Sim, você leu corretamente. Há escolas no Japão que obrigam alunos com tons de cabelo que não sejam o preto dominante na população do país a usarem tintura para mascarar a cor. Não se trata de proibir um estudante de pintar o cabelo (*louro, rosa, azul, lilás whatever*), ou fazer mechas, algo comum entre as adolescentes brasileiras, mas de obrigar todo mundo a ter cabelo preto.
Anos atrás, houve um caso emblemático de uma menina, que tinha cabelo castanho quase claro que foi humilhada, discriminada e perseguida na escola por causa disso. Mesmo com sua mãe assinando um protocolo interno que dizia que a cor de cabelo era natural (*existe isso, também, com checagens semestrais, ou trimestrais, para saber se você não pintou, se o cabelo não mudou de cor*), ela sofreu assédio. Como era criada somente pela mãe, um professor chegou a dizer que ela queria atenção por ser filha de mãe solteira. O caso foi parar na justiça e a menina e sua mãe ganharam. Também publiquei um pequeno mangá que trata do assunto, talvez inspirado nesse caso e em tantos outros.
Pois bem, o Sora News noticiou que uma petição chegou ao que seria o correspondente da secretaria de educação de Tokyo e o presidente da seção de Regulamentos de Educação do Ensino Médio se pronunciou dizendo "Nós não iremos mais direcionar os estudantes com cabelo natural que não seja preto a tingirem seu cabelo dessa cor." No entanto, ele correu para avisar que isso não estará nas websites das escolas, porque elas só devem conter informações relevantes para a instituição. Que isso quer dizer? Não vamos produzir provas contra nós mesmos, mas siga a leitura, por favor.
O burocrata, no entanto, fez outra colocação que, a meu ver, sinaliza que pouco irá mudar, porque, bem, há outras formas de pressionar um adolescente e suas famílias, olha só: "Os estudantes são encorajados a ter cabelo preto como um visível sinal de que eles desejam se adaptar à sociedade e, por causa disso, os educadores podem recomendar isso [que pintem o cabelo] quando estiverem pensando em um futuro emprego. As empresas e a sociedade também precisam mudar a sua forma de pensar."
Resumindo, não vai estar no site das escolas o tal compromisso e os professores e outros educadores poderão continuar sugerindo sutilmente que você se ajuste, mostre que quer fazer parte da sociedade e, não, se destacar dos seus pares, ser rebelde, diferente. Há muitas formas de constranger uma pessoa a fazer uma determinada coisa e muitos pais podem ser persuadidos com uma conversa sobre o futuro e o papo do "imagina o que os outros vão pensar!". A mudança, se acontecer, será lenta.
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