a seleção final. Quero ver o filme da Arábia Saudita e da Argélia, não torço pela película saudita, porque pode ajudar a reforçar essa ideia de que as coisas por lá agora estão legais para as mulheres, quando, na verdade, a diretora teve que fazer das tripas coração para seguir carreira no cinema e mulheres ativistas de direitos humanos estão sendo ameaçadas de execução pela primeira vez na história do país. Fora, claro, o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em um consulado saudita na Turquia.
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