Li o primeiro volume de Mayu, Matou (繭、纏う), ou Cocoon Entwined, de Yuriko Hara, faz algumas semanas e estava meio que enrolando para comentar. Como cheguei a esse mangá? Vi umas ilustrações no Twitter, achei tudo muito bonito, soube que era um mangá Yuri. Logo depois, saiu uma resenha no site Okazu, nada muito estimulante, a Erica escreveu que era um mangá que falava basicamente de cabelo. Comprei o primeiro volume em inglês da Yen Press e, bem, é isso mesmo, a história gira em torno de cabelo, mas vamos ao resumo;
O quadro de abertura do mangá. |
Hoshimiya é uma escola extremamente exclusiva para garotas. Distante duas horas de Tokyo, suas alunas são em sua maioria internas. Uma das tradições da escola, algo que vem de mais de um século, é que as meninas do terceiro ano cortem seus cabelos e com eles façam os uniformes das novatas que entram no colegial. São belíssimos uniformes que parecem respirar. Só que há algum segredo muito bem guardado naquele colégio, um mistério que envolve a neta da diretora, uma menina infeliz e que vive uma vida de isolamento, mesmo cercada de tantas meninas.
Saeki fazendo seu papel de garota-príncipe sem saber (*ou sabendo*) que Yokozawa nutre sentimentos por ela. |
Enfim, a leitura de Mayu, Matou é muito agradável, o traço é muito bonito, há cabelo em todo lugar, mas para que eu me posicione sobre a história, precisaria de outro volume e ele ainda não foi lançado nos EUA, vai demorar, aliás, e é o que saiu até o momento no Japão. Não sei quando vai aparecer o terceiro volume. Mayu, Matou traz todos aqueles signos presentes em qualquer mangá yuri tradicional: colégio interno, akogare (*aquela veneração por uma colega mais velha, atleta, artista whatever*), garota-príncipe, uniformes bonitos, romances sugeridos etc. Está tudo lá, mas a história parece nebulosa, há algo de maligno naquela escola, eu diria.
Os cabelos da neta da diretora aparecem em vários quadros. |
Acredito que para que esse mangá cresça e apareça, a autora precisará investir no suspense ou até terror, porque, como ressaltei, há algo de muito estranho naquele colégio. O acontecimento de maior impacto no volume é uma tentativa de suicídio da neta da diretora da escola. Ela é resgatada pela garota-príncipe, Saeki, que percebe o desespero da menina. A tomboy decide ajudar a garota, que vive quase como uma reclusa dentro da própria instituição, e elas tentam fugir para Tokyo. Hoshimiya fica encantada com a cidade, o que indica que ela nunca tinha estado lá, mas logo chegam seguranças e capturam a garota.
Saeki e Yokozawa se beijam no primeiro volume. |
Essa fuga é uma memória de Saeki, a narrativa do volume não é linear, os acontecimentos são narrados sem uma preocupação com a sua sequência cronológica, é a memória das meninas que conduz a narrativa. Logo no início do volume, a garota-príncipe flerta com Yokozawa, a outra personagem importante desse volume, uma garota arredia, e as duas comentam que a neta dos donos do colégio não tem frequentado as aulas, que os professores não se metem na questão e que alguém diz tê-la visto na biblioteca. Do quarto de Hoshimiya, que fica no último andar, caem cabelos e ouve-se o barulho quase contínuo das tesouras.
Cabelo, cabelo, cabelo e uma delicada sensualidade. |
Para mim, Hoshimiya é prisioneira e a autora tem que desenrolar o suspense e/ou horror a partir dela. Não se pode fazer tecido fino de cabelos, não a seda dos uniformes, fora, claro, que os cabelos de uma só menina não poderiam produzir um uniforme completo. Há algo de realismo fantástico rondando a história. Acredito que os cabelos de Hoshimiya sejam usados para completar todos os uniformes. Enfim, queria saber o mistério.
O traço é muito bonito e delicado. |
Saeki parece fascinada pela neta da diretora, quer salvá-la, mesmo sem saber do quê, ou de quem, mas já no primeiro volume ela termina se entendendo com Yokozawa, que é outra que parece guardar um segredo. Por que a menina vive na defensiva o tempo inteiro? Por qual motivo ela é tão amarga? Enfim, as explicações ficaram para o próximo volume.
Saeki e Yokozawa. |
Basicamente, é isso o volume #1. Temos um pequeno confronto, tudo muito sutil, entre as meninas populares e Yokozawa por causa de Saeki. Em outra passagem, a garota-príncipe precisa de um uniforme novo por ter crescido demais nas férias e é levada por uma professora para um lugar sinistro cheio de uniformes antigos doados pelas alunas. E há a repetição de que os uniformes parecem respirar... Por que? Há, também, as memórias de Yokozawa sobre a neta da diretora, uma vez em que elas teriam formado um par durante uma aula de dança no ginasial.
Mayu, Matou na capa da Comic Beam. |
Não tenho mais o que dizer. O traço é muito bonito, muito mesmo, parece ser um yuri comportado e à moda antiga. É um mangá seinen, está sendo publicado na revista Comic Beam. Quando sair o volume #2, faço uma segunda resenha e terei o veredito a respeito da história e se vale, ou não vale, a pena continuar acompanhando a série. Se você quiser comprar o primeiro volume do mangá em inglês, é só clicar aqui.
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